Doutrina Espírita Espiritualidade

Arte do desapego

Desapego. Como definir esta palavra? O dicionário nos diz: Qualidade ou estado de quem demonstra indiferença, desinteresse, desprendimento, pelas coisas ou por certa coisa em particular; despego.

Podemos então classificar em vários níveis de desapego:

Desapego material

– Limpar nossos armários sem sentimento de culpa ou medo por um dia precisar daquilo que se está doando.

– Auxiliar alguém em necessidade financeira sem se preocupar com o amanhã.

– Eliminar objetos sem observar-lhes o valor.

Desapego à superioridade

– Deixar o controle sobre pessoas ou situações.

– Não se acreditar insubstituível.

Desapego emocional
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– Deixar aqueles que amamos seguir seu caminho.

– Viver intensamente cada momento sem se preocupar com o futuro.

– Aceitar o desencarne com naturalidade.

Chegou o momento de uma autoanálise, para sabermos o quanto realmente já atingimos de evolução.

O Cristo nos ensinou através do Evangelho a cultivarmos o desapego em várias passagens, uma delas onde ele pergunta: “Quem são meus irmãos e minha mãe?”.

Outra ele diz a Nicodemos: “Para ver o reino dos céus terá que nascer de novo”. E assim, por toda sua passagem ele pregou a caridade como o caminho da salvação e o respeito a vontade do Pai acima de tudo.

Será que somos capazes de aceitar a vontade do Pai sem questionar como ensinou Jesus?

Aceitar a doença, a crise, o desemprego, a miséria e até mesmo a morte, sem questionar a superioridade de Deus.

Parece-nos difícil ainda, mas estamos aprendendo e temos certeza que os caminhos traçados para nossa vida podem ser suavizados quando aceitamos sem murmurar nossas provações. Isto não quer dizer que devamos nos acomodar e sim lutar com dignidade para superar as aflições da vida sem queixas ou lamentações.

Uma estorinha para gravar melhor

Um Monge que fazia sua peregrinação com um aprendiz, chega em uma casinha humilde e pede pousada.

O proprietário pai de família com a esposa e 3 filhos muito desnutridos recebe o monge e lhe diz:

– Amigo posso lhe oferecer a pousada simples porem temos apenas leite para beber nosso único ganha pão é esta vaquinha que nos da o sustento.

Durante a madrugada o monge se levanta chama seu discípulo e sai do casebre para seguir viagem sem avisar a ninguém.

Ao sair diz ao discípulo:

– Leva a vaquinha até o desfiladeiro e a empurra para baixo.

O discípulo indignado questiona o mestre:

– Este é o único ganha pão destes miseráveis, como posso fazer isto?

O mestre insiste o discípulo obedece e seguem viagem.

Por todo caminho o discípulo se questiona mentalmente o que tinha feito, mas o tempo passa e ele esquece o ocorrido.

Passados alguns anos eles retornam as mesma paragens. Ao longe deslumbram uma bela casa onde deveria estar o casebre. O aprendiz logo pensa:

– Coitados devem ter morrido de fome e outros estão na casa.

Ao chegarem são recebidos euforicamente pelo proprietário que os reconheceu de pronto e foi logo dizendo:

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– Monge na noite em que se foi ocorreu um acidente horrível, nossa vaquinha caiu no desfiladeiro e morreu. Passamos uns momentos de desespero, mas logo recebemos ajuda de uns vizinhos que nos deram grãos para plantar e hoje comercializamos no mercado e progredimos muito. Temos varias vaquinhas e uma grande plantação.

O Monge olhou para o seu discípulo com carinho que de pronto compreendeu a lição e seguiram vigem.

Na vida devemos ter “coragem para mudar o que podemos mudar, serenidade para aceitar o que não podemos mudar, e sabedoria para percebermos a diferença”.

Sobre o autor

Ivone Navas Munoz e Marcia Rubinatti

Ivone Navas Munoz e Marcia Rubinatti são espíritas desde 1980 e 1988, respectivamente. Além de participarem ativamente da Doutrina, lecionam juntas há mais de 17 anos o Curso de Educação Mediúnica, primeiramente no Grupo Espírita Irmã Clara e atualmente no Grupo Espírita Irmã Diva, em São Caetano do Sul. Ambas fizeram seus cursos de formação através da Federação Espírita de São Paulo.

E-mail Marcia: contato@marciarubinatii.com.br
E-mail Ivone: ivone.navas@uol.com.br