Convivendo

A Tal da Regra

Escrito por Márcia Leite

Sempre que eu saio dirigindo pela cidade, pergunto-me o porquê o ser humano resiste tanto quando é necessário cumprir regras. Acho até engraçado e dou risada sozinha no carro, alguns motoristas me olham assustados, talvez pensando: “Coitada, está doidinha” ou “Olha eu ali no carro ao lado”!

Os motoristas, aliás, estudam aquele monte de placas amarelas e pretas, vermelhas e brancas e pretas, azul e branca e verde e preta, marrom e branca, milhões de leis, noções de primeiros socorros e direção defensiva, fazem provas teórica e prática, os mais jovens agora fazem um simulador, dirigem de dia, de noite, no sol e na chuva, mas o que se vê no trânsito é:

– Um ultrapassa o farol vermelho sem cerimônia;

– Outro entra na contramão, só porque é menos de uma quadra para chegar à garagem;

– Um terceiro joga o veículo para cima do pedestre, que atravessa na faixa distraidamente, com fones de ouvido, escutando uma música baixada no celular… Nem percebe o perigo de ser atropelado ou acha que “o motorista que se vire e me respeite”.

E os acidentes leves ou graves se multiplicam, ora por beber e dirigir, ora por irritação, ora por cansaço da vida acelerada da atualidade.

Sem nos esquecermos do transporte público, que tem interrompido a circulação de trens por roubo de cabos. Às vezes, a falta de investimentos sucateia a estrutura viária e quem sofre é a população mais maltratada.

Mas estes tampouco ficam impunes, pois alguns se acham no direito de se sentar no lugar reservado para idosos, gestantes e os fisicamente incapacitados, recusando-se a cederem o assento para quem realmente obteve este privilégio, armando a maior confusão, chegando a proferir ofensas horríveis e descabidas.

Pessoas desafiam regras de boa convivência, instalando caixas de alta potência e resolvem fechar ruas de bairros, porque não têm onde se divertir com os amigos, esquecendo-se dos vizinhos, que talvez precisem de atendimento de emergência e a ambulância ficaria impedida de chegar ao local.

Alguns estudantes, ao ouvir aquela tradicional frase: “Se eu pegar colando, tiro a prova e a nota é zero!”, ficam imaginando como fazer para não serem pegos em flagrante. Afinal de contas, as anotações em letras minúsculas são apenas lembretes da matéria que, durante um bimestre inteiro, não foi capaz de compreender ou não teve saco para estudar…

Crianças pequenas, na fase do não, ousam inclusive tocar em objetos que os pais determinaram que elas se mantivessem a um quilômetro de distância.

Um trai o cônjuge… O outro, insiste em receber dinheiro desviado por baixo da mesa.

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Sim, as pessoas sofrem estas tentações, muitos não resistem e caem no buraco, pagando pelos seus atos, quando pegos com a boca na botija. Os que não entram nesta gelada, correm o risco de serem tachados como idiotas, mas certamente colocam a cabeça no travesseiro e dormem tranquilos, com a simples preocupação do que vão cozinhar para o almoço de amanhã, que roupa vestirão ou mesmo a decisão que devem tomar na reunião de trabalho. Se sofrerem de insônia, seguramente a causa é o estresse da vida moderna ou da menopausa… Ah, esta tira o sono de muitas mulheres…

Sobre o autor

Márcia Leite

Graduada em Farmácia e atualmente estudante da área de Humanas, mostro interesse em diversos temas. Incomodada com questões sociais e que mexem com a convivência e a saúde das pessoas.