Sentimos saudades de momentos que vivemos em função daquilo que criamos: uma rede de amigos, de acontecimentos que geraram boas memórias, de experiências saudosistas…
A saudade que temos daquilo que éramos (em uma situação conhecida, confortável) e a solidão de si mesmo pode nos levar a uma certa melancolia, a um sentimento de que o que foi vivido não mais será resgatado, assim como também pode levar à perda de um dos elos que constituem a corrente do nosso ser.
É quase que INEVITÁVEL sentir saudades quando se está longe de casa: seja de algo externo, de alguém, de um tempo do passado, ou de si mesmo… Mas, olhando o potencial da saudade, podemos enxergar a sua força e a sua beleza!
Quando temos saudades de algo, significa que fomos capazes de interagir ou criar oportunidades para construirmos boas memórias. Este impulso de ser cocriador da própria realidade é uma característica que pessoas proativas apresentam diante de desafios: elas se responsabilizam por suas vidas e enxergam caminhos onde não há trilhas marcadas. São os pioneiros!
Pioneiros também se cansam. Pausar e descansar faz parte da jornada. Muitos confundem a pausa ou a necessidade de tempo com dificuldade, derrota, desistência… Em uma sociedade que valoriza o fazer e o atrela ao ser, pausar parece ser uma atitude de “perdedor”, e logo vem alguém rotular de “depressão” aquilo que, na verdade, é só cansaço – o pedido de um tempo para que a pessoa possa se restabelecer.
Cuidado! Você, pioneiro ou pioneira, talvez você só esteja passando por um período de cansaço em meio a tantas demandas relacionadas à distância de casa. Descansar é o meio natural de se restabelecer. Ficar dando muita atenção à voz interna que julga, critica e te faz se desrespeitar, neste momento, não vai te ajudar muito… RESPIRE! Observe os julgamentos, mas não se apegue a eles. Eles também vão passar, assim como o cansaço passa.
Existem também os que sentem saudades daquilo que não necessariamente era bom, mas, comparado ao momento atual, era “melhor” do que isso que se vive hoje. A comparação é um mecanismo traiçoeiro, pois ela usa de recursos nem sempre reais para justificar aquilo que se pensa ou que se sente. A comparação distorce a realidade. Comparar o que temos, como cultura, comida, música, língua, ou qualquer outro aspecto com o que vivemos no lugar atual pode ser o fim de um bom casamento com o momento presente. Às vezes é inevitável fazer comparações. Mas, ao comparar, esteja consciente de que a comparação gera expectativas, e expectativas são grandes vilãs, pois nos impedem de nos abrirmos para o novo e, como pioneiros, desbravarmos novos caminhos.
Assim, desejo que sua saudade seja honrada, abraçada e vivenciada, pois ela indica que você foi CAPAZ de criar boas memórias a ponto de senti-las, o que te torna ainda mais humano.