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A série Sex Education e a educação sexual na adolescência

Três adolescentes olhando para frente.
Reprodução / Netflix
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Uma produção original Netflix que conquistou o coração dos jovens logo de cara e proporcionou muitas maratonas foi a série britânica “Sex Education”. Ambientada num colégio de ensino médio chamado Moordale, a série se inicia contando a história de Otis e Maeve, dois jovens que, por causa da habilidade do menino Otis herdada de sua mãe psicóloga, abrem uma clínica secreta de terapia sexual para atender os estudantes de Moordale.

Entre relatos de traumas, inseguranças e histórias de desastres sexuais dos jovens do colégio, “Sex Education” traz, literalmente, o tema da educação sexual de uma forma brilhante e tem potencial didático para orientar e iluminar a cabeça de adolescentes e demais públicos em relação ao assunto “sexo”. Até mesmo para aqueles pais que não têm coragem de se sentar para ter aquela famigerada conversa com os filhos na puberdade, “Sex Education” é uma recomendação e tanto.

Adolescência e vida sexual

Parafraseando Gayle Rubin, antropóloga cultural norte-americana, a sexualidade precisa ser tratada com atenção em tempos de grande estresse social. Por isso privar os adolescentes e pré-adolescentes de assuntos relacionados à sexo e jogar essa temática para debaixo dos tapetes é a pior opção.

Já na puberdade, quando o corpo dos jovens começa a passar por alterações hormonais inúmeras, é o momento de se conversar sobre sexualidade. Isso não apenas para que eles entendam o que está acontecendo com o próprio corpo, bem como aquilo que ainda vem a acontecer, mas também para que se crie uma consciência a respeito de saúde e prevenção (de ISTs, gravidez e afins).

Para além disso, falar sobre sexo e ter vivências sexuais não significam mera promiscuidade, e essa ideia conservadora deve ser deixada de lado imediatamente. É saudável para um indivíduo estar liberto em relação a isso e apto a viver boas experiências com seu corpo e com o corpo dos outros, já que frustrações sexuais podem se reverberar de modo muito negativo no psicológico de qualquer ser humano. Essa é uma das principais mensagens que a série “Sex Education” passa.

Foto de uma garota de cabelo rosa olhando para um garoto.
Reprodução / Trailer Sex Education / Netflix

Diferentemente do que uma mentalidade retrógrada pensa e defende, a abstinência sexual é uma alternativa extremamente nociva aos jovens. Privar a juventude de falar sobre e de experienciar o sexo é simplesmente contribuir para que traumas sejam acumulados no corpo e na cabeça de seres humanos em formação; é pura repressão. Na série, isso fica nítido tanto em personagens exageradamente controlados pelos pais, quanto mesmo em adultos com problemas em relacionamentos.

A adolescência, portanto, é um momento essencial para se falar sobre educação sexual, pois é nessa fase que tudo está sendo formado e definido; é nessa fase o momento ideal para se criarem futuros adultos melhores, conscientes de si e das suas próprias questões, que entendam sobre consentimento, relacionamentos, limites, respeito, autocuidado e, ainda, sobre o próprio corpo.

O melhor de tudo, então, é saber que todas essas questões hoje em dia podem ser acompanhadas e absorvidas por meio de entretenimento. Mesmo que um adolescente não tenha pais ou responsáveis que estejam aptos a conversar para tratar desses assuntos, assistir “Sex Education” pode contemplá-lo de maneira descontraída e, ainda, próxima de sua realidade, com o dia a dia de jovens estudantes que gerem identificação nele.

A mídia e a educação social

Hoje em dia, com o aparato da tecnologia e das mídias sociais, muitos temas estão comprometidos com a falta de responsabilidade da propagação de informações diversas. Em 5 minutos rolando a timeline de uma conta do Twitter, por exemplo, um usuário é capaz de ler argumentos e dissertações sobre assuntos variados redigidos sem embasamento nenhum, o que pode prejudicar processos, como o da educação sexual.

Além disso, um jovem despreparado pode ter fácil acesso na internet a conteúdos desfavoráveis à educação sexual, como a pornografia ou mídias e afins que banalizem a violência e a falta de consentimento no sexo. Fake news e material erótico irresponsável, então, formam um combo nocivo à cabeça dos adolescentes em formação.

É por isso que é importante destacar que a comunicação sobre a sexualidade pode e deve ser apresentada em diferentes etapas da vida, porém sempre pensada em linguagem adequada para a idade do indivíduo. Também é urgente a necessidade de plataformas virtuais trabalharem assuntos desse cunho de forma mais responsável e profunda.

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Com absoluta sensibilidade, cuidado, engajamento e respeito, a série “Sex Education” aborda inúmeros temas relativos tanto à sexualidade quanto à vida sexual em si, englobando toda a complexidade envolvida em cada um deles. Por isso é uma ótima referência para trazer o assunto ao debate, podendo ser uma alternativa e tanto para que pais consigam encontrar um caminho para essa abordagem com seus filhos.

Para quem não tem filhos ou não busca essa finalidade com a série, assisti-la é de todo modo uma boa sugestão, pois com certeza esclarecerá muitos pensamentos sobre relacionamentos, sentimentos, sexo, afeto, liberdade e tudo mais.

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