Autoconhecimento Comportamento

Se apaixone com pelo menos um dos pés no chão

Casal em um campo aberto ensolarado. O homem segura o rosto da mulher bem próximo ao seu e ambos sorriem.
Escrito por Ana Cerqueira

Olá, amigos, que bom estar de volta! A vida está corrida, mas adoro quando consigo achar um tempinho para falar um pouco sobre psicanálise e autoconhecimento. Espero que toda vez que você leia um post algo possa tocar seu coração e fazer com que reflita e se ame mais, além de começar a amar melhor quem está ao seu lado.

Hoje vou falar um pouco sobre paixão, tema recorrente no consultório. A paixão é uma coisa, não é?… uma coisa forte, uma coisa gostosa, uma sensação de levitação, de alegria constante, de necessidade constante do outro. Na paixão vemos tudo lindo, o sol brilha mais, o céu é mais azul, a vida é mais fácil, e é como se tudo de repente começasse a caminhar perfeitamente.

O outro é tudo que sonhamos e desejamos a vida toda. O outro é tudo que faltava, o outro é tudo que precisamos. O outro nos faz muito bem, nos dá carinho, faz um sexo maravilhoso, é cuidadoso, preocupado, atencioso. O príncipe ou a princesa dos contos de fadas.

Casal sentado lado a lado observando o horizonte ensolarado. Garota encosta sua cabeça no ombo do garoto.

Estar apaixonado é viver sorrindo, é fazer planos, é esperar ansiosamente pelo próximo encontro, é querer estar sempre junto, fazer tudo junto, viver tudo junto. Quando estamos apaixonados, vemos as coisas com mais brilho, os problemas se tornam menores do que são, as pessoas ficam mais bonitas, a vida fica mais leve.

Estar apaixonado é se entregar de corpo e alma, é acreditar que ser feliz é isso, e que é isso que queremos pra sempre.

Pra sempre… e criamos expectativas…

O problema é que pode demorar anos, mas a paixão tem prazo pra terminar. E aí começam todas as nossas frustrações, decepções e sofrimento. Idealizamos o outro quando estamos apaixonados, só enxergamos o seu lado bom, porque não queremos ver nada além disso.

Mas quando a paixão acaba não temos escolhas, teremos que encarar a parte escura da qual nos escondemos. A do outro e a nossa. Sim, a nossa também, porque precisamos do outro para enxergarmos o tanto de sombras que ainda temos que trabalhar.

Casal distante um do outro, sentados no banco de um parque. Cada um está em uma ponta, com a cabeça sobre as mãos, em sinal de desentendimento.

E aí começam os conflitos. As diferenças de pensamentos, as diferenças de ação, de sentimento, porque, sim, somos completamente diferentes um do outro, porque somos únicos.

Não existe a metade da laranja, não existe a tampa da panela, ninguém nunca vai tampar os buracos do outro, e na paixão temos essa ilusão.

Vamos aos poucos conhecendo quem verdadeiramente está ao nosso lado, e às vezes é tão diferente do que a gente idealizou que nos assusta.

Quer dizer então que não podemos nos apaixonar? De jeito nenhum, devemos, mesmo porque é praticamente impossível fugir dela, não é? E o que fazer? Se permitir, sim, viver tudo que tem que viver, receber e dar tudo que tem que dar, mas manter pelo menos um dos pés no chão. Como? Usando a razão para conversar consigo mesmo de que esse momento é paixão, que vai acabar um dia e começar a se preparar para isso. Como? Sendo o mais verdadeiro possível com o outro, o que é extremamente trabalhoso no processo, já que na paixão só mostramos nossas partes boas.

Mas não tem jeito, se não quer sofrer lá na frente, seja verdadeiro, seja você mesmo. E deixe o outro à vontade para fazer o mesmo. Se ame sempre em primeiro lugar, ainda não estamos preparados para ser diferentes.

Saiba a hora de impor limites, use a razão e não deixe a emoção te dominar 100% do tempo. Tome atitudes que possam te preservar lá na frente de um problema maior, seja psicológico, seja material.

Casal em frente a uma janela. O garoto apoia seu braço no ombro da garota e a observa. A garota olha para baixo.

Ouça a opinião de pessoas que te amam, não para que tome a decisão baseado no que elas falam, mas deixe o coração aberto para ouvir, e decidir conscientemente como seguir, por você.

Não se iluda, príncipe ou princesa encantados não existem. O que tem do outro lado é um ser humano como você, com defeitos e qualidades, e isso é bom, não é ruim. Após a fase da paixão, entra a fase do verdadeiro amor ou o fim do relacionamento. Começa o período da exposição das diferenças, dos conflitos, das descobertas, das divergências.

Se conseguir passar por isso, o amor se mantém. E é o amor que realmente importa, não é? Se superarmos a fase da paixão e seguirmos, aceitando o outro como ele verdadeiramente é, com seu lado bom e ruim, teremos a oportunidade maravilhosa de crescer e evoluir juntos. E muito.

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Pense bem, se apaixone, mas não deixe sua vida ser fundada apenas na emoção. Dá pra se apaixonar e usar a razão de vez em quando, é trabalhoso, mas garanto que você não vai se arrepender.

Um grande abraço e até a próxima.


Você pode acessar outros artigos dessa autora. Confira também: Expectativa X Frustração – Você tem criado muitas?

Sobre o autor

Ana Cerqueira

Sou Psicanalista Clínico, com especialização em Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente. Tenho graduação em Publicidade e pós-graduação em Comunicação Digital. Sou Autora do Blog “Amor pela Psicanálise”.

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