A obesidade é um problema cada vez mais frequente no mundo moderno e vai muito além de uma questão estética. O acúmulo excessivo de gordura no corpo está ligado a muitos dos problemas de saúde mais prevalentes na população adulta (principalmente entre os idosos), como a pressão alta, o infarto, o AVC e o diabetes. Pessoas obesas apresentam ainda maior risco de desenvolvimento de dores nas articulações e artrose, principalmente a artrose no joelho.
Ainda que certas pessoas tenham uma propensão para o desenvolvimento da obesidade, ela está invariavelmente associada a um estilo de vida que não é saudável. O desequilíbrio gerado entre um consumo excessivo e um baixo gasto de calorias faz com que as calorias excedentes sejam acumuladas na forma de gordura.
Neste ponto, é preciso considerar que o músculo é o tecido que mais consome energia no organismo. Quando a musculatura é deficiente, o consumo energético também será baixo, independentemente da prática de atividades físicas. Assim, as dietas produzirão resultados mais eficazes em uma pessoa atleticamente ativa e com uma boa musculatura quando comparado a pessoas sedentárias.
O combate à obesidade, dessa forma, deve ser encarado por meio de uma mudança de estilo de vida, que deve ser permanente e progressiva. Tratamentos imediatistas que prometem perdas excessivas de peso por meio de métodos pouco ortodoxos e que não serão sustentáveis a longo prazo podem até levar a uma perda de peso em um primeiro momento, mas essa perda não será sustentável.
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A melhora da qualidade alimentar é, sem dúvidas, o ponto principal do tratamento. Isso não significa, porém, uma privação alimentar a qualquer custo. O organismo tem mecanismos para se proteger de uma eventual falta de alimentos por meio de uma maior economia energética, o que significa que, se a restrição alimentar for severa, ele diminui o gasto energético e a perda de peso tende a ser menos eficaz.
Uma dessas formas de “se proteger” é produzindo energia através do tecido muscular em vez de gordura. Não é incomum que pacientes submetidos a dietas severas percam musculatura, mesmo diante de uma rotina regular de atividades físicas.
Qual a melhor atividade física para o paciente obeso?
Por muito tempo, a orientação para quem queria perder peso era que praticasse atividades aeróbicas (corrida, natação, caminhadas) de baixa intensidade e longa duração. Ainda que essas sejam as formas mais eficazes de se gastar caloria a curto prazo, para que se tenha uma perda mais sustentável de peso, as atividades não devem se restringir a isso.
Considerando-se novamente que o músculo é o tecido que mais consome energia no corpo, a falta de musculatura tornará qualquer dieta ineficaz a médio ou longo prazo, e a prática de atividades aeróbicas de baixa intensidade não será capaz de ajudar a desenvolver a musculatura.
O paciente obeso deve idealmente realizar uma combinação de atividades que incluam exercícios aeróbicos, de força, de equilíbrio e de flexibilidade.
• Atividades aeróbicas caracterizam-se pelo uso repetitivo de grandes grupos musculares, levando a um aumento prolongado na frequência cardíaca. Caminhada, corrida, dança, ciclismo e natação são alguns exemplos. Esses exercícios levam a um grande gasto energético e são, portanto, os mais eficazes para a perda de peso a curto prazo;
• Exercícios de força são aqueles que buscam vencer uma resistência. A resistência pode ser criada utilizando-se de faixas elásticas, pesos livres, aparelhos de musculação ou o peso corporal do paciente. Ainda que não levem a uma perda de peso significativo no curto prazo, o ganho de massa muscular faz com que o gasto energético basal aumente e, assim, serão importantes na manutenção da perda de peso a longo prazo. São efetivos, também, para a melhora de dores, muito comuns entre os idosos;
• Exercícios de equilíbrio: a falta de equilíbrio intrínseco é muito comum entre pessoas obesas, principalmente quando associada à obesidade, e deverá ser treinada por meio de exercícios específicos;
• Exercícios de flexibilidade: a perda de flexibilidade das articulações é comumente associada à obesidade, ao sedentarismo e ao imobilismo. Recuperar a flexibilidade é importante tanto na prevenção como no tratamento de lesões ortopédicas, de forma que isso deve ser pesquisado e, quando necessário, tratado no paciente obeso.
João Hollanda
O Dr. João Hollanda é médico ortopedista especialista em joelho e lesões no esporte. Trabalha atualmente como médico da seleção Brasileira de Futebol Feminino.