Em 1926, Freud publicou um ensaio intitulado “Inibição, Sintoma e Angústia” (também conhecido como “A Angústia”), no qual discute a relação entre a ansiedade e processos psíquicos.
Embora a perspectiva de Freud sobre a ansiedade possa diferir de diversas abordagens contemporâneas, ele, sem dúvida, reconheceu e investigou o papel crucial que a ansiedade desempenha na psique humana.
Infelizmente, esse reconhecimento muitas vezes passa despercebido, e alguns psicanalistas hesitam em “aderir à tendência da autoajuda”.
Mas a psicanálise clássica precisa se olhar no espelho sem (claro), se adulterar.
A prática da atenção plena (mindfulness) é particularmente fascinante, pois serve como uma espécie de bóia de resgate no vasto oceano da ansiedade avassaladora. A psicanálise apresenta sua abordagem para compreender a ansiedade, destacando a influência do inconsciente e as dinâmicas psíquicas subjacentes. Segundo Freud, a ansiedade é inerente à condição humana e surge de conflitos entre impulsos instintivos e as exigências sociais.
No modelo freudiano, a mente é dividida em três instâncias: o id, o ego e o superego. O id representa os desejos mais primitivos, o ego é responsável pela mediação entre o id e o superego, que internaliza normas sociais. Conflitos não resolvidos nesse processo podem gerar ansiedade. O mecanismo de defesa é central na psicanálise para lidar com a ansiedade.
A negação, por exemplo, ocorre quando aspectos dolorosos da realidade são rejeitados, criando um alívio temporário. Um exemplo cotidiano seria alguém ignorar sinais de saúde preocupantes.Outro conceito chave é a teoria das fases do desenvolvimento psicossexual.
Freud propôs que experiências traumáticas em fases específicas podem contribuir para distúrbios de ansiedade. Por exemplo, um trauma durante a fase anal (2 a 3 anos) pode resultar em comportamentos obsessivos-compulsivos na vida adulta. A transferência e a resistência são fenômenos importantes na relação terapêutica.
A transferência ocorre quando o paciente projeta emoções não resolvidas no terapeuta, enquanto a resistência é a relutância inconsciente em abordar certos temas. Esses processos são explorados para compreender as raízes profundas da ansiedade.
Tipos de ansiedade segundo Freud
A ansiedade é um fenômeno complexo que pode se manifestar de diferentes maneiras. Duas formas específicas de ansiedade abordadas são a “ansiedade específica” e a “ansiedade neurótica”. A ansiedade específica refere-se a uma resposta emocional a uma situação ou objeto particular
É uma ansiedade circunscrita a algo concreto e muitas vezes está associada a experiências traumáticas anteriores. Por exemplo, uma pessoa que sofreu um acidente de carro pode experimentar ansiedade específica ao dirigir. A psicanálise explora as raízes inconscientes dessas ansiedades, buscando compreender como eventos passados podem influenciar a resposta emocional a situações presentes.
Por outro lado, a ansiedade neurótica é mais difusa e geralmente não está ligada a uma situação específica. Freud descreveu a ansiedade neurótica como um sinal de conflitos inconscientes não resolvidos, muitas vezes relacionados a desafios no desenvolvimento psicossexual ou a conflitos entre as diferentes partes da mente, como o id, o ego e o superego.
Essa forma de ansiedade pode se manifestar de maneiras diversas, como preocupações excessivas, tensão generalizada ou ataques de pânico. Ambas as formas de ansiedade, específica e neurótica, são exploradas no contexto da psicanálise para compreender as dinâmicas subjacentes e encontrar caminhos para a resolução dos conflitos.
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O método terapêutico busca identificar as origens inconscientes da ansiedade, muitas vezes remontando à infância, e ajudar o indivíduo a confrontar e integrar essas questões para alcançar maior estabilidade emocional. A psicanálise oferece uma perspectiva única sobre a ansiedade, enfatizando os processos inconscientes, conflitos internos e mecanismos de defesa.
A compreensão dessas bases teóricas é fundamental para abordar e tratar questões relacionadas à ansiedade de maneira holística. Sessão de terapia.