A demanda por autoconhecimento é consolidada no nosso dia a dia. Falamos nisso constantemente e temos curiosidades inefáveis sobre o assunto. Como eu realmente sou? Quem sou eu, de fato? Como poderia vir a conhecer aquelas partes de mim que ignoro ou desconheço?
Conhecer-se é, ou pode ser, o primeiro passo para mudar-se para melhor, como não poderíamos deixar de querer. A perspectiva existencialista vai focar mais não no autoconhecimento como técnica cognitiva, mas na autoinvenção como técnica pragmática.
Desde que o inconsciente foi postulado, antes mesmo do austríaco Sigmund Freud, por diversos psiquiatras, psicólogos e filósofos do século 19, explorar as motivações, os desejos, as crenças ou pensamentos automáticos se tornou algo muito premente. Isso não é exatamente uma novidade, como não lembrar do famoso “Conhece-te a ti mesmo” do Oráculo da Grécia Antiga?
Nestas histórias antigas, a tragédia consistia em, ao tentar conhecer-se e alterar seu próprio destino, acabar engendrando a própria desgraça, como na obra “O Édipo-Rei”. Mas a cultura contemporânea concede um espaço de saúde para a criação e o cuidado de si.
Fato é que talvez não seja possível mudarmo-nos ou mudar o nosso destino, ao simplesmente conhecermos quem somos. Mas talvez possamos mudarmo-nos e mudar o nosso destino, ainda que não saibamos exatamente o que somos: daí a ideia da autoinvenção, ou criação de si. Como conhecer aquilo que é dinâmico? Como conhecer aquilo que é indeterminado?
Como conhecer aquilo que transforma-se com o passar do tempo, como é o caso do ser humano?
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Não vou me furtar ao tema, e espero poder trazer pequenos mapas para esta busca, nos próximos textos, mas já queria deixar plantada aqui esta sementinha: além do autoconhecimento – buscar saber aspectos de nós como se estes fossem dados, acabados, construídos e não pudessem ser modificados, vale a pena entender o caráter dinâmico da nossa essência e perguntar-se não exatamente quem sou, mas quem quero ser.