São contadores de histórias os amantes. Violentos e barulhentos pelas tumbas cheias, viscerais. Que grandes estômagos têm para levar as audácias das rejeições combinadas aos olhares pérfidos das moças que regozijam novas danças acima dos seus versos estúpidos e algozes ao som do violão. Todos têm trilha sonora e, infelizmente, o dom de estragar as melhores músicas com as suas retóricas.
Da janela onde esperam pelo resultado de sua autópsia, eles gozam pela tristeza inspiradora. São gentes de olhos que brilham, apesar da merda toda. Juízes displicentes e sem estudo sobre as coisas do coração. Até se passam por entendedores das enciclopédias dos sofridos, mas tudo isso é só por fazerem parte da periferia dos sonetos, de onde recolhem os versículos prescritos nos esbravejos que estruturam cada ilusão.
Ouço os desiludidos da janela do meu quarto, como que em procissão religiosa pelas desventuras postas em suas artilharias. Desfecham os ventres dos sentimentos com a mesma velocidade com que abrem. Pobres coitados a carregar, nos tanques pesados, as quinquilharias das memórias emancipadas pela sua inocência pela vida. São extorquidos pela delinquência ao sistema, levando de cada viagem quilos e quilos de memórias que só servem para abastecer os seus versos.
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