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Ansiedade: A manifestação física da doença espiritual

Mulher negra sentada perto de janela, refletindo sobre a vida
tommaso79 / Shutterstock
Escrito por Eu Sem Fronteiras

O que é ansiedade? Esse estado emocional, comum, é uma resposta natural e temporária do organismo para enfrentar situações de estresse. Ocorre, por exemplo, diante de uma prova, da viagem de férias, da entrevista de emprego ou do término de um relacionamento.

No entanto, pode ser uma agitação ou angústia excessiva e contínua de alguém que, por causa disso, não consegue se manter em equilíbrio e em paz. Enquanto os sintomas de ansiedade normalmente desaparecem assim que o estresse é superado, se for patológica, as preocupações, as tensões ou os medos permanecem e podem gerar crises.

Enquanto transtorno, ela se manifesta por meio da crença de que algo ruim vai ocorrer, o que traz à pessoa a irritabilidade, o nervosismo, a dificuldade de concentração, a fadiga, a falta de domínio sobre pensamentos e comportamentos, as fobias e o pânico. Ainda, com a insônia, vêm tremores, sudorese, falta de ar, náuseas, tonturas e taquicardia.

Logo, intensidade, frequência, duração e características dos sintomas representam a diferença entre o saudável e o que requer a consulta profissional de psicólogo ou psiquiatra e até o uso de medicamentos específicos.

Inclusive, são esses profissionais que identificam se a ansiedade é sintoma de um Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), da fobia social, da Síndrome do Pânico, da Agorafobia, do Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) ou do Transtorno do Estresse Pós Traumático (TEPT).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que, em 2019, cerca de 301 milhões de pessoas sofriam com transtornos de ansiedade. Apontou que o Brasil lidera o ranking, com cerca de 18,6 milhões de casos. Ela concluiu, no Relatório sobre a Saúde Mental Mundial (2022), que já no primeiro ano pandêmico da Covid-19, 76 milhões de pessoas foram afetadas.

Algumas iniciativas voltam-se à espiritualidade. Em 1988, a OMS incluiu o âmbito espiritual em seu conceito multidimensional de saúde, sem se limitar a uma crença ou a uma prática religiosa específica.

No entanto, será mesmo que a espiritualidade melhora a ansiedade? Siga a leitura e entenda essa relação e os impactos na saúde mental.

Espiritualidade e Saúde

A espiritualidade é a conexão do ser humano com o Divino, o reencontro com a própria essência, com o próprio espírito e com a energia que o torna parte da Criação, não se limitando a uma filosofia ou doutrina, mas, ao mesmo tempo, podendo ser exercida por meio dela.

Há duas dimensões espirituais: a vertical, conhecida pela crença e relação com o transcendental e com a prática da religião; e a horizontal, na qual o significado da vida diz respeito às relações com o próprio eu, com as outras pessoas, com o ambiente e com a ideia de esperança.

Qualquer que seja a construção da espiritualidade, a relação que ela tem com a saúde é ancestral, estando presentes em todos os povos ao longo das eras e exercendo influências sobre o bem-estar geral e mental.

Mulher branca em paisagem natural ao pôr do sol de olhos fechados, como se estivesse rezando
Antonio Guillem / Shutterstock

O estudo “Experiências espirituais de transcendência em pacientes com câncer avançado”, realizado em 2013 na Suíça, concluiu que as experiências voltadas à espiritualidade promovem menos dor, menos ansiedade, maior aceitação de uma doença terminal e podem gerar uma nova identidade espiritual.

A espiritualidade pode fornecer meios para aumentar a regularidade de emoções positivas e, ao mesmo tempo, reduzir aquelas que conduzem a problemas e a enfermidades.

Entretanto, algumas pessoas, dependendo de como entendem a espiritualidade ou do vínculo religioso que estabelecem, enxergam a doença como uma “punição divina” ou uma penitência pela qual devem passar, alimentando sentimentos de culpa, se resignando e evitando ou abandonando os tratamentos médicos necessários, favorecendo, assim, situações de estresse e ansiedade.

Ansiedade e espiritualidade

Ao longo da vida, todos passam por ameaças à integridade física, emocional e mental que afetam o equilíbrio. São situações estressantes que exigem respostas adaptativas. Tais situações podem ser: separações, perda de emprego, mudanças no ambiente, a chegada de um bebê, doenças, luto, os próprios ciclos da vida etc.

Contudo, essas situações não deveriam levar o ser humano a transtornos de ansiedade, já que esses perturbam demais a vida pessoal, social e profissional, demandam muitos cuidados e podem durar muito e gerar outros problemas, tais como abuso de substâncias, depressão e até mesmo o suicídio.

De acordo com Lancetti e Amarante (2006), a saúde mental se relaciona a uma “mente saudável”, que vai além da ausência de distúrbios. Ela é a expressão da busca incessante para obter bem-estar e enfrentar os obstáculos. Envolve poder ampliar a consciência, o conhecimento, o próprio valor na sociedade e, ainda, compreender o sentido da vida.

A saúde mental representa o equilíbrio entre as dimensões do ser humano e se relaciona com a abertura às novas experiências e às mudanças cotidianas.

A espiritualidade, por sua vez, pode favorecer essa compreensão. Quando uma pessoa acredita que a vida está sob o controle de algo maior, ela tende a lidar melhor com as situações e consegue combater o sofrimento e as frustrações de modo mais otimista. Saber que há uma ajuda superior produz sentimentos de paz e de confiança.

A espiritualidade leva a pessoa a refletir sobre crenças, valores e a usufruir melhor das próprias capacidades. Ela estimula o ser humano a identificar um propósito, encontrar conforto e compreender os ciclos e a finitude da vida.

Uma pesquisa conduzida pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (MS) e pela Universidade de Juiz de Fora (MG), em 2014, identificou que quanto maior o grau de espiritualidade de uma pessoa, menor é o risco de ela desenvolver transtornos de ansiedade.

Quando os transtornos de ansiedade estão presentes, a espiritualidade ajuda a lidar com o sofrimento, a confiar nas próprias forças e nas alternativas para se recuperar, não desistir, enfrentar as situações estressantes e a se adaptar, estimulando esperança e positividade.

Ansiedade é espiritual?

Mulher com as mãos na cabeça e expressão de angústia
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Para algumas crenças religiosas, a ansiedade como transtorno da psique, pode ser facilmente associada a algum tipo de punição ou penitência. Porém, trata-se de uma perturbação que ocorre por diversos motivos, como fatores genéticos, o histórico familiar específico para o problema, fatores ambientais de estresse elevado, a estrutura psicológica da pessoa ou uma doença física, principalmente se ela for grave ou terminal.

A Ciência, de modo amplo, já apontou o agravamento do não tratamento dos transtornos de ansiedade, uma vez que a vida social e laboral dos pacientes é afetada, trazendo prejuízos para o processo de evolução, para a qualidade de vida e para o sentimento de felicidade tanto deles próprios quanto para o entorno.

Quando não tratada adequadamente, a ansiedade influencia negativamente a percepção de si e dos outros, a capacidade de enxergar o lado bom das coisas, as oportunidades de reflexão e de crescimento e a percepção do próprio papel no mundo e do propósito de vida. Ela provoca discórdias, agressividade, enganos, precipitação, avaliações equivocadas e várias doenças.

Pessoas ansiosas tendem a viver fora do tempo presente, com excesso de futuro e desejam ter controle sobre situações e pessoas. Acabam por perder a percepção de que há uma ordem no universo e que tudo tem uma razão e um momento para acontecer.

Os ansiosos patológicos deixam de reconhecer que todos desfrutam de livre-arbítrio e, portanto, fazem as próprias escolhas e tomam as decisões no tempo que julgam adequado, enfrentando as consequências sobre o que escolheram ou decidiram.

Segundo a visão espírita, por exemplo, a ansiedade se caracteriza pela inquietude do espírito, que se encontra em desequilíbrio. Os ansiosos, de algum modo, perderam a confiança na Providência Divina ou falta-lhes confiança em si mesmos e na própria capacidade realizadora.

Eles, por vezes, não conseguem ver a vida como uma dádiva, com gratidão, com alegria e com disposição para o perdão. Acabam nutrindo uma baixa vibração, ficando presas a sensações, emoções e sentimentos nocivos, que atraem energias espirituais densas e nefastas, que os mantém nessa sintonia e os tornam ainda mais doentes.

A causa da ansiedade pode vir de vidas passadas e de questões ligadas à infância, com origem nas cobranças dos pais sobre comportamentos e resultados ou de informações que geraram angústias e inseguranças.

Porém, todos vêm para essa vida com o propósito da evolução espiritual, o que requer saúde integral e autoconhecimento, de modo que cada um enfrente seus desafios com sabedoria, paz, fé e esperança.

A busca pela espiritualidade pode ajudar na ansiedade

Diante do exposto, vimos que a ansiedade pode favorecer a vida de uma pessoa, mobilizando-a a agir, a se proteger e a enfrentar as adversidades. Também pode ser um fator impeditivo para a vida social, profissional e evolutiva dela. Por isso, é fundamental procurar a ajuda de um médico psiquiatra ou de um psicólogo, quando:

  • ocorrer em momentos aleatórios, indevidos ou sem propósito;
  • for frequente, intensa e duradoura, interferindo nas atividades cotidianas;
  • estiver acompanhada de sudorese, palpitações, náuseas, tonturas ou outros sintomas descritos anteriormente.

É importante compreender que a angústia mental que surge após uma pessoa vivenciar ou presenciar um acontecimento traumático não significa um transtorno de ansiedade, mas exige cuidados. Por isso, o diagnóstico deve ser feito por um profissional especializado como um psicólogo ou psiquiatra. É ele quem tem condições de identificar e distinguir transtornos ou patologias.

Aliás, para realizar o diagnóstico, o profissional especializado adota critérios específicos e considera a gravidade de cada caso. Ele verifica se há outros transtornos que podem causar o problema, assim como gatilhos para crises, como hereditariedade, depressão, distúrbios do sono etc.

Além disso, ele ainda investiga a história de vida de cada pessoa para identificar os padrões comportamentais e possíveis formas de tratamento do problema. Pode solicitar exames físicos para identificar possíveis enfermidades que possam causar a ansiedade.

Mulher branca sentada no chão com várias velas e em ambiente calmo, de luz baixa
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Assim, a busca pela espiritualidade pode ajudar na ansiedade, mas mesmo que se recorra a ela e a terapias alternativas para tratá-la, a intervenção tradicional é essencial. Se for indicado tratamento medicamentoso, esse jamais deve ser paralisado ou substituído, o mesmo ocorrendo com as sessões de terapia.

Como a espiritualidade auxilia na melhora da ansiedade?

Conforme abordado, a espiritualidade colabora para a prevenção da ansiedade. Mesmo que a ansiedade ocorra de modo patogênico, a espiritualidade contribui no processo terapêutico, sendo até mesmo adotada como coadjuvante nos tratamentos convencionais. Isso ocorre porque ela oferece:

  1. Conexão com a essência divina e com a intuição;
  2. Desenvolvimento de crenças e habilidades para enfrentar desafios e transformar as dúvidas e incertezas em esperança e otimismo;
  3. Oportunidade para equilibrar a saúde física, emocional, mental, espiritual e social;
  4. Conhecimentos que podem ser úteis nas situações de estresse diante dos ciclos da vida;
  5. Conexão com valores pessoais, sentimentos e pensamentos;
  6. Estímulo ao autoconhecimento;
  7. Restabelecimento de vínculos primordiais com os familiares;
  8. Aumento da sensação de bem-estar;
  9. Desenvolvimento de aspectos subjetivos de fé, coragem, confiança, força interior, felicidade e esperança;
  10. Reflexão sobre o sentido da vida, o propósito de viver e os próprios recursos pessoais e espirituais para a busca de evolução;
  11. Estímulo para lidar com doenças graves, crônicas e terminais, levando a pessoa a acolher os tratamentos propostos pela medicina, psicologia ou outras áreas terapêuticas;
  12. A possibilidade de chegar a um estado de equilíbrio e de paz interior e conforto diante das situações difíceis da vida, como luto, tragédias e catástrofes;
  13. Recuperação mais rápida após os momentos de crises;
  14. Redução do estresse, aumento da resiliência e melhoria da qualidade de vida.

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Para concluir, a ansiedade pode ser prevenida por meio de práticas cotidianas que favoreçam o autoconhecimento e a conexão com a espiritualidade. Algumas alternativas são meditação, Yoga, oração, Constelação Familiar, Mindfulness, consumo de chás e uso de florais. Lembre-se de cuidar da saúde de forma integral, observando os aspectos físico, mental, espiritual e social. Cerque-se de energias positivas e busque o equilíbrio, a paz e a felicidade.

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