Autoconhecimento

Autoconhecimento não é uma varinha mágica

Escrito por Dulcineia Santos

Há dois meses comecei a fazer um Bullet Journal. Para quem não conhece, é um planner, uma agenda um pouco mais elaborada onde você pode não só colocar seus compromissos, mas também acompanhar o sucesso de seus hábitos, anotar livros que você quer ler, motivos pelos quais ser grata, enfim, você personaliza a cara do livro e ainda põe a criatividade em prática.

Ao acompanhar os meus hábitos, notei o quanto de tempo dedico ao meu autoconhecimento e práticas de equilíbrio espiritual e emocional: atualmente faço um exercício diário de harmonização de chacras, uma meditação guiada pelo Deepak Chopra que dura 21 dias, leitura de algum livro ligado ao assunto e algumas perguntas de Access® para me ajudar a manifestar a vida que eu almejo.

Faço ainda uma sessão semanal de terapia para a mente e uma através do corpo (dança), trocas com amigos discutindo os temas à medida que surgem. A cada semana o meu terapeuta me indica documentários e vídeos para assistir, e eu considero os textos que escrevo também como parte desse trabalho.

Fora isto, é claro, tenho que cuidar dos meus estudos na faculdade, da minha casa, da minha relação e do meu trabalho.

Conheço gente que faz muito mais: outro dia li sobre uma pessoa que trabalha com cura e que disse investir duas horas por dia em ações de limpeza do seu canal com o terapeuta.

O fato é que autoconhecimento demanda tempo, não tem jeito. Nós vivemos em um mundo em que se espera por resultados imediatos: você se lembra da internet discada, quando tinha que esperar um tempão para conseguir conexão, e ela caía toda hora? Agora se a internet falha por dois segundos, já ficamos frustrados.

A viagem de férias que antes levava dias, agora pode ser feita em duas horas, no conforto de um avião. Se o avião avisa que vai atrasar meia hora, ficamos frustrados.

Acabamos levamos isto para o nosso desenvolvimento: queremos resultados imediatos. Queremos fazer uma meditação por três dias e mudar um estado de insatisfação que alimentamos por toda uma vida. Queremos fazer um retiro de final de semana e sair iluminados de lá. Se esse resultado não vem rápido assim, desistimos.

Isso ficou bem claro para mim com relação ao meu trabalho: poucas pessoas se habilitam a fazer um processo de Coaching de 10 semanas, em que dizemos: “a responsabilidade é toda sua: o resultado dependerá de você ter feito as ações estabelecidas durante a semana”.

Meu trabalho de cura é muito mais bem aceito: a pessoa não precisa fazer nada, sou eu quem durante a semana trabalho na purificação do meu canal, preparo o ambiente e me sento por 50 minutos para fazer o trabalho. É raro a pessoa me perguntar: “Dulci, além desta sessão o que mais eu posso fazer para alcançar o resultado?”. Estas são as curas mais bem-sucedidas.

Alan Watts, no Ted Talk sobre o Universo das Emoções, fala que a maioria das pessoas estaciona na criança de nove anos. Você pode ter seu trabalho, sua família, mas ainda é uma criança de nove anos, com aquelas vontades e insatisfações. E o que quer uma criança de nove anos? Uma varinha mágica.

Há quem dirá: “Eu não tenho esse tempo, trabalho das oito às seis, tenho filhos, etc”. Eu consigo pensar em duas outras possibilidades, em uma delas, você desliga o Netflix e o WhatsApp e começa com cinco minutos por dia onde você simplesmente se escuta, nada mais além disso. Você respira um pouco e se pergunta: “O que estou sentindo?”, simples assim.

Depois você pode evoluir para: “Por que estou sentindo isto?” ou “O que provocou esse sentimento?”, aos poucos essa prática vai se tornar natural, você vai se pegar fazendo isto sem precisar se sentar. Só isto já vai fazer uma grande diferença na sua vida, pois te colocará em um estado de presença e consciência, e não vivendo como se as coisas simplesmente acontecessem sem que você tivesse controle (ou responsabilidade) sobre elas.

A outra possibilidade que eu consigo enxergar é: você realmente quer viver uma vida em que não tenha tempo para se autoconhecer? Você quer olhar para trás um dia e dizer: “Não pude trabalhar no meu autoconhecimento. Estava muito ocupado pagando minha hipoteca”? Se a resposta for não, unicamente se abra para a possibilidade de existir outro caminho.

Você pode simplesmente soltar essa pergunta para o Universo todas as manhãs: “Como posso viver uma vida em que eu tenha abundância de recursos e de tempo?”.

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Sobre o autor

Dulcineia Santos

Dulcinéia Santos é consultora de desenvolvimento para a maturidade, praticante certificada da ferramenta MBTI® de tipos psicológicos e coach. É também autora do livro “A Namorada do Dom”, em que conta as lições que aprendeu nos relacionamentos e na sua jornada até a Suíça.

Acredita que a vida é cheia de lições e que se não as aprendemos não passamos pro próximo nível do jogo. Saiu de casa cedo e foi morar no mundo – agora está na Suíça, onde estudou antroposofia por três anos. Gosta de tomar cerveja no boteco enquanto papeia, de aconselhar, da língua portuguesa, de cozinhar, de ficar só e de flexibilidade de horários. É esotérica, mas acha que estamos encarnados para viver as experiências terrenas com o pé no chão – de preferência dançando.

Formações:

Bacharel em línguas aplicadas

Brain Based Coaching Certification
NeuroLeadership Group – Londres

MBTI® – Myers-Briggs Type Indicator – Step I and Step II
Myers-Briggs Foundation – Florida, USA

Antroposofia
Goetheanum – Dornach, Suíça

Terapia Multidimensional
Genebra – Suíça

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