Convivendo Educação

A Primeira Infância e a Criatividade no Século XXI

Educação infantil
Escrito por Andreia Howell

Quando o “pré” na “pré-escola” é dado o seu significado correto, completo e legítimo, pode dar aos pais a segurança e força para focar nas primeiras experiências tão essenciais para manter o ser humano completo enquanto eles passam pela infância, adolescência e vida adulta. Uma visão holística se faz necessária.

Na ânsia de querer que todos sejam o mais inteligente possível e o mais rápido possível, nós exercemos um olhar equivocado nos primeiros anos de vida.

Ao contrário de muitas opiniões populares, quando aplicado à palavra escola, o prefixo “pré” não significa uma corrida experimental ou mesmo uma vantagem para todas as experiências que vão acontecer mais tarde na escola. Significa principalmente ANTES, indica o que deve acontecer na primeira Infância (0-6 anos), antes de iniciar a formação acadêmica.

Devido ao pensamento institucionalizado e escolarizado, muitos de nós perdemos a capacidade de reconhecer, imaginar e valorizar as experiências fundamentais que deve vir ANTES de uma criança assumir as tarefas escolares.

Educação infantil

“Nós destruímos o amor de aprender nas crianças, que é tão forte quando elas são pequenas, encorajando-as a trabalhar por recompensas mesquinhas e desprezíveis como estrelas, papéis marcados com 10 ou A aderidos à parede, certificados de honra, em suma, pela indigna satisfação de sentir que são melhores do que outras pessoas.” – John Holt.

O período pré-escolar atende seu propósito humano mais profundo quando cria um ambiente correto e alinhado para exercer aspectos e qualidades básicas para o desenvolvimento integral do ser humano. É preciso lembrar que a liberdade na infância deve ser preservada, é um momento precioso em que as crianças devem brincar, o aprendizado através da brincadeira envolve dois aspectos:

  • Tempo abundante para a criança desenvolver as próprias ideias durante a brincadeira;

     

  • Enriquecer o olhar dela em relação ao mundo através de leitura, contar estórias e histórias, fantoches e marionetes, música, desenho, pintura e tempo na natureza.

Quando a prioridade na primeira Infância é a brincadeira, interação com a natureza, convivência familiar e um ritmo de vida calmo e intencional, fornece para a criança a chance de desenvolver sua criatividade de forma equilibrada. Apoia o desenvolvimento saudável geral da criança e as prepara para o trabalho do século XXI, onde a criatividade é altamente valiosa.

Acima de tudo, criar (educar) uma criança para ser livre, significa levar em conta o momento adequado. Quando introduzimos uma atividade na qual a criança não está preparada para receber e administrar o novo elemento de forma independente, neste caso nós “treinamos” essa criança ao invés de criar um elemento que nutre a independência (empodera).

Brincar é o trabalho da criança!

O movimento corporal (pular, correr, dançar, girar, etc) forma sinapses que a criança irá mais tarde utilizar para ler, escrever, soletrar, resolver questões matemáticas, focar a atenção e desenvolver um pensamento criativo.

P – Proteção e Possibilidade: Sob circunstâncias favoráveis, surge uma sensação de possibilidade para a criança ao longo do tempo. Cabe aos pais (cuidadores) criar as configurações que otimizam esse tipo de autodescoberta.

R – Relacionamento familiar e Ritmo: A educação verdadeira só pode acontecer quando há interação com o outro ser humano, especialmente para as crianças até os 7 anos. É a relação das crianças com os pais (cuidadores) que fornece não somente o conteúdo, mas também o contexto do aprendizado, e abre o caminho para elas terem um relacionamento saudável em um ambiente social.

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E – Emergir: Entre o nascimento e os 7 anos de idade existe um momento quando a palavra “EU” é vocalizada, então a longa jornada para a independência se inicia. Quando uma criança percebe que não está sujeita a constantes pressões de maneira prescrita e esperada, é surpreendente ver como rapidamente e livremente ela se harmoniza com o ambiente à sua volta.

“Não se preocupe que as crianças nunca o escutem, tenha a preocupação de que elas estão sempre te observando.” – Robert Fulghum. 

Sobre o autor

Andreia Howell

Andreia morou na Austrália e desde 2007 reside nos Estados Unidos.

Graduada em Nutrição com Pós-graduação, atuou 15 anos na área de Nutrição Clínica.
Formada em Ballet Clássico dançou e deu aulas no Brasil e Estados Unidos.

O seu estilo de vida trouxe a oportunidade de conviver com indivíduos de diferentes continentes e culturas.
Apaixonada pelos mistérios e enigmas do desenvolvimento humano, nos últimos 8 anos vem estudando e observando o comportamento humano, principalmente ligado a primeira Infância, o que a levou ao processo de desescolarização e um interesse crescente sobre o início da vida e o condicionamento e adaptação da mente humana em diferentes ambientes e circunstâncias.

Seu trabalho tem influência de Gabor Maté, Shefali Tsabary e Gordon Neufeld entre outros.

E-mail: andreiahowell@hotmail.com