A arte é uma maneira pela qual o ser humano registra o que sente e experiencia desde os tempos antigos. A expressão criativa possibilita ter maior clareza por meio da percepção de nós mesmos e da interação com o mundo externo. A arte não é para quem nasceu com uma habilidade específica, pois todos somos seres artísticos, visto que nossa vida é a principal expressão de arte. Para reconhecer isso, entretanto, é preciso enxergar além e se permitir fluir.
Eu sempre gostei de pintar, desenhar, escrever e sinto que é vital expressar meus sentimentos, liberá-los para, então, ressignificá-los. Por um bom tempo, porém, bloqueei-me por comparações, até que me dei conta de que sou única no mundo e de que a forma como me sinto também e que, por isso, meu traço e minha forma de expressão artística não seriam iguais aos de outras pessoas. Com essa reflexão, comecei a me libertar e não parei mais de exercitar, de me expressar, sem pensar no resultado, apenas fluo com o processo.
A ferramenta que me auxiliou muito a soltar o controle e a deixar a criatividade me guiar foi a aquarela. A água não pode ser controlada, apenas conduzida, por isso a aquarela me ensinou que o equilíbrio está no movimento. Quanto mais pratico, mais confio no processo e entendo a importância de esperar, porque a água precisa secar para, então, continuar a pintar. Desde então, tenho aprendido sobre o tempo e a apreciar os intervalos.
Ao liberar o controle de pintar exatamente o que eu havia imaginado, a aquarela me deu a maior das lições: a surpresa. E ela acontece quando estamos abertos para recebermos o melhor da vida.
No livro “Pinte!: curso de desenho dinâmico para qualquer um com papel e pincel à mão”, de Sam Piyasena e Beverly Philp, há um trecho sobre a aquarela que diz:
“A aquarela é temperamental, meio que como uma criança. Às vezes ela é dócil, já em outras, a tinta corre por vontade própria e cria resultados imprevistos. Isso faz dela um meio excelente para se trabalhar. Às vezes os resultados inesperados são melhores e mais mágicos do que se podia imaginar, mas em outras ocasiões, não. Entretanto, não se pode negar que trabalhar com o imprevisível é criativo e divertido.”
(p.74)
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O controle é uma ilusão que dá a sensação de que podemos colocar o rio da vida em um aquário, mas não o é, pois viver é movimento em essência e o melhor que podemos fazer é nos entregar à essa dança. E é nesse momento que a magia de estar no aqui e agora se revela. Seja com a aquarela ou com outra ferramenta, o que importa é a permissão para experienciar a fluidez.
