Incrível como algumas situações te amadurecem com a velocidade da luz. Há apenas dois meses eu era outra pessoa, apesar dos muitos anos de terapia e de todos os processos de limpeza emocional e espiritual pelos quais eu passei. Mas estar numa situação dessa, nos molda por toda a vida.
Há alguns dias, assisti uma entrevista com o filósofo Luiz Felipe Pondé na CNN Brasil. Ele dizia que as pessoas não vão mudar tanto assim depois da quarentena. Discordo! Não acredito que uma situação como essa não traga transformações profundas para todos os envolvidos.
Conheço pessoas que estão na linha de frente, médicos e enfermeiros. Conheço pessoas do grupo de risco. Conheço pessoas que não estão dando a devida atenção à quarentena. E mesmo nestas pessoas algum tipo de transformação já aconteceu.
Precisamos agora aceitar que a vida não será mais a mesma. Não é mais a mesma na realidade. As coisas já foram transformadas exteriormente, e isso não é uma condição de escolha. A única escolha que temos é aquela que permeia toda a existência, ou seja, escolher o que fazer com a informação que nos foi dada.
O psicólogo B. F. Skinner, precursor da psicologia comportamental, dizia que não existe de fato uma liberdade e que só podemos escolher entre as coisas que já existem. Apesar de eu não ser uma terapeuta comportamental, concordo totalmente com essa informação. Vivendo o hoje, e aprendendo as coisas que estamos aprendendo, podemos perceber que temos uma escolha.
Podemos viver apavorados, pensando que seremos contaminados a qualquer momento; podemos viver à parte de qualquer tipo de informação; podemos encontrar também o que eu acho mais plausível — um ponto de equilíbrio entre aceitar a mudança e manter a nossa vida.
O fato é que não temos tanto controle quanto gostaríamos sobre os fatos da vida. E algo dessa magnitude deixa isso sempre muito claro. Numa sociedade de extremo controle onde todas as variáveis podem ser modificadas a qualquer momento percebemos que uma parcela disso não nos pertence e isso pode ser motivo de pânico e desespero. Você precisar olhar para os sentimentos de fato e não fugir deles com distrações.
Quando tiramos as distrações, só sobra a gente mesmo. Isso pode ser desesperador para quem quer manter o controle o tempo todo, é um momento de pensar nisso. É também um momento de amadurecimento para toda uma sociedade e para cada indivíduo. A transformação não virá somente com a morte de algumas pessoas que vão contrair ou que já contraíram o vírus. As transformações serão feitas em cada ser humano, mesmo que ele tente voltar ao status quo depois da quarentena.
Você também pode gostar
- Aprenda a enfrentar e a lidar com as mudanças da vida
- Como aceitar as mudanças repentinas?
- Confira uma reflexão sobre mudanças e desapegos
A máxima “aceita que dói menos” é bem utilizada neste caso. Aceitemos que Um: as coisas mudaram; Dois: o que podemos fazer é apenas nos adaptar. E tudo bem! Isso faz parte da maturidade, e faz parte de nós tornarmos uma sociedade mais madura e pessoas mais adultas.
Aceita que dói menos!