Autoconhecimento

A sensibilidade que adoça o mundo vai te encontrar até que você a receba para um chá!

menina alegre bebendo chá no sol da manhã perto da janela.
Escrito por Val Amores
Acho interessante que muitas pessoas evitem a sensibilidade. Eu mesma evitei enxergar esse meu lado por um longo tempo, mas aprendi que sem sensibilidade a vida perde um pouco a graça, a magia e muito do seu ar angelical.

Há uma ideia de que a força, o discernimento e a estabilidade só existem quando distantes de sensibilidade. Outro dia, ouvi uma colocação interessante: que praticidade é melhor que sensibilidade.

Certamente que o excesso de sensibilidade cria um melindre e pode até ocasionar em alguns problemas nas tomadas de decisões e também em relacionamentos, mas quando usada na medida, ah, a sensibilidade é o toque doce que existe em cada cena da vida, em cada interação e relacionamento.

close de um homem e de uma mulher de mãos dadas contra um sol brilhante

A sensibilidade na medida nos aproxima e nos faz ter uma empatia sincera, não apenas pró-forma, porque algum livro de autoajuda ou algum palestrante famoso e inspirador nos contou que é bonito.
Antes de ser bonito, ter empatia, mas de maneira sincera, é necessário.

Com sensibilidade na medida, também existe praticidade. No entanto a praticidade ganha tom de acolhimento, inclusão e respeito.

A praticidade exercitada como um componente mecânico soa fria e excludente, justamente porque pessoas e situações são colocadas como algo a ser resolvido e deixado de lado ou algo a ser apenas tolerado, ajustado para a fluidez de uma determinada situação.

Essa praticidade fria é coisa de máquinas e penso que a praticidade em parceria com a sensibilidade é coisa de anjo que sabe auxiliar e coordenar, considerando a necessidade emocional do outro e a história completa do outro. Sem pré-julgamentos e sem estabelecer uma linha do que é êxito e do que não é. A praticidade angelical é resoluta porque é leve e o que é leve é fácil. A praticidade isolada, mecânica, apenas como ação, acaba sendo forte, mas nem sempre faz bem. Muitas vezes, até afasta corações e intenções positivas.

Aquilo que evita devido ao ego é, muitas vezes, o que encontra!

mulher olhando para auto reflexo no espelho

Quando evitamos algo para não desconstruir alguma imagem que criamos de nós mesmos e que está “dando certo”, é justamente o que vai nos encontrar. Se porventura criamos a ideia de que somos inabaláveis, bem resolvidos, responsáveis e práticos, certamente que a possibilidade de isso ocorrer é grande, mas se, ao vivenciar esse papel, evitamos o ser sensível que também habita em nós, hora ou outra ele surge exposto em uma outra pessoa de nosso convívio.

É aí que começam os diversos recados sutis de que a nossa praticidade não está tão prática assim, uma vez que não inclui todas as nuances de nosso próprio ser. O que negamos em nós pode revelar algo importante a ser trabalhado, fugir disso causa mais desgaste, porque ainda que a postura prática se apresente sóbria e elegante, sabemos bem que há uma luta imensa do lado de dentro.

A dinâmica entre fuga e encontro se repete até que tenhamos a humildade e a capacidade de sentar para tomar um bom chá com o que sabemos ser bom em nós, mas que é escondido por uma questão ilusória de poder de presença.

Poder de presença só existe de verdade quando envolto em uma nudez da alma. Ser sem medo e aprender com a vulnerabilidade daquilo que ocultamos, pois até a vulnerabilidade tem beleza e força. Até a vulnerabilidade traz êxito, pois só ela empreende ideias de coração aberto e disposto a mudar de forma quantas vezes for necessário, a fim de fazer fluir uma ideia, uma parceria e promover o crescimento e expansão de algo benéfico a todos.

Ouvir o que a sensibilidade nos conta pode nos aproximar das respostas que tanto esperamos e também proporcionar um entendimento maior de todas as situações que nos chegam.

Sensíveis são profundos, só que de uma outra forma.

Mulher asiática nova respirando ar fresco no jardim

Há quem diga ainda que a sensibilidade não proporciona profundidade. Há quem imagine que o ser visceral é o ser que realiza e que resolve, mas se olharmos bem para essa cena, vamos perceber que o ser prático expõe o visceral com cortes a frio e isso faz com que muitos se distanciem, pois em sã consciência ninguém passa por cirurgia sem necessidade. O ser prático e que ama o visceral aprendeu a dialogar com um bisturi nos lábios e, muitas vezes, não percebe que um bom bate-papo nem sempre precisa ser uma abertura de ferida. Por vezes, só precisa ser um bom bate-papo repleto de risos, sorrisos e intervalos de silêncio.

Os seres mais sensíveis trazem consigo um outro tipo de profundidade!
Enxergam a entrelinha da fala e fazem uma conexão com a parte delicada, como quem borda com linha fina um desenho. Por vezes, quando tal ser percebe a interrupção de sua linha ou o arrebentar da mesma, ele expõe, quase que imediatamente, que algo aconteceu e o deixou desconfortável, ou muito feliz, ou oculta em silêncio e tenta consertar, sentir e mesmo celebrar. Tais seres vivem a experiência com entrega, sorriso, suor e lágrimas.

A sensibilidade na medida é a característica de quem aprendeu tendo sensibilidade intensa, portanto, o que existe é uma sensibilidade refinada e muito boa. Essa sensibilidade cria uma dinâmica de conexão doce com a vida, pois todos os dias são dias de práticas que brotam na alma e o que brota na alma por si só é prático. Nem precisa de esforço.

Permita-se ser aquilo que precisa e esqueça a ideia de ser aquilo que pensa precisar. Evite as fugas do eu, que o acolher dos demais se torna certo. Exponha o delicado de sua existência e encontre uma vida inteira de aprendizado e transformação. A lagarta só deixa de rastejar quando vira borboleta. Para isso, ela precisa se expor. No voo há mais coragem do que asas…


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Sobre o autor

Val Amores

Pedagoga, conteudista da área educacional, culinarista vegana e condutora do projeto Veganices da Val - Grupo no Facebook no qual receitas diárias são postadas, bem como reflexões sobre comportamento alimentar alinhado a uma vida mais orgânica, sustentabilidade e ecologia interna. Voluntaria na Organização Brahma Kumaris, mãe, filha. Uma alma apaixonada por nascer e por do sol, beija flores, autoconhecimento e ideias de transformação positiva do mundo!

Estou agora atuando no projeto OrganicaMente Criativa que atua com conceito de ecologia interior para o resgate do ser criativo e orgânico das pessoas para que ações sejam de fato, sustentáveis - O projeto propõe autoconhecimento, dinâmicas, vivências e expressão com arte sustentável.

E-mail: valeriaamores@yahoo.com.br
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