O filme “As Aventuras de Pi”, lançado no ano de 2012, é baseado no livro de Yann Martel, intitulado “A vida de Pi”, que foi indicado a vários prêmios – inclusive recebendo 11 indicações ao Óscar – atingindo uma bilheteria de 609 milhões de dólares. O filme mais é um relato sobre a sobrevivência do que uma simples história adaptada para um enredo de cinema. A sinopse baseia-se em uma infinidade de simbolismos sobre fé, destino, o verdadeiro sentido da vida e sobre a capacidade humana de enfrentar os seus problemas de uma forma positiva.
A história inicia-se quando o jovem Pi e a sua família encerram as atividades do seu zoológico na Índia e decidem se mudar para o Canadá. A viagem é feita em alto-mar, mas a o navio deles acaba naufragando, e é neste momento em que somente Pi sobrevive em um barco salva-vidas. Completamente perdido no oceano, o jovem sobrevivente precisa dividir o bote com o temido tigre-de-bengala, de nome Richard Parker. No decorrer do filme, Pi percebe que é possível domar o tigre com um apito e acaba criando uma ligação profunda com ele.
O próprio protagonista Pi já afirma no início da narração que a sua jornada no oceano seria uma “história para crer em Deus”, em vez de lidar com aquela situação traumática como um peso na sua vida. A verdade é que este filme é um mar de ensinamentos para a vida de todos os seres humanos. Entenda neste artigo a profundidade do filme “As Aventuras de Pi” e desperte uma visão mais positiva sobre a vida humana diante de inúmeras situações.
O que você encontrará neste artigo:
Interpretação do filme “As Aventuras de Pi”
Se você já assistiu a este filme, sabe que ele conta duas narrativas de uma única história a partir de metáforas e do que realmente aconteceu no enredo. Durante a aventura em alto-mar, Pi está em um bote salva-vidas com mais alguns animais – que logo são mortos. O único animal que sobrevive na trama e acompanha o jovem Pi nesta jornada é o tigre de bengala. Juntos, eles vivem muitas aventuras no mar durante o longo tempo em que ficaram a deriva. Em um determinado momento do filme, Pi consegue comandar o tigre com um apito e acaba se aproximando de alguma forma do animal.
Pi e o tigre se separam quando o jovem é resgatado, e no final da história, podemos perceber que boa parte da narrativa contada por Pi, é uma modificação feita pelo mesmo a partir da versão real dos fatos. Na verdade, os animais que passaram pelo barco representam os familiares sobreviventes do naufrágio, além de Pi. O mais curioso do filme, é que o tigre que despertava medo no jovem e que ao mesmo tempo fez com que ele aprendesse a lidar com esta sensação de temor, era o próprio Pi.
Podemos entender que o pequenino Pi deu vida a uma história completamente diferente para amenizar a brutalidade do que era real. E ele foi tão convincente, que a versão metafórica foi considerada a verdadeira por toda a mídia.
Para completar a extrema complexidade e profundidade do enredo, Pi questiona a uma pessoa no final do filme qual das duas versões da história ela mais gosta, e recebe “a segunda” como resposta. Com isso, podemos entender que nós temos o poder de escolher no que vamos acreditar, e por conseguinte, escolher a forma que enxergaremos as situações da vida. É importante saber que isso influencia em como viveremos as nossas vidas.
O sagrado de Pi : o céu, o mar e o tigre
No filme, podemos perceber a força que o céu e o mar representam juntos, quando se unem em meio à tempestade, à escuridão, ao terror, ao medo que Pi sente diante do olhar do tigre e das movimentações amedrontadoras das águas. A união destes elementos reforça os aspectos naturais do homem: o medo, a gana pela sobrevivência e o lado selvagem que precisa manter o tigre sempre alimentado para que ele não cause nenhum dano a Pi.
Estes detalhes do filme enfatizam o Sagrado que existe dentro de cada pessoa, neste caso, dentro do jovem Pi. Quando a natureza se funde, seja na calmaria das águas ou nas tempestades que o vento causa, Pi se torna o reflexo do Universo onde ele é o centro do próprio mundo: tudo o que ele consegue observar naquele momento, é quem ele realmente é diante de todas essas situações amedrontadoras e em alguns momentos, belas.
Com isso, entendemos que o profundo Sagrado de Pi é uma mistura de espanto e deslumbramento, encanto e medo. O céu, o mar e o tigre promovem uma experiência que se resume às constantes ações e condicionamentos que mantêm o jovem Pi sob o controle de tudo. A mente do protagonista torna tudo mais belo, pois nós temos o poder de escolher como lidaremos e enxergaremos as situações que a vida nos apresenta.
Significado espiritual
No filme “As Aventuras de Pi”, o jovem Pi comove o público ao agradecer toda a pequena conquista que obtém em meio a um cenário desesperador. Até mesmo a presença do tigre nos mostra que mesmo quando somos ameaçados de alguma forma, as adversidades da vida agem como motivação para que não deixemos os nossos propósitos de lado. Se você analisar, Pi mantém o tigre alimentado durante todo o longa, o que significa que mesmo na aflição, ele não negligenciou outro ser vivo por causa de medo ou de dúvidas.
O lado espiritual desta narrativa é bem profundo e faz com que enxerguemos as situações de vários ângulos, não somente com o padrão negativo que seguimos ao passar por tempestades na vida real. Existem várias coisas acontecendo ao nosso redor o tempo todo, e a forma que nos comportamos é o que decide como cada uma será resolvida.
Pi era um jovem que seguia a razão e a filosofia do seu pai, e ao se deparar com tantos acontecimentos negativos, conectou-se com o Sagrado e começou a ser mais profundo e a agir de uma forma grata, o que levanta mais questionamentos ainda sobre a espiritualidade do filme. De um certo modo, podemos entender que em um momento de aflição o nosso espírito desperta e recorre a uma força maior, a Deus. Mas será que precisamos de uma tempestade para começar a ter fé na vida?
Qual a moral da história das Aventuras de Pi?
Depois destas explicações sobre o filme, podemos entender que a moral da história é a fé e o posicionamento que nós seres humanos temos diante das situações da vida. Mesmo em meio a tanto desespero, o protagonista consegue lutar. Mesmo sentindo muito medo, ele consegue se manter firme e fazer com que o seu desejo pela vida não diminua. Pi tem a capacidade de transformar uma tragédia em um sonho, o que significa que ele ama a vida e que nele moram inúmeros impulsos que o mantêm vivo. Os cenários de tempestade até podem assustá-lo, mas não o fazem parar!
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Quando você passa por alguma aflição, você reclama e desiste ou você agradece e persiste? Pi é um exemplo de persistência e de boa fé. Ele foi positivo em todos os momentos e usou as dificuldades para vencer, como fez com o tigre quando aprendeu a domá-lo e o manteve alimentado. Além de toda a esperança e garra que este jovem nos mostrou durante o filme, ele não permitiu em nenhum momento que os acontecimentos ruins da sua vida o definissem. Ele quis criar uma nova história, ele recomeçou com o seu forte amor pela vida.
Ao nos apresentar as duas histórias, Pi ressaltou que o ser humano sempre tem duas opções: enxergar a vida de uma forma positiva ou negativa. Mas saiba que ser positivo são significa viver em um mundo irreal, significa apenas ser otimista, pois tudo depende de nós.