Alguns dias atrás, eu estava assistindo o Satsang de Prem Baba, do mês de novembro, e ele fala sobre a avareza. Esse tema me tocou muito, pois mexeu com a minha sombra. E, fez com que viesse à tona sentimentos que há muito tempo estavam represados na floresta do inconsciente. E o sentimento de avareza estava lá, escondido e influenciando a minha vida, de uma forma quase imperceptível e com muitas justificativas conscientes para existir.
“A sombra é como um fantasma que habita dentro de nós e que comanda de maneira sutil e prejudicial a nossa vida. Faz-nos agir de forma autossabotadora, sem que a gente perceba, levando-nos a entrar em situações de sofrimento ou conflitos.”
(Mirela Faur, As Faces Escuras da Grande Mãe).
Avareza é quando a gente se recusa a dar alguma coisa que tem. Quando não sentimos que devemos ou podemos compartilhar, tanto coisas materiais quanto emocionais. É fácil de se enganar então, porque eu pensava que não era uma pessoa avarenta, pois sempre compartilho o que cozinho, empresto livros para todo mundo, empresto roupas e abro a minha casa. Não sou uma pessoa que consegue guardar dinheiro por muito tempo. Então, nunca poderia dizer que sou avarenta. Autoengano.
Existe a avareza no sentido mais sutil também, claro. E é daí que ela exerce maior influência sobre nós, pois está sendo negada, fica na sombra, age inconsciente e toda vez influencia em tudo o que acontece nos relacionamentos, trabalho e, principalmente, nessa sensação de que tanto se fala e todos buscam, a abundância. Uma compete com a outra. É impossível acreditar na abundância e ser avarento. Não combina, são opostos.
Acreditar e agir na abundância requer muito desapego, material e emocional. E desapego é bom! Porque tem que se soltar de algo, o que quer que seja, deixar ir, trocar, abrir espaço e deixar entrar o novo e cada vez mais. Um dia antes de assistir ao Prem Baba falando, tive um insight meditando sobre o amor, que foi o seguinte: Amor é como leite materno, quanto mais se dá, mais se produz. Ou seja, não é que darei amor esperando receber de volta de outra pessoa. Mas esse amor genuíno que estou dando, sai de mim mesma e eu produzo cada vez mais dele quanto mais eu dou, ofereço, abundo.
O que percebi é que eu guardava muito sentimento para mim. Nessa mesma semana aconteceu de eu ter tido um problema, fiquei com a cabeça enrolada, cheia de pensamentos e confusa com relação a uma situação. Liguei para uma amiga que mora longe e comecei a desabafar, logo depois pedi desculpas por estar compartilhando uma coisa chata desse tipo. Ela logo me corrigiu e veio a calhar: Nada a ver você pedir desculpas por isso, eu agradeço por você confiar em mim para compartilhar seus problemas e estamos juntas para as horas boas e ruins. E compartilhar o que você sente ajuda a clarear as ideias e limpar tudo isso.
Nossa! Eu estava sendo avarenta em compartilhar com uma amiga uma fragilidade minha. E ela me deu conselhos e me senti bem melhor no dia seguinte. Falei sobre isso com mais pessoas nas quais confio e me ajudou muito!
Às vezes ficamos guardando sentimentos, acumulando emoções. Isso é avareza. E então, como queremos viver na abundância se não podemos compartilhar o que sentimos, tanto nosso amor quanto nossas fraquezas?
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Te convido a refletir também sobre isso e a confiar que o amor, quanto mais se dá, mais se tem!