Aquele foi o tempo de rever prioridades, de rever o que realmente importava. Esta certamente foi uma das grandes lições daqueles tempos. O chamado era para que todos despertassem, para que todos nós, independentemente da religião, crença pessoal ou o que seja, pudéssemos perceber que estávamos num mesmo barco, num Planeta de nome Terra.
Naquele tempo, por mais que as pessoas orassem, por mais que tivessem sido boas ou más, não havia como fugir daquela condição. Não havia escapatória e foi uma oportunidade única para que todos pudessem ter um encontro consigo mesmos, no que havia de mais profundo, nas ilusões criadas, nos medos, nas arrogâncias e vaidades, e por fim, nas suas mais profundas verdades.
Embora a humanidade estivesse totalmente isolada, foi a vez em que os sentimentos de vazio e de solidão tão camuflados por todos e tão comuns naquela atualidade puderam vir à tona até que num espaço de tempo se transmutaram em uma nova consciência geradora de uma energia radiante. Isso foi ocorrendo conforme todos iam ganhando consciência de que nunca houve separação alguma e que as percepções anteriores não passavam de meras ilusões construídas ao longo dos tempos.
Aqueles momentos cruciais foram extremamente importantes para o renascimento de um centramento há muito esquecido, ainda trazendo lembranças sobre o que era importante e sobre o que fazia um real sentido para a humanidade.
Havia tempos em que a humanidade estava passando por um individualismo crescente e desenfreado, até que chegou no seu estopim, no ponto máximo em que essa energia sem freios colapsou na forma da doença chamada “Covid-19”. Essa doença chegou ao planeta carregada por todo esse simbolismo. E, como adoecimento, veio mostrando importantes temas a serem trabalhados: impôs o isolamento, evidenciando como todos já estavam nele muito antes de tudo acontecer.
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Era uma imposição vital para que as percepções dos reais valores pudessem emergir. Alguns deles foram: a oportunidade de praticar o autoconhecimento, a capacidade de cada pessoa reconhecer a própria legitimidade, a percepção de que sempre fomos igualmente conectados como seres humanos que somos, sem diferenciação de sexo, raça, idade, crenças ou dogmas.
Definitivamente, a partir do final daquele ciclo, absolutamente nada foi como antes.
Se antes os solitários mais ávidos para sentirem-se vinculados corriam para anestesiarem tais sentimentos nas efêmeras e fantasiosas conexões através das redes sociais, outros cumpriam com regras e dogmas sociais casando-se indevidamente, avançando em carreiras predestinadas ou seguindo o “não sei” apenas na ansiedade de serem bem vistos e conectados numa sociedade que também vivia este tipo de demanda. Outros tantos caíam na noite, usando drogas, viciavam-se em sexo sem compromisso, entre outras situações perigosas.
Antes dessa doença surgir como cura para esses assuntos, mesmo quando estávamos acompanhados, a sensação era a de isolamento. Ninguém nunca se dava por satisfeito e todos funcionavam como se fossem sacos sem fundos que agonizavam ininterruptamente necessitando de preenchimento.
A vida no século XXI dificultava a resolução desses tipos de conflitos, pois todos pareciam estar no limite do estresse, enlouquecidamente apressados, principalmente nas grandes cidades. Quando tentavam fazer amigos pela internet, em pouquíssimo tempo tudo se tornava delatável e as angústias continuavam tecendo os seus silenciosos caminhos. Por outro lado, na vida prática, quando faziam amigos no trabalho, a competitividade era o que imperava, deixando mais e mais as pessoas distantes uma das outras. Tudo era efêmero.
Os mais sensíveis, uma parcela menor dessa população, tinham consciência de que necessitavam de um contato mais direto, olho no olho, essência com essência. Estes, por sentirem a questão do isolamento em maior potência, antes de tudo acontecer, foram os primeiros a buscar grupos de ajuda, antecipando o que poderia estar por vir. Assim, uma nova contracorrente foi surgindo.
Todos nós estamos a mercê de um grande “não sei” existencial e em meio a um futuro que nos é totalmente desconhecido. O fato é que permanecemos como sempre estivemos, impotentes frente as forças do universo, totalmente desprotegidos e desamparados.
Com a pandemia do novo coronavírus, repentinamente a humanidade tomou consciência de que estamos fadados a deixar tudo o que acreditamos ao longo de uma vida sem aviso prévio. Todas as nossas relações, nossos ganhos e as nossas perdas.
O novo coronavírus nos fez lembrar de que estávamos tão intoxicados de conceitos sobre tudo o que existia que quase havíamos nos esquecido do quanto sempre fomos e somos iguais e que todo o tipo de separatividade é apenas uma ilusão criada por nós mesmos.
Nos fez lembrar que enquanto nos distraíamos em meio a uma infinidade de crenças infundadas, a existência em si passava desapercebida e desperdiçada em lutas inglórias que no final das contas não levavam a nada além de dor, sofrimento e do próprio isolamento.
O novo coronavírus nos ensinou que somos todos um só povo e que, apesar da necessidade que tivemos de momentaneamente ficarmos separados, mais do que nunca, estivemos juntos.
Somos todos um.
Quanto mais despertos, melhor!