Criatura divina, pare de insistir em ficar onde você não cabe mais!
Pense: caso você use um calçado número 37, mas insiste em usar um tamanho 36, com toda certeza gerará deformações em seus dedos. E até essa adaptação acontecer você sentirá muita dor. Após a adaptação, seus pés não terão mais a mesma leveza, tampouco cumpriram com maestria a mesma função, que é levar você por onde escolher ir de forma leve e fluida.
Desafiador iniciar um texto assim, mas essa fala mais firme serve diretamente para mim tanto quanto pode servir para você que está aí do outro lado.
E de repente, como num vislumbre, você pode pensar o seguinte: “Ah, mas eu posso levar as pessoas que amo para esse outro lugar. É só elas expandirem também.”
Eu juro que respirei profundamente aqui e lembrei-me das milhões de vezes que disse isso para mim também e, hoje, percebo o quanto minha vida é milhões de vezes mais leve por finalmente compreender o que é deixar ir aquilo que não quer ficar, bem como escolher estar onde não é preciso se diminuir para caber.
E para isso, criatura divina, é preciso compreender que neste mundo chamado Terra tudo tem um começo, um meio e um fim.
Enquanto ser vivente por aqui, cada ciclo da sua vida seguirá esse conceito, não tem muito para onde fugir. A pergunta de um milhão de dólares é: como aceitar o tal fim?
Caso esteja muito distante para você, vou trazer aspectos de fim de ciclo que, como humano, você provavelmente viveu:
Para nascer nesse mundo, você precisou deixar de existir dentro do útero da sua mãe.
Para chegar ao ensino médio, você precisou aceitar o fim do estudo no ensino fundamental. Caso tenha estudado num sistema conservador de ensino, provavelmente até teve que mudar de escola.
Você precisou aceitar o fim de um relacionamento amoroso, que possivelmente já não estava bem, para um pouco mais adiante estar num relacionamento mais saudável e coerente com você. Ah! Mesmo que seja com a mesma pessoa, possivelmente por mais que pareça que vocês são os mesmos, vocês não são. Veja bem, não é todo casal que consegue viver um fim e se abrir verdadeiramente para um novo começo. Um dia escrevo sobre isso.
Mudar de casa. Ah! Mari, eu nunca me mudei. Então, alecrim do campo, você nasceu, cresceu, viveu grudado nos seus pais? No ninho? E se casou levou o parceiro(a) para morar grudadinha com mamãe e papai? Realmente, para você, não houve término de nada, tampouco um começo. RESPIRA aí e não me xinga em pensamento, por favor!
Por mais que algumas situações sejam difíceis de serem aceitas, isso não diminui o fato de elas existirem ou o impacto que elas geram em sua vida. E, antes que você comece a contar historinhas aí na sua cabeça com a legenda de que é fácil eu falar, vou contar como foi que eu aprendi a desapegar com amor ao próximo e a mim mesma.
Afinal, abrir-se para o novo requer aprendizados de desapego. Desapego está muito longe de frieza. Está mais distante ainda da ideia de pouco valor sobre algo ou alguém.
Desapegar é sobre deixar ir. Desapegar é sobre compreender os tempos de vida de cada um. Desapegar, na minha diminuta visão, é a maior demonstração de amor pelo outro e por você a ser vivida por aqui.
Aliás, o filho de 7 anos de idade de uma amiga nos deu uma grande lição sobre desapego. Ele ganhou um brinquedo novo, pois não cabia mais no antigo. A tia do menino, ao dizer que venderia o antigo brinquedo, ouviu prontamente o posicionamento dele, que disse: “— Eu ganhei um novo do meu pai, esse que não serve mais para mim será dado a outra criança que o pai dela não pode comprar como meu pai pode.” E não julguem aí do outro lado ao acharem que isso vem de uma família milionária, pois, como a maioria das famílias brasileiras, eles também estão vivendo um momento por vez.
Uma observação: sou fã das crianças e dos bebês. Aliás, são os seres vivos por aqui cujo atendimento individual repercute mais resultado a curto prazo pós-sessão, até mesmo o feito a distância.
Enfim, se uma criança pode expressar toda a sua pureza e verdade com algo que até aquele momento é importante para ela, por que nós adultos escolhemos ficar parados ou revivendo histórias com outros atores (pessoas)?
A resposta é simples: Por medo de viver aquilo que verdadeiramente ressoa em seu coração. O danado no MEDO é paralisante! E o coletivo humano é expert em despertar gatilhos de medo para que assim sejamos facilmente controlados.
Como, então, eu consegui reprogramar o gatilho do medo e desapegar do que até aquele momento era vital no meu mundo?
Escolhendo ir em frente com medo mesmo. Parece piegas, mas o pulo do gato está na jornada, você mostrando a todo momento ao seu corpo e à sua mente que todas as histórias criadas não são bem o que, de fato, está acontecendo.
A vida me colocou frente a frente ao desapego desde muito, mas muito cedo mesmo. Algumas situações, porém, são marcantes para mim, como o processo de desencarne da minha mãe, a disruptura total com minha família paterna por não haver compatibilidade alguma de valores importantes para mim, o fato de acolher que minha avó materna não me queria mais por perto, pois eu rompi com o padrão de tentativas de suicídio dela e a obrigava a comer, o aceitar que minha tia-avó tinha se afastado por não concordar com esse posicionamento e quando precisei decidir o momento de sessar o sofrimento de uma “cãopanheira”.
Note que todos os exemplos que dei são dentro do que considero o mais importante de todos: FAMÍLIA! Ao que eu mais valorizo e ao que tenho apego ao conceito, a vida me colocou frente para a total desestrutura desse pilar e me fez desapegar e desfragmentar muitas crenças e idealizações da família perfeita.
Hoje, com valores ajustados e alicerçados em honra, dignidade e amor, busco para as minhas relações de amizade e de um companheiro amoroso (pois bem, estou solteira, pelo menos enquanto escrevo esse texto) os mesmos valores. Eu preciso sentir que a pessoa honra de onde vem com tanto amor que é capaz de compreender as necessidades que isso significa, as quais, muitas vezes, é deixar ir para que possamos trilhar nosso caminho assumindo as próprias escolhas, e não perpetuando sombras.
Ajudar com a partida da minha mãe me colocou em outro movimento de vida, aceitar que a família paterna não é ambiente para ninguém que viva de fato o amor fez com que eu valorizasse ainda mais as diferenças, compreender que a relação entre vida e morte para minha avó era dolorido demais para ela fez com que eu respeitasse o fato de ela querer se isolar até possivelmente morrer de inanição. Sentir a Lola (cãopanheira) partindo em meus braços me fez ter a força para finalmente mudar de cidade. Ah! Em relação ao pilar conjugal, finalmente entendi que estar num relacionamento com a tal alma gêmea ou complementar de alma é mais disruptivo que tudo. Assunto para outro texto.
Então, criatura divina, para viver a vida que é sua é preciso soltar aquilo que não soma, ou seja, aquilo que não leva você para sua próxima fase de consciência.
Você também pode gostar
É óbvio que não é fácil! E foi justamente por isso que idealizei uma mentoria focada em ajudar você a encontrar o seu caminho. Uma jornada focada naquilo que realmente importa: VOCÊ.
Transformações são necessárias, mas não necessariamente feitas somente com a dor, pelo contrário o amor pode ser o verdadeiro combustível rumo a você mesmo.
Caso ter uma jornada usando o amor como combustível faça sentido para você, basta entrar em contato diretamente comigo.
Com fé, amor e gratidão.
Mari de Carvalho
WhatsApp: +55 11 98211-8973