Convivendo

A preguicinha e a necessidade do movimento

Young sad mad sitting by the window in regret
Escrito por Sol Felix

Hoje é o primeiro dia de trabalho de Leônidas, depois de 30 dias ininterruptos de delícias de férias. Como sabia da dificuldade que seria acordar, sair da cama e fazer todas as correrias que estavam fora do cardápio da rotina nos últimos dias, resolveu deixar tudo planejado com antecedência de um final de semana. Assim, dói menos…

No domingo, 24 horas antes do “grande dia”, o sofrimento já o corroía. Decidiu então fazer um levantamento sobre o aproveitamento de suas férias, embora já soubesse que essas tinham sido as de n.º 2 na lista “top five” dos melhores dias de sua vida.

Leônidas pontuou tudo o que considera importante em sua vida e que não tem tempo hábil para fazer em “dias normais” do ano.

Os pequenos pepinos que geralmente são postergados continuam postergados.

Os livros começados e não terminados, poucos foram pegos nessas férias.

Handsome casual man working on a computer at home.

As pessoas que visitou ou que marcou um almoço especial, são as mesmas que costuma ver mesmo em espaços apertados na agenda, durante todos os outros 11 meses do ano.

Nessas férias, também não encontrou o amor de sua vida. Nem beijinhos na boca, para ser bem franco.

Fora o alarme do celular desativado, pouca coisa mudou.

A insônia continuou. O orçamento apertado continuou. Os queridos são os mesmos. O coração continua carente…

Até o fato vitorioso de pegar menos ônibus durante as férias, falhou. E Leo ainda pagou o mico de passar mal em virtude do calor e do excesso de gente dentro do busão.

Então decidiu listar as pessoas que encontrou, os filmes que assistiu, os livros que leu e tudo o mais que considera importante. Criou até uma categoria nova: “O que eu fiz pela primeira vez nos últimos 30 dias?”, já que sente que são essas novidades que quebram a rotina e nos fazem parecer estar de férias novamente.

Por incrível que pareça, Leo fez 3 coisas pela primeira vez:

1 – Participou de trilha até uma cachoeira;

2 – Saiu de 3 grupos do WhatsApp na certeza de estar fazendo a coisa certa;

3 – Assistiu, meio sem querer, um documentário chamado “The Mask you live in”* e repensou toda a educação equivocada que recebeu e o quanto houve uma pressão social para que ele se tornasse um “homem de verdade”. Se emocionou com a leveza de quem descobre que ter sensibilidade não o torna menos homem ou um ser humano inferior e fraco.

Sim, essas férias foram as melhores!

“Que haja transformação e que comece comigo!”

– Marilyn Ferguson.

Você também pode gostar


*”The Mask You Live in” – documentário que aborda a pressão social sofrida pelos meninos e os males que acarreta em suas personalidades e ações.

Sobre o autor

Sol Felix

Atriz formada pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Designer Gráfico (Universidade Paulista). Nesta vida, resido em São Paulo desde sempre. Não sou viciada em tecnologia e amo chocolate amargo. Acredito, de forma encantada, que o ser humano é, por excelência, Arte e Artista.