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Aceite sua vulnerabilidade

Mulher de vestido floral de braços abertos
Joshua Abner / Pexels
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Durante uma palestra para o TED Talks, a pesquisadora e assistente social Brené Brown revelou ter dividido os entrevistados de uma pesquisa sua a respeito de conexões emocionais em dois grupos distintos de pessoas. A palestra intitulada “O poder da vulnerabilidade” é do ano de 2010, e a pesquisadora não revela mais detalhes técnicos sobre a pesquisa em questão (como, quando ou onde foi realizada).

Com a divisão, no primeiro grupo foram colocados os entrevistados que tinham evidenciado ter um forte sentimento de amor e pertencimento em relação à vida e a conexões com outras pessoas; no segundo, estavam os que lutavam para ter esses sentimentos, pois eram seres que viviam se questionando se eram bons o suficiente para serem amados e/ou pertencerem a algo e a alguém.

Com o foco no primeiro grupo de pessoas, Brené passou a investigar quais eram os atributos que esses indivíduos, repletos de plenitude emocional, tinham em comum. O que ela descobriu, então, é que, para além do fato de todos compartilharem de um forte senso de coragem, o que eles tinham em comum era o fato de abraçarem completamente a vulnerabilidade.

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Na mesma ocasião, a pesquisadora ainda declarou que esse grupo específico de entrevistados definiu a vulnerabilidade como algo necessário — nem confortável, nem doloroso, apenas necessário. Foi dito que essa necessidade (a vulnerabilidade) é sobre a disposição de dizer “eu te amo” primeiro. A disposição de investir em um relacionamento que poderia ou não funcionar. A disposição de respirar fundo enquanto se espera o médico ligar depois de um exame importante. Em suma, a vulnerabilidade foi definida como a disposição de fazer algo quando não se há garantias. Para aprofundar-se no assunto e entender melhor essa ideia, acompanhe-nos neste artigo!

A vulnerabilidade como aptidão para a coragem

De acordo com as definições de Oxford Languages, dicionário das buscas do Google, “vulnerável” é aquilo que é “(…) frágil, prejudicado ou ofendido”. Literalmente, portanto, a vulnerabilidade é marcada como sinônimo de fraqueza e fragilidade. Junto com esse verbete, existe a ideia de que o apontado adjetivo é necessariamente negativo e deve ser evitado. Ou seja: os nossos traços vulneráveis devem ser escondidos e protegidos, para que não sejamos atingidos e feridos através desse nosso “ponto fraco”.

Mulher de gorro amarelo sentada ao lado de uma cadeira
Armağan başaran / Pexels

Discussões recentes, porém, trazem a vulnerabilidade como um sinal de coragem e força. Isso porque aquele que demonstra ser vulnerável está se colocando, por sua própria conta e risco, em situações das quais não se tem certeza do retorno — e, parafraseando o comum ditado, só petisca aquele que arrisca.

Demonstrar-se vulnerável é deixar-se ser visto por todos os ângulos, é dar as caras, postar-se, fazer-se visível; e só pode ser lembrado e amado aquele que é visto.

Aceite sua vulnerabilidade

É natural que tenhamos medo de nos expor e de expor nossas fraquezas, porque assim podemos ser mais facilmente machucados. Então, frequentemente criamos cascas ao nosso redor e evitamos nos colocar em situações que nos parecem incertas e/ou arriscadas.

silhueta de mulher durante a hora dourada
Jill Wellington / Pexels

Imagine alguém que não consegue se relacionar amorosamente com ninguém por ter uma série de inseguranças e fragilidades quanto a seu lado romântico. Essa pessoa, para se proteger de possíveis decepções e frustrações, cria uma casca ao redor dela mesma para que ninguém consiga acessá-la, nem ir de encontro às emoções dela. Ao se esconder sob essa proteção, esse alguém está, na verdade, privando-se de viver um relacionamento que edifique sua vida; privando-se de receber amor e estabelecer conexões com outros. Quando a vulnerabilidade é lida como ruim e aliada ao medo, ela mutila possibilidades boas de uma vida inteira.

Aceitar-se vulnerável é também aprender a conviver consigo mesmo e com as suas sombras, a ponto de utilizar isso a seu favor, à medida em que você toma como hábito o ato de realizar enfrentamentos e desafiar-se, mesmo perante os medos. Ser vulnerável é sair da sua zona de conforto e sair da zona de conforto traz resultados surpreendentes.

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Ao permitirmos que a vulnerabilidade se mostre e ganhe espaço em nossas vidas, estamos nos permitindo vivenciar diferentes e importantes experiências. Portanto, aceite sua vulnerabilidade — ela é sua: aproprie-se do que é seu. Aceite-se como você é, com todos os seus defeitos, com todas as suas inseguranças, com todos os seus traumas passados e afins. É somente abrindo o peito que permitimos que os outros nos abracem.

Caso seja de seu interesse aprofundar-se no assunto, assista ao filme da pesquisadora Brené Brown, “The Call to Courage” (“O poder da coragem”), disponível na plataforma de streaming Netflix. A obra de Brené também está disponível no formato de literatura, com a publicação de seu livro “A coragem de ser imperfeito”. Boa sorte nesta jornada!

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