Transtornos mentais, também chamados de doenças mentais, são um conjunto de condições que podem alterar o funcionamento da mente de uma pessoa, provocando alterações no humor, no ânimo e na forma de pensar. Essas condições podem ser causadas por um fator externo, como uma situação estressante ou um trauma, ou por um fator interno, como insegurança, ansiedade e tristeza persistente.
Antigamente, as pessoas que sofriam com algum transtorno mental eram excluídas da sociedade e apontadas como loucas. Acreditava-se que elas não deveriam fazer parte da população por agirem de forma diferente da maioria. Até então não eram realizados estudos aprofundados sobre essa questão. A desinformação transformou o tema em um tabu; mesmo nos dias de hoje é discutido com ressalvas e raramente recebe destaque na mídia.
Felizmente, as pesquisas sobre transtornos mentais avançaram com o tempo. Atualmente existem dados, tratamentos e formas de identificar os sintomas das mais variadas doenças mentais. Os exercícios físicos, por exemplo, são importantes aliados nesse processo de vencer os transtornos mentais.
Para entender melhor quais são as doenças mentais mais comuns e qual é a função dos exercícios físicos para as pessoas que sofrem com alguma delas, confira os tópicos a seguir!
Transtornos mentais mais comuns
1) Depressão
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é o transtorno mental mais comum no mundo. O Brasil é o país latino que apresenta a maior quantidade de casos de pessoas depressivas, atingindo 11,5 milhões de cidadãos.
A depressão é caracterizada por uma tristeza permanente que pode ser desencadeada por uma situação estressante e tem impactos negativos na vida da pessoa ou por questões internas, como não ver sentido em viver, insegurança sobre si mesmo e fadiga.
2) Transtorno de ansiedade
O Brasil é o país mais ansioso do mundo, segundo dados divulgados pela OMS. O transtorno mental popularmente conhecido como ansiedade está presente em cerca de 18,6 milhões de pessoas brasileiras.
O sentido popular de ansiedade, que é a empolgação para uma viagem ou para um evento, não se relaciona com o transtorno de ansiedade. A doença mental refere-se a uma preocupação excessiva sobre o futuro, ao medo de situações do cotidiano, aumento repentino da frequência cardíaca e sudorese.
3) Transtorno bipolar
Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, os casos de pessoas que sofrem com essa doença mental envolvem 8 milhões de brasileiros. Estima-se que o transtorno bipolar seja mais presente em jovens menores de 20 anos de idade, que caracterizam 60% dos casos.
O transtorno bipolar é caracterizado por dois aspectos: depressão e mania. Durante a depressão, a pessoa não tem disposição para realizar atividades simples, sente-se triste o tempo todo e dorme mais do que o normal. Na fase de mania, são comuns a obsessão por alguma atividade, a insônia e a perda de contato com a realidade.
4) Demência
Mais de 50 milhões de pessoas, em todo o mundo, são afetadas por demência, de acordo com a OMS. Esse transtorno mental é mais comum na população idosa, sendo frequente em pessoas com mais de 65 anos de idade.
O que caracteriza a demência é a perda da memória e do discernimento. Quem sofre com transtorno mental se esquece de quem é, tem dificuldade para reconhecer parentes e amigos e pode agir de forma agressiva tanto física quanto verbalmente. As funções do cotidiano também são prejudicadas.
5) Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
Conhecido pela sigla TDAH, o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade atinge 2 milhões de brasileiros, de acordo com a OMS. Muitas vezes é possível identificar o transtorno ainda na infância, mas ele não tem cura.
O transtorno de déficit de atenção com hiperatividade inclui sintomas como dificuldade para prestar atenção ou para se concentrar em uma atividade, hiperatividade e impulsividade. É comum que uma pessoa que sofre com esse transtorno mental tenha insônia, sinta raiva com frequência e aja de forma agressiva.
6) Esquizofrenia
No Brasil, 2.5 milhões de pessoas são afetadas por esquizofrenia, de acordo com dados da OMS. Esse transtorno mental é um dos mais estigmatizados, que carrega o estereótipo de que as pessoas esquizofrênicas são loucas e devem ser excluídas da sociedade.
A esquizofrenia é um transtorno mental que afeta o comportamento e os pensamentos de uma pessoa, impedindo que ela aja por si e com clareza. Os sintomas variam de pessoa a pessoa, mas podem incluir agressividade, confusão, paranoia, alucinação, fadiga, ansiedade e dificuldade para falar.
7) Transtorno obsessivo-compulsivo
Dados da OMS revelam que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) atinge cerca de 2.5% da população mundial. Embora muitas pessoas aleguem que sofrem de TOC ao sentirem a necessidade de arrumar alguma coisa, esse transtorno mental é muito mais que isso.
O transtorno obsessivo-compulsivo é caracterizado por pensamentos excessivos sobre uma questão, o que leva a comportamentos repetitivos; ou seja, uma pessoa sente um medo excessivo de que algo aconteça, então adota uma sequência de atitudes para evitá-la. É um transtorno mental obsessivo.
8) Autismo
Autismo é um transtorno mental que pode assumir diferentes formas. De acordo com dados do Center of Deseases Control and Prevention (CDC), órgão governamental estadunidense, 1 em cada 110 pessoas são autistas em todo o mundo. Seguindo essa estatística, o Brasil apresentaria 2 milhões de casos de autismo.
O autismo é um transtorno mental que afeta o sistema nervoso, comprometendo as capacidades que a pessoa poderia ter para interagir com outras pessoas, comunicar-se e agir de acordo com as regras. Choro, falta de contato visual, agressividade, sensibilidade ao toque e dificuldade para falar são alguns dos sintomas mais frequentes.
9) Estresse pós-traumático
Segundo a publicação estadunidense Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, estima-se que 1% da população mundial sofra com estresse pós-traumático, também conhecido como TEPT.
O transtorno de estresse pós-traumático é causado pela dificuldade que uma pessoa tem de se recuperar de um evento traumático, que colocou a vida dela ou de uma pessoa querida em risco. Os principais sintomas são ansiedade, flashbacks do evento traumático, pesadelos, insônia, ataque de pânico, culpa e medo intenso.
Exercícios físicos e saúde mental
Depois de conhecer os transtornos mentais mais comuns, basta compreender quais deles podem ser aliviados por meio de exercícios físicos e como essa atividade pode ser importante no tratamento das doenças mentais.
Quando uma pessoa está praticando um exercício físico, independentemente de qual seja, o cérebro atinge o ápice de atividade. Impulsos elétricos são responsáveis por promover o bom funcionamento do organismo. A prática de exercícios estimula esses impulsos, fornecendo energia e disposição mesmo após a atividade física.
Outro efeito dos exercícios físicos sobre o cérebro é que as informações que nos cercam são absorvidas com mais facilidade, porque o córtex visual, que coleta todas as imagens, é estimulado. Isso acontece porque a adrenalina é capaz de excluir as informações que não são importantes para o corpo, focando somente naquilo que pode ser interessante em uma situação de êxtase.
Como os exercícios físicos aceleram os batimentos cardíacos e o bombeamento de sangue, também são importantes na hora de ativar o corpo e a mente. A liberação de hormônios da felicidade, como endorfina e serotonina, acontece principalmente durante a prática de um exercício físico.
Dessa forma, os benefícios provenientes da prática de atividades físicas são essenciais no processo de tratamento de transtornos mentais. Para determinadas doenças há alguns exercícios que são mais recomendados. Confira!
1) Depressão
Exercícios aeróbicos, de força e de baixa intensidade são ideais para amenizar os sintomas da depressão. Alongamento, musculação e caminhada são boas apostas para o cotidiano dessas pessoas.
2) Transtorno de ansiedade
Andar de bicicleta e praticar corrida são dois exercícios muito recomendados para quem sofre com transtorno de ansiedade. Sendo duas atividades que demandam muita energia do corpo, é por meio delas que uma pessoa obtém os hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar.
3) Transtorno bipolar
Uma atividade física intensa em um momento do dia pode ser essencial para uma pessoa que sofre de transtorno bipolar. A intensidade do exercício irá estimular a produção de energia para o restante do dia, auxiliando no desenvolvimento de uma rotina.
4) Demência
Exercícios aeróbicos diários são muito importantes para prevenir a demência. Se uma pessoa já sofre com a condição, também pode praticá-los. Com vinte minutos de exercício já é possível estimular a circulação sanguínea e o bom funcionamento do cérebro.
5) Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade
Exercícios físicos de média intensidade, como uma corrida de pouca duração ou andar de bicicleta em uma superfície plana, podem ajudar uma pessoa que sofre de transtorno de déficit de atenção com hiperatividade a desenvolver a concentração e o foco.
6) Esquizofrenia
A prática de um esporte é a mais recomendada para pacientes diagnosticados por esquizofrenia. Essa atividade pode auxiliar na compreensão da realidade, a partir das regras do esporte e da necessidade de movimentar o corpo com precisão.
7) Transtorno obsessivo-compulsivo
Com uma atividade aeróbica praticada de 3 a 5 vezes por semana, a pessoa que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo será capaz de diminuir o estresse e o medo gerados por alguma situação.
8) Autismo
Os exercícios mais indicados para quem tem autismo são aqueles de baixa intensidade. Equinoterapia e caminhada podem estimular as percepções sobre o ambiente e sobre a realidade, ainda que não promovam o contato com outras pessoas. Aos poucos, esportes coletivos podem ser acrescentados na rotina.
9) Estresse pós-traumático
Os exercícios físicos intensos, que liberam hormônios responsáveis pelo bem-estar, são fundamentais para uma pessoa que sofre de estresse pós-traumático. Por meio deles é possível distrair a mente da situação estressante e empregar energia em uma atividade que trará prazer.
Procure ajuda profissional
Se você já está fazendo algum tratamento para um transtorno mental, converse com seu(ua) médico(a) sobre a possibilidade de incorporar algum dos exercícios físicos citados à sua rotina.
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Se você se identificou com algum dos sintomas apresentados no tópico “Transtornos mentais mais comuns”, o ideal é que você procure auxílio psicológico. Exercícios físicos praticados sem acompanhamento médico e sem terapia não são suficientes para tratar qualquer uma das doenças mentais apresentadas.