Autoconhecimento

Autoconhecimento: assunto inesgotável?

Escrito por Ana Racy

Sim é a resposta! Por que desde a antiguidade se fala sobre esse tema? Porque a forma de evoluirmos para alcançar um estado de plenitude ou para nos tornarmos self, segundo Jung, é conhecermos a nós mesmos.

Daniel Goleman, no livro Inteligência Emocional, usa o termo “autoconsciência” para expressar um estado de atenção para o que sentimos internamente. A autoconsciência nos dá a possibilidade da autorreflexão até nos momentos de maior intranquilidade. O que isso significa exatamente? Isso significa observar as emoções que estamos sentindo nos diferentes momentos de nossas vidas e saber nomear cada uma delas.

Muitos de nós fomos ensinados que sentir raiva é feio, como se isso mostrasse aos outros o nosso pior lado. Assim, cada vez que sentíamos a tal raiva, precisávamos escondê-la dos outros para que não fossemos chamados de descontrolados, mal-educados e grosseiros. Hoje sabemos que toda vez que guardamos uma emoção, sem a compreensão do acontecimento que a gerou, ela pode ser expressa através de uma dor física, chamada somatização.

O autoconhecimento através da autorreflexão nos permite perceber a raiva, por exemplo, no momento em que ela está se manifestando e a grande vantagem disso é que a partir do momento que sabemos o que sentimos, damos o primeiro passo para termos o controle sobre essa emoção.

Esse controle nos possibilita escolher entre vivenciarmos a raiva ou elaborarmos essa emoção pela compreensão dos porquês, e nos tornarmos cada vez mais conhecedores da nossa essência e daquilo que pretendemos nos tornar.  

Existem pessoas que não conseguem ter o controle sobre suas emoções, acabam sendo dominadas por um estado de ira ou qualquer outra emoção negativa e não conseguem sair dessas situações que as impedem de evoluir.

A inteligência emocional nos mostra a importância de identificarmos e compreendermos nossas emoções e termos cada uma delas como aliadas em nossas vidas.

Sigmund Freud diz que “grande parte da vida emocional é inconsciente; os sentimentos que se agitam dentro de nós nem sempre cruzam o limiar da consciência”.  Aquilo que está no inconsciente nós não conhecemos, mas sentimos as consequências e são essas que chegam em forma de emoções positivas ou negativas. O positivo não causa desarmonia e o negativo é o que temos a chance de melhorar.

As emoções que nos trazem a oportunidade da evolução são aquelas que chegam até a boca para serem despejadas para fora sem qualquer traço de razão. E esse é o momento exato para avaliarmos nossas reações frente ao ocorrido e decidirmos se continuamos com os mesmos sentimentos ou mudamos pela compreensão dos porquês.

É importante sabermos que a forma como reagimos é aquela que vem do inconsciente. Se reagimos com raiva, raiva é o que sentimos.

Uma dica para trabalharmos a raiva quando ela se faz presente é aceitarmos quando essa emoção chega e darmos nome a ela, por exemplo: “Estou sentindo raiva” e em seguida, escolhermos a forma como queremos lidar com isso. Por exemplo, reforçarmos esse padrão de sentir raiva ou começarmos a pensar na sua origem.

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O nosso passo de mudança e evolução está em começarmos a perceber essas situações em nosso dia a dia.  Portanto, os nossos maiores desafios e desafetos são, também, os nossos maiores mestres. Se estamos em busca do autoconhecimento e da evolução moral, emocional e espiritual, nos reconhecermos e aceitarmos como seres imperfeitos nos torna mais próximos dessa conquista.

Que possamos caminhar a cada dia um pouquinho mais na escala evolutiva. 

Sobre o autor

Ana Racy

Psicanalista Clínica com especialização em Programação Neurolinguística, Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente, Microexpressões faciais, Leitura Corporal e Detecção de Mentira. Tem mais de 30 anos de experiência acadêmica e coordenação em escolas de línguas e alunos particulares. Professora do curso “Psicologia do Relacionamento Humano” e participou do Seminário “O Amor é Contagioso” com Dr. Patch Adams.

E-mail: anatracy@terra.com.br