Autoconhecimento Filosofia

Angústia do filósofo

Arte de uma saída da caverna em um formato de uma cabeça humana, com uma árvore em formato de cérebro.
Jorm S / Shutterstock

Sentei-me sobre os montes, colinas distantes daqui em outras dimensões de mim, na solidão, para sentir toda essa energia única do sofrimento, da tortura deste instante de complexas questões. Refletir a vida sem me sentir feliz por nela não me ter por completo dói, lágrimas descem comigo das alturas aos montes nesta montanha. Tenho de verdade dores na alma, não de depressão ou de tristeza, mas sim de incertezas e das certezas das dúvidas que me provocam para acreditar.

Se você ler tudo, talvez sinta meu coração tum-tum-tam… iria eu ser tocado pela alma que me lê? Talvez!

Não existem unicórnios, nem saci-pererê, quiçá mula sem cabeça, pois nunca foram vistos, só imaginados; e ainda existem ateus que não acreditam em deuses, que barbárie é essa que me causa espécie? Tadinho do sistema (esquema)! Podem se sentir desamparados pelo seu turno enquanto vida.

Tenho dores em meu ser profundo, dentro do que por dentro a alma carrega, onde a consciência atende por última instância, por distância fazer do mundo convencional das aparições em suas formalidades condicionais. Quem poderá entender o que se passa no meu coração? Saber o que é meu sofrer; só com palavras, não entenderão. Tenho tantas dúvidas, e não há sábios que me possam compreender. Falharam todos nas suas tentativas, nenhum ficou que possa me ser útil. Drama meu? Não, acho que não! Nem a religião pode mais provar nada depois do desencontro, do meu pranto por todo canto, da paixão em preto e branco sem razão de ser.

A vida é uma bela de uma maravilhosa porcaria. Nada faz sentido, e tudo, absolutamente tudo, não passa de um blá-blá-blá de mentes neuróticas e infantis. A ciência fez e faz um ótimo papel no avanço da modernidade, deixando saudades de outros tempos inferiores ao amanhã. Sou Filósofo e venho desejar um eterno retorno triste para os perdidos. No futuro não distante, teremos um planeta em guerra pela água potável em toda a Terra.

Lamentável sentir o que sinto por dentro, essa coisa inevitavelmente dolorosa sem explicação, que tanto me traz confronto e depois, razão. Difícil me compreender por ter eu em mim dores tais como há em você. Logo, também se sinta acolhido(a) pela minha forma de sentir a existência. Não vejo graça em quase nada neste teatro da vida, em que a interpretação vale talvez lugar de conforto e destaque, se for bem pensado para bajular, enaltecer o outro em detrimento de um afã.

Todos os livros de Filosofia que li até aqui foram o suficiente para me fazer ter um encontro com a consciência pura e verdadeira, de sorte que hoje vejo tanta besteira nas brigas, guerras e nas pessoas. Sou seletivo por ser eu complexo, incógnita, por ser eu muitos em mim, e todos se assentam à mesa comigo. A história é cruel, triste e assassina. Navios negreiros: quem leu toda a história sobre isso? Pois então tenha essa experiência. O nazismo: quem leu muito sobre isso? Pois então leia. Igreja Protestante: quem leu muito sobre isso? Leia. A revolta da cachaça: quem leu muito sobre isso? Leia. A história completa da Filosofia ocidental, oriental e africana: quem leu profundamente? A religião e sua verdadeira criação: quem garante a verdade nas fontes das quais as religiões se sustentam no tempo? A política e sua complexidade, formas de governos e coisas ligadas à polis: você conhece profundamente a política no mundo?

Visão do por do Sól em uma praia.
Jacub / Pexels

Tudo no teatro da vida terá uma resposta incrível de mentes brilhantes, mas não é bem assim. Cautela. Não se bate tambor para doido. Sei que a vida é difícil e muito complexa, em que, nela, estamos em um turbilhão de emoções e sentimentos que nos cercam segundo nossas inclinações e condicionamentos.

Amanheceu, desço da montanha e caminho sobre a superfície das colinas pensando, em silêncio, refletindo. Estou triste por não estar onde quero estar, por não abraçar quem eu quero abraçar, viver um pouco que seja com a vida que minha imaginação me cobra antes de morrer. Quando escrevi este artigo, sabendo que ele ficará aqui registrado no portal Eu Sem Fronteiras para sempre, eu também sabia que hoje, no futuro, eu não existiria entre os mortais, mas muito queria que todos tivessem a alegria de respeitar uns aos outros por estarem resolvidos consigo mesmo, e diferentemente de mim, poderem estar onde querem estar e ao lado das pessoas que amam, mesmo sabendo que o futuro guarda tantas mudanças que sei o quão difícil é enfrentar a solidão em um futuro breve, onde cada um viverá isso.

Minhas angústias são fontes que jorram do meu coração. Assim vou levantando templos à virtude, em que choro pelo que não vivi e me sinto realizado pelo que me tornei. Passa tempo, tempo passa, como escreveu o poeta Carlos Augusto Souto de Alencar, passa tempo, tempo passa. Essa vida que parece jogo de amarelinha, em que o céu aguarda pela vitória sobre o inferno. Angústia que faz meu coração se soltar, deslocando-se para o lado direito com efeito para não sentir a paixão, amor ou dores que nele param. Quanto tempo ainda me resta? Queria me divertir, novamente viajar, sorrir – esse, eu perdi, pois nem sei mais sorrir.

Abraçar minha mãe, brincar com meu filho, vibrar com meu Flamengo nas arquibancadas no Maracanã, correr como criança atrás de coisa nenhuma, sem compromisso; dói, dói saudade dos joelhos ralados quando criança. Mamãe, me dá seu colo, quero voltar aos seus braços e viver tudo de novo. Amo a minha vida, porcaria maravilhosa doída, coisa doida – repare você se leu corretamente o acento no í, senão ponha o cinto de segurança ou abra a moleira. É difícil compreender um Filósofo como eu? Não, não se perdeu! Parabéns pela concentração, pela atenção, e sigamos novamente ao topo da montanha nas cordilheiras. Refletir a vida sem sentido não dá. Posso ser muitos em mim, e todos se assentam à mesa comigo; contudo quero refletir em meu silêncio. Parem todos de falar, parem nas horas relógio, façam essa noite perpétua. Parem de mimimi, humanidade de alucinados mascarados, parem em seus continentes para lerem comigo a seguinte reflexão: “A vida é sua, estrague-a como quiser. Depois da diversão no Teatro dos deuses, morra”.

duas meninas deitadas na grama, refletindo.
olia danilevich / Pexels

Toda metáfora, enigma, todo o meu espírito poético filosofal, é para sua bel-reflexão. Nenhuma coisa boa torna seu possuidor feliz, a menos que sua mente esteja habituada com a possibilidade de perda. Parem de se cobrar, vivam simplesmente para morrer. Nada faz sentido. O que é a vida? Não a nego, após aqui estar é direito meu, entretanto os interstícios da ignorância diminuíram de tal forma que toda jurisprudência criou uma envergadura tal qual propõe uma reflexão que problematiza, questiona e direciona para outras dimensões de realidades antes não cogitadas no profano mundo das limitações intelectuais.

Não perco tempo com políticos, rompi com eles, não sou mais vice-presidente, candidato, quiçá eleitor. Não perco tempo com a religião, respeito todas, mas não me sinto convencido por absolutamente nenhuma, mesmo sendo eu cristão e membro da IURD. Não vibro com quase nada na vida, apenas em momentos épicos na minha favela, Complexo do Alemão, ou no Maracanã, talvez também estando ao lado das pessoas que amo. Eu li muitos livros de Filosofia e da literatura, perdi minhas crenças infantis; hoje me alimento de comida sólida, claro, a Bíblia Sagrada sempre será majoritária em minha crença por crer, no Senhor Jesus Cristo como senhor e Salvador da minha alma (Apocalipse 11).

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Enfim, tenho dores de parto em minha mente no sentido dos sentimentos que me visitam, sendo cada dia um tipo de sentimento diferente. Lembrando de Nietzsche, Filósofo alemão, sou atormentado no sentido positivo, em que o conhecimento me faz não aceitar as condições de uma sociedade corrupta, fraca intelectualmente. Assim sendo, não quero fazer parte desse joguinho do eterno retorno nas alegorias da caverna, na servidão voluntária, em que os bichos em revolução aceitam os porcos como senhores do jogo do poder, tratando-se de todos os sistemas de poder existentes até aqui e conhecidos até hoje.

“Não quero sentir essas coisas, não escolhi sentir isso. Talvez seja dom de Deus por ser eu poeta, Filósofo, ter sensibilidade artística na alma; o fato é que dói esse turbilhão de sentimentos confusos e lindos, feios também, em que me perco em mim e sei que também você, amigo leitor, se sente perdido. Porém, se você não sabe para onde quer ir ou caminho a seguir, qualquer caminho lhe serve”.

Sobre o autor

Nilo Deyson Monteiro Pessanha

Sou filósofo, escritor, poeta, colunista e palestrante.
Meus trabalhos culturais estão publicados em diversas plataformas. Tenho obras e livros publicados.

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Sou uma incógnita que deve ser lida com atenção e talvez somente outras gerações decifrem meu espírito artístico. Sou muitos em mim e todos se assentam à mesa comigo. Posso não ser uma janela aberta para o mundo, mas certamente sou um pequeno telescópio sobre o oceano do social.

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