Autoconsciência é a capacidade de conhecermos a nós mesmos, nos reconhecer por inteiro, identificando – não julgando – nossas qualidades e nossos defeitos. É a capacidade de olhar para si mesmo. Ser autoconsciente, perceber o “eu” é a chave para o equilíbrio e o amadurecimento emocional.
O indivíduo autoconsciente percebe a si mesmo como um determinado “tipo” de pessoa, com certos traços, características físicas, hábitos, comportamentos, aptidões, habilidades, crenças, valores, aspirações. E percebe a si mesmo pela maneira com a qual se liga ao ambiente, por meio dos objetos que possui, dos grupos sociais a que pertence, dos papéis que desempenha e pela maneira que os outros o veem. Tudo isso reunido constitui a autoconsciência total.
O “eu” é constituído de camadas sucessivas, como um cebola. Algumas partes do “eu” são sentidas como mais centrais, mais próximas de um hipotético “núcleo essencial”; outras são notadas como sendo mais superficiais ou periféricas. É necessário lembrar que a autoconsciência tem seus limites; jamais seremos capazes de conhecer tudo, pois há uma grande parte do nosso aparelho psíquico fora da esfera consciente, que é, para Freud, o inconsciente.
A estrutura de si mesmo pode ser organizada de maneira mais fraca ou mais forte; suas partes podem formar um todo harmonioso ou podem ser um tanto incongruentes umas com as outras.
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Para fortalecer nossa estrutura interior e posteriormente conseguirmos realizar uma mudança real nas atitudes que nos incomodam (ou que não trazem nenhum benefício) não basta apenas saber a origem de nossas dificuldades ou defeitos. Precisamos identificar como estamos agindo – quais atitudes que realizamos e como fazer diferente? Como modificar o nosso modo de agir, o que podemos fazer efetivamente? Concentrando-nos mais na ação que deve ser tomada, podemos elaborar um plano de mudança real e duradoura, evitando comportamentos automáticos e repetitivos do passado. Uma terapia pode ser de grande ajuda por fornecer mais elementos para que o indivíduo aumente sua autoconsciência e explore as alternativas de mudança. Um primeiro passo em busca dessa mudança é contar com a ajuda de alguns amigos, pedindo-lhes para que descrevam qual nossa melhor qualidade e qual nosso maior defeito, avaliando as respostas com honestidade e serenidade.
Osho alertava que devemos cuidar para não substituir simplesmente as ideias negativas da mente por ideias ou frases positivas – se a emoção continua sendo negativa. Por exemplo, não adianta ficar repetindo para si mesmo “Eu me amo” enquanto que bem lá no fundo você não sente isso de verdade e não gosta nem um pouco da situação em que está.
Uma maneira prática de lidar com emoções, sentimentos e percepções negativas sobre si mesmo é realizar com frequência este exercício: reconheça honestamente que o sentimento negativo que você tem de si mesmo é real. Preste atenção nas sensações que essa emoção desperta em seu corpo. Anote essas sensações e os pensamentos que as acompanham. Depois de obter o máximo de informações sobre a emoção, feche os olhos e procure dar uma forma que a represente. Qual seria o tamanho desse sentimento? E qual a sua cor? Imagine agora que essa emoção sai de dentro de você e se coloca à sua frente, a uns 2 ou 3 metros de distância. Simplesmente imagine observá-la à sua frente, sem julgamentos ou justificativas. Após alguns minutos de observação, deixe que a emoção retorne ao seu lugar original dentro de você. Ainda de olhos fechados, reflita se você pôde notar uma mudança na emoção quando ela estava à sua frente. O sentimento pareceu diferente depois que retornou ao seu lugar original?
Termine o exercício abrindo os olhos e anotando suas percepções. Esse exercício ajuda a entender e aceitar seus sentimentos, compreendendo-os para depois realizar mudanças efetivas em sua vida.
Referências
“Elementos de Psicologia”, D. Krech e R. Crutchfield, Editora Pioneira, São Paulo