Educação Tecnologia

A sala de aula do novo professor de filosofia: as redes sociais

Escrito por Luis Lemos

Como ensinar filosofia em tempos de educação à distância? Em tempos de redes sociais? Em tempos em que não se leem mais os clássicos? Diante de um quadro aparentemente tenebroso para os professores de filosofia, para os filósofos, o caminho ainda é o diálogo aberto e franco à moda de Sócrates, Platão, Aristóteles…

Sim, a saída para o retorno à filosofia, em primeiro lugar, é entender que as redes sociais se tornaram “a sala de aula” dos novos tempos. Em segundo lugar, que as redes sociais podem ser um excelente instrumento para o ensino e aprendizagem do pensamento filosófico. Dessa forma, com o avanço da tecnologia educacional, qualquer professor pode alargar as fronteiras de sua sala de aula e passar a ensinar para milhares de pessoas pelo mundo afora.

Infelizmente, esta é uma realidade a que professor nenhum pode se opor. Ou seja, não adianta o professor dizer que é contra as novas tecnologias, as redes sociais, que é contra a educação à distância; ele tem é que se preparar para essa nova realidade. É um mundo sem volta. O equilíbrio no paraíso não existe mais ou é uma realidade distante, metafísica. E isso decorre, basicamente, de duas questões:

Em primeiro lugar, porque o mundo contemporâneo é tecnológico.

Mãos mexendo em um celular.

Hoje em dia não se faz mais nada sem a ajuda da tecnologia. O mundo mudou, e a tecnologia está em todos os campos da atuação humana. De aplicações bancárias complexas até a venda de peixe no interior do Amazonas, a tecnologia tornou-se fetiche do homem contemporâneo. O lado negativo de tudo isso é que muitas práticas culturais consideradas moralmente boas, justas e solidárias foram deixadas de lado. A partir daí viu-se surgir ou aumentar práticas danosas ao ser humano, tais como preconceito, terrorismo, xenofobia e discriminação.

Em segundo lugar, a educação à distância contribuiu para a má qualidade da formação do professor. Em todas as áreas do conhecimento, o que se verifica hoje em dia são professores preocupados mais com a “forma” do que com o “conteúdo”. E o mais espantoso nisso tudo é que com o apoio e a chancela dos órgãos competentes: as universidades e o próprio Ministério da Educação. Ou seja, as instituições educacionais não souberam – espero que ainda – capitanear todas essas mudanças para o lado positivo da educação.

Para dar um exemplo, vamos analisar o lado empregatício.

Menina sentada lendo algo em um tablet.

Antes, na educação presencial formal, era comum o professor ter sua carga horária semanal preenchida com quatro ou cinco turmas. Agora, com essa nova modalidade, o professor “nunca” tem sua carga horária semanal preenchida. Com isso, aumentou o trabalho do professor e diminuiu o seu salário. Mais ainda. Com as novas ferramentas educacionais, o professor se viu “obrigado” a responder as mensagens dos alunos nas redes sociais sob pena de ser considerado antiquado, velho, fora de moda. Enfim, a educação à distância tem afetado diretamente o emprego de milhares de professores.

Paradoxalmente, o profissional da filosofia é aquele que mais sofre com a modalidade de educação à distância. Não que o filósofo seja despreparado para atuar nesta nova realidade, longe disso! Acontece que, como para muitos gestores, coordenadores, técnicos e burocratas da educação, a filosofia é uma disciplina inútil, logo é a primeira disciplina a ser colocada na modalidade de educação à distância ou até mesmo excluída da grade curricular.


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Sobre o autor

Luis Lemos

Luís Lemos é filósofo, professor, autor, entre outras obras, de “Jesus e Ajuricaba na Terra das Amazonas – Histórias do Universo Amazônico” e “Filhos da Quarentena – A esperança de viver novamente”.

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