Em algum momento da sua vida, você já viu as pinturas Mehndi. São desenhos feitos na pele, usando uma tinta específica, e reproduzem arabescos e padrões bastantes detalhados. Embora não sejam permanentes, causam um grande impacto visual.
Além disso, as pinturas Mehndi não se restringem a uma escolha estética para destacar o corpo de uma pessoa. Sendo feitas principalmente nas mãos e nos pés de mulheres, elas apresentam um significado importante para a cultura de onde são originárias.
Ainda que sejam mais populares na Índia, a história mostra que, em aproximadamente 6000 a.C., nas regiões associadas à Turquia, à Síria e às Ilhas Gregas, já era possível identificar a aplicação das pinturas nas peles das mulheres. A seguir, compreenda os significados desses desenhos antigos!
Direto ao ponto
Significados das pinturas Mehndi
A palavra “mehandi”, como as pinturas Mehndi também são chamadas, é o nome popular da planta Lawsonya Inermis, utilizada no processo da pintura. A pasta produzida com tal planta, que dá forma aos desenhos, é conhecida como henna indiana.
A cor escura que a pasta das pinturas Mehndi apresenta não é útil apenas para fazer desenhos bem definidos. Na verdade, a henna indiana tem o poder de fortalecer a pele, as unhas e os cabelos, agindo como um antisséptico natural.
Unindo a estética à funcionalidade, então, na antiguidade as pinturas Mehndi eram realizadas no dia a dia pelas mulheres, para se enfeitar, se cuidar e se conhecer. Isso porque os desenhos reproduzidos nas pinturas Mehndi são representações do universo feminino, que unem e conectam as mulheres.
Sendo assim, feitos com formas circulares, os arabescos remetem aos ciclos que fazem parte da vida de uma mulher. Está tudo relacionado e apresentado de forma simbólica nas pinturas: o ciclo menstrual, as fases da Lua, o amadurecimento, o casamento, a maternidade, dentre outros.
Principais usos das pinturas Mehndi
Como dito anteriormente, durante a antiguidade era comum que as mulheres elaborassem pinturas Mehndi para o cotidiano. Era uma maneira de cuidar da pele, de se adornar e de reconhecer os próprios ciclos.
Embora essa tradição ainda permaneça e versões simplificadas da henna indiana sejam reproduzidas por muitas mulheres rotineiramente, há um outro uso para as pinturas Mehndi. Será que você já ouviu falar sobre ele?
No dia do casamento de uma mulher indiana, é comum que ela tenha algo como um dia da noiva, porém, em vez de ficar em um spa ou sendo mimada em um salão de beleza, ela, as amigas e as familiares reúnem-se para pintar os arabescos mais minuciosos nos pés e nas mãos da noiva.
Dessa maneira, as pinturas Mehndi são uma maneira de estreitar os laços, de compartilhar dúvidas, anseios, medos e de ouvir outras experiências de quem já passou por outros ciclos da vida.
Essa prática é de suma importância para o universo feminino, sendo uma celebração da vida, do crescimento e do contato entre mulheres que se amam. Logo, as pinturas Mehndi exercem uma função social relevante para as indianas.
Qualquer pessoa pode ter pinturas Mehndi?
Em um mundo globalizado como o que vivemos, muitas pessoas tomam conhecimento de rituais, de acessórios e de tradições de uma série de culturas. E, por isso, é comum que esses indivíduos sintam vontade de reproduzir aquilo que acham bonito, mesmo que não faça parte da cultura nativa deles.
Ao pensar sobre isso, entramos na discussão da apropriação cultural. Pela antropologia, esse termo refere-se ao uso de um elemento de uma cultura por uma cultura distinta, entretanto, se analisarmos esse conceito de forma política, chegaremos a uma conclusão mais profunda.
Em geral, a apropriação cultural ocorre quando uma cultura dominante toma posse de um artigo de uma cultura oprimida. Enquanto esse artigo é visto como algo negativo na cultura oprimida, na cultura dominante ele se torna um objeto de adoração.
Então se uma pessoa que pertence à cultura oprimida quiser utilizar aquele artigo que é dela por direito, será duramente criticada pelos integrantes da cultura dominante. Por outro lado, se um indivíduo da cultura dominante quiser usar o mesmo artigo, não enfrentará qualquer problema.
Depois de compreender o que é a apropriação cultural e como ela se manifesta na sociedade, assim, questiona-se: reproduzir as pinturas Mehndi no próprio corpo sem fazer parte da cultura que a criou se encaixa nesse conceito? A resposta é sim, essa atitude pode ser interpretada dessa maneira.
Se você é uma mulher brasileira e quer fazer pinturas Mehndi no dia do seu casamento, por exemplo, é preciso que você compreenda que elas não são apenas um desenho. Existe um simbolismo por trás delas, que identifica uma cultura específica.
Logo, você pode fazer o que quiser com o seu corpo, mas tenha consciência de que a sua atitude de reproduzir uma cultura que não é a sua pode causar desconforto em outras pessoas. Reflita sobre isso antes de tomar uma decisão!
Henna de praia e henna indiana são iguais?
Ao ler a palavra “henna”, talvez você tenha imaginado que já sabia do que se tratavam as pinturas Mehndi. Apesar disso, é importante que você saiba que a henna utilizada na praia não é igual à henna indiana.
A henna indiana é produzida a partir de uma planta avermelhada, sendo um pigmento natural e que dificilmente provocará alguma intoxicação na pele, porém, para tornar esse pigmento mais escuro, acrescentam-se produtos químicos, que podem prejudicar o corpo. A henna de praia é a que leva esses produtos e é mais perigosa do que a indiana.
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Sendo assim, se você quiser realizar as pinturas Mehndi no seu corpo e tiver certeza de que essa atitude provocará apenas bons sentimentos em você e em outras pessoas, procure auxílio profissional.
A partir de cada uma das informações apresentadas, conclui-se que as pinturas Mehndi fazem parte da cultura indiana. Elas são uma maneira de unir as mulheres e de conectá-las aos próprios ciclos, sendo especialmente utilizadas em momentos importantes, como no dia do casamento. Continue aprendendo sobre outras culturas para ampliar seus conhecimentos sobre o mundo!