Neste processo de elaboração de construções ecológicas, a tecnologia se faz essencial. A melhor forma de captar água da chuva, substituição de uma rede de energia elétrica por painéis solares, aproveitamento da ventilação e da iluminação naturais de um ambiente para evitar o uso de ar condicionado e a escolha de materiais sustentáveis são alguns que dependem de estudos e investimento.
Depois de 20 anos que esse conceito de construção passou a fazer parte das possibilidades de cada projeto arquitetônico, novos materiais sustentáveis foram desenvolvidos. O primeiro deles é a tubulação verde. Os canos comuns, de PVC, são produzidos a partir do petróleo, então geram resíduos tóxicos. Com a tubulação verde, os canos que conduzem água são produzidos com plástico verde, extraído do etanol da cana-de-açúcar. Essa tecnologia foi desenvolvida pela Braskem, uma empresa brasileira.
Há também os Módulos Solar Fotovoltaicos, que podem ser instalados em telhados. O objetivo deles é converter a luz do sol em energia elétrica que não causa impactos negativos no meio ambiente. Com os módulos, ainda é possível armazenar a energia captada e usá-la por até quatro dias em uma casa, por meio de baterias.
Outra alternativa para os telhados é a plantação de folhagens e pequenas árvores nessa região da casa. Para regiões mais chuvosas, devem ser escolhidas as plantas que precisam de água. É uma forma de conter a umidade da construção e, ao mesmo tempo, ganhar um telhado verde. No caso de regiões menos chuvosas, as plantas podem ajudar a limpar o ar, tornando-o mais úmido.
No caso de construções grandiosas, como hotéis e empresas, a tecnologia permitiu que fossem usados materiais já fabricados e que antes não tinham todo o potencial aproveitado. Os containers são utilizados pelo mercado náutico por somente oito anos, sendo que duram 100 anos. Reduzindo os custos com materiais de construção, projetos arquitetônicos ecológicos contam com o uso desses contêineres para providenciar a estrutura dos edifícios. Assim, os 92 anos ociosos desse material podem ser melhor aproveitados, além de contarem com revestimento à prova d’água.
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Outro exemplo de reciclagem de materiais é o tijolo produzido a partir de plástico que seria descartado. A tecnologia é italiana, da empresa Presanella Building System, mas já está presente no Brasil, em Alagoas e em Maceió. A novidade de baixo custo ainda permite que a fundação das casas seja feita com cimento, isopor e água, ampliando o isolamento térmico da residência.
O que seria um obstáculo para a implementação da arquitetura verde no início dos anos 2000 atualmente é um problema superado. Os materiais ecológicos são 5% mais caros que os convencionais e a instalação de painéis solares, por exemplo, pode ser um grande investimento. No entanto já é sabido que esse sutil aumento no custo da construção é compensado pela economia de cerca de 30% ocasionada pela sustentabilidade.
A aplicação da arquitetura verde já é uma tendência mundial, e é possível identificar construções desse tipo em todo o globo. No Rio de Janeiro, a casa folha é como uma casa indígena modernizada. A água da chuva é armazenada no telhado, coberto por materiais leves, e a ventilação e a iluminação são ampliadas pelo ambiente arejado e pela presença de vidro na estrutura.
Em Curitiba, a casa sem tijolos foi construída com madeira de reflorestamento, de maior durabilidade que os tijolos. A obra leva somente um quarto de tempo de uma construção convencional e gera uma economia de 80% em relação aos recursos a serem utilizados. Além de ser ecológica, a casa também é mais barata do que as tradicionais, podendo custar 360 mil. Por causa disso, o projeto está sendo utilizado pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”.
Em Brasília, a casa sustentável foi concebida para armazenar água da chuva e gerar um ambiente com circulação de ar. O sistema implantado é capaz de armazenar 35 mil litros de água a partir do telhado. Também é possível tratar todo o esgoto da casa, gerando mil litros de água diariamente, para outras demandas da residência.
Em Singapura, o Hotel Royal Park destaca-se por ter sido construído em metal e em vidro. Entre um andar e outro, árvores e arbustos fazem parecer que todo o edifício é como uma floresta vertical. Esse projeto foi premiado como o “Projeto de Menor Impacto Ambiental”, pela BCA Green Mark, que certifica construções desse tipo.
Em Nova Iorque, o Hearst Tower é um edifício reciclado e renovado. Usando a estrutura de um prédio antigo e reciclando o que foi demolido dela, os engenheiros e arquitetos criaram uma atmosfera iluminada utilizando painéis de vidro. O projeto foi reconhecido e se tornou o primeiro de Manhattan a ter a certificação do Leadership in Energy and Environmental Design.
Outro projeto certificado por esse programa foi o da Rochaverá Corporate Towers, em São Paulo. O edifício espelhado parece invisível por refletir o céu ao seu redor. Os profissionais que o construíram tinham como objetivo reduzir o uso de água e de energia, mas também criaram uma obra de arte arquitetônica.
Escrito por: Julia Gravalos Benini da equipe EuSemFronteiras