Autoconhecimento Comportamento Convivendo

A semente do pensador

Imagem de fundo preto com ícones de uma lâmpada e sinais de interrogação. Em destaque, uma jovem pensando.
Marrio31 / Getty Images Signature / Canva

Na infância, a frase que criei aos 8 anos foi motivo de orgulho até ser confrontada por um colega, cuja reação despertou em mim uma avassaladora autocrítica. Anos depois, esse momento se tornou o marco inicial das minhas reflexões filosóficas, guiadas por um senso crítico implacável e pela busca de verdades que seguem trilhos inescapáveis.

Para qualquer pessoa, essa frase dita por um adulto soaria não apenas simplória, mas ridícula. Mas fui eu que a criei, aos 8 anos, e à época a via como o suprassumo da minha prematura (e incipiente) vocação para pensador!

Cheguei até a sentir orgulho de minha criação, a ponto de gravá-la numa ripa de cedro, com o desenho que fiz para ilustrá-la, e pendurá-la em seguida na parede do meu quarto.

O sentimento durou até o dia em que um coleguinha de escola me perguntou o que era aquilo, e diante da resposta, vi na expressão dele tudo o que falei dela agora.

Ele ficou estático, olhando, com aquele olhar parado e inexpressivo que não conseguiu disfarçar o que ele realmente pensou ao ler. Nem precisava ter dito nada mesmo, pois nunca vi nada tão eloquente! Sua cara de paisagem, aliada àquele silêncio ensurdecedor, já tinha dito tudo por ele.

O mais importante daquele dia, porém, nem foi a derrocada como “pensador”, mas a autocrítica que saltou avassaladora de dentro de mim naquele exato momento.

Imagem de uma jovem pensando dentro de uma cafeteria
Los Muertos Crew / Pexels / Canva

A vocação para pensador ainda levou um bom tempo para amadurecer, mas o senso crítico brotou todo de uma vez, e esse passou a me triturar o cérebro desde então, sem dó nem piedade, a ponto de ser mais fácil algum oponente me aplaudir do que eu mesmo!

O quadrinho com o pensamento ridículo, no entanto, adquiriu um valor bem significativo, alguns anos mais tarde, ao me servir como marco do primeiro “insight” das minhas futuras elucubrações filosóficas, que me acompanhariam por toda a vida. Mas sim…

Para quem me lê aqui, isso não assume nenhuma importância, mas quando olho para trás, ah… senta que vou ter muita história para contar! E mais até do que a simples referência ao nascimento de um pensador, mas sobre a semente de um valor que acabou transformado – acreditem! – em trilho!

Contradição estapafúrdia? Mas foi uma das raras ocasiões em que contrariei o conceito defendido tenazmente pelo meu senso libertário: a permanente opção por trilhas, já que não me acorrenta a um caminho do qual não possa escapar sempre que necessário.

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Fácil entender: no que toca à verdade, não tem outra forma de percorrer o trajeto senão pela obediência irrestrita ao trilho, pois para sair dele é preciso descarrilar. E tudo acaba ali mesmo!

Mas isso tem história… E bota história nisso!

Sobre o autor

Luiz Roberto Bodstein

Formado pela Universidade Federal Fluminense e pós-graduado em docência do ensino superior pela Universidade Cândido Mendes. Ocupou vários cargos executivos em empresas como Trimens Consultores, Boehringer do Brasil e Estaleiro Verolme. Consultor pelo Sebrae Nacional para planejamento estratégico e docente da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear (IBQN) para Sistemas de Gestão. Especializou-se em qualidade na educação (Penn State University, EUA) e desenvolvimento gerencial (London Human Resources Institute, Inglaterra). Atualmente é diretor da Ad Modum Soluções Corporativas, tendo publicado mais de 20 livros e desenvolvido inúmeros cursos organizacionais em suas diferentes áreas de atuação. Conferencista convidado por várias instituições de ensino superior, teve vários de seus artigos publicados em revistas especializadas e jornais de grande circulação, como “O Globo”, “Diário do Comércio” e “Jornal do Brasil”.

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