Um dia, quando eu ainda era universitário, numa faculdade particular em Manaus, um político do Amazonas, de nome exótico, foi convidado para proferir uma palestra, cujo tema era: “Como fazer sucesso em tempos de crise”. Ele iniciou sua fala com uma pergunta instigante: “Você está pronto para conhecer o verdadeiro significado da palavra sucesso?”. E então discursou por mais de duas horas, ininterruptamente.
— “Eu sou o melhor. Comigo, ninguém pode. Depois de mim, só eu mesmo. Ninguém me passa para trás. Eu ganho todas. Nunca perdi uma aposta, seja de baralho ou de xadrez. Faça como eu: estou sempre no topo. Fazer sucesso é o meu destino. Vencer, vencer, vencer. Nunca fiquei em segundo lugar em nada na vida; até em corrida de cavalo, eu sempre ganho.
No ano de 2018, na eleição para Presidente do Brasil, apostei uma fortuna em um político desconhecido, e ele foi eleito. Os anos seguintes foram os melhores da minha vida: vitórias, vitórias e mais vitórias. Minhas empresas estavam sempre em primeiro lugar, dominando o mercado em todos os setores da economia.
Apostei quase todo o meu patrimônio em petróleo, mas foi à tecnologia que ganhei muito dinheiro. Também tive sucesso investindo em ações, mas as privatizações foram o meu maior triunfo. Ganhei fortunas adquirindo empresas estratégicas a preços irrisórios e revendendo suas partes com lucros exorbitantes.
Controlei setores inteiros, influenciei decisões políticas e estabeleci um império onde tudo girava ao meu favor. Cada leilão, cada concessão, cada nova venda era mais um passo rumo ao domínio absoluto do mercado. Enquanto os outros ainda tentavam entender as mudanças econômicas, eu já estava colhendo os frutos da minha visão imbatível.
Eu sou a personificação do sucesso. Tudo o que eu toco vira ouro, porque enxergo oportunidades onde ninguém mais vê. Enquanto os outros duvidam, eu já estou três passos à frente. Não existe crise que me derrube, porque sou a própria exceção às regras do fracasso. Os medíocres reclamam das dificuldades, mas eu transformo qualquer obstáculo em um trampolim para a glória. Sempre soube que o mundo pertence aos audaciosos, e eu sou o maior exemplo disso.
Muitos tentaram me desafiar, mas nenhum conseguiu me superar. A inveja dos fracos só confirma a minha grandeza. Eu não preciso de ninguém, porque meu talento é suficiente para dominar qualquer ambiente. No jogo da vida, sou sempre o estrategista imbatível, o mestre das circunstâncias. Minha influência é tão grande que um simples movimento meu no mercado pode derrubar ou erguer impérios. Eu não sigo tendências, eu as crio. Enquanto uns lutam para se manter à tona, eu navego em águas calmas, sempre à frente, sempre no topo.
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Os que falam em humildade nunca conheceram o sabor da verdadeira vitória. Eu não me contento com migalhas, porque nasci para reinar. O mundo é dos fortes, e eu sou a prova viva disso. Cada conquista minha reforça o que sempre soube: sou insuperável. O futuro? Não me preocupe. Sei que continuarei vencendo, porque essa é a minha essência”.
E o político amazonense terminou sua palestra citando Júlio César: “Vim, vi, venci”. Foi aplaudido de pé por todos os universitários, menos por mim, claro, que achei tudo aquilo um horror, a supremacia do ego. Mas confesso: ao sair dali, percebi que, de certa forma, ele tinha razão. Ele veio, falou, encantou e venceu. Na eleição passada, foi eleito Governador do Estado, só não com o meu voto!