Medicina Ayurvédica Saúde Integral

Ayurveda: a ciência da vida

Jovem mulher com tratamento de spa de óleo Ayurveda.
Shutterstock / Poznyakov
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Ayur significa vida e Veda conhecimento ou ciência, podendo o Ayurveda ser traduzido como a ciência da vida ou o conhecimento da vida. ¹

A medicina ayurvédica é um tipo de medicina onde não só o corpo físico, como também a mente e o espírito fazem parte da constituição do ser humano. Desta forma, um indivíduo formado apenas pelo corpo físico é incompleto, integrando assim uma parte sutil para torná-lo completo como um ser integral.

O equilíbrio dentro do Ayurveda é considerado a combinação de diversos aspectos vitais do ser humano juntamente com a parte espiritual, proporcionando uma percepção da consciência que se abre para todos os aspectos da vida.

De acordo com Barros & De Luca ², a partir do momento em que nos identificamos com qualquer imagem exterior, acabamos nos distanciando de nosso verdadeiro EU, ou seja, da nossa real identidade. É a partir deste momento que a doença poderá ser manifestada. O Ayurveda nos auxilia a resgatar nossas raízes nos níveis: físico, emocional, mental e espiritual, e desta forma alcançar a cura.

Dentro desta filosofia, pode-se  determinar alguns elementos-chave para alcançar a saúde:

1 – Bom funcionamento do agni (fogo digestivo);

2 – Grande quantidade de ojas (“energia vital”);

3 – Pequena quantidade de ama (toxinas);

4 – Desobstrução dos srotas (canais por onde circulam a energia).

Agni

O Agni é o fogo biológico que comanda nosso metabolismo, ele é responsável pela nossa digestão, formação de nossas células e tecidos corporais como também pelo nosso sistema imune. Vasant Lad³ traz um pensamento ainda mais complexo:  “A longevidade depende de agni. A inteligência, compreensão, percepção e discernimento também são funções de agni”. Desta forma pode-se afirmar que enquanto o fogo digestivo estiver em equilíbrio os processos vitais do organismo funcionarão perfeitamente.

Ojas

Dentro da filosofia védica entende-se ojas como uma energia sutil que caminha entre a mente e o corpo para alimentá-lo de vitalidade e possibilitar a transformação dos tecidos.

Seu alimento é composto por pensamentos positivos, hábitos saudáveis, emoções e sentimentos bons e verdadeiros. Quando ficamos cercados por situações repetitivas, desgastantes, que além de consumirem nossa energia vital acabam por diminuir nossos pensamentos positivos e os transformam em medos, raiva e ressentimentos, a reposição de ojas fica cada vez mais difícil, permitindo assim o aparecimento do desequilíbrio.

Ama

Quando por algum motivo nosso agni  diminui e não consegue se restabelecer, nosso metabolismo fica deficiente e começamos a acumular toxinas em nosso corpo, ou seja, acumulando ama.

O acúmulo de ama, diminui a quantidade de ojas em nosso organismo, trazendo ao indivíduo apatia, desânimo, processos patológicos principalmente relacionados ao sistema imunológico. Com o passar do tempo se não houver o retorno ao equilíbrio, acontecerá o agravamento da patologia.

Srotas

Os srotas são canais por onde flui a energia em nosso organismo. São responsáveis pelo transporte de nutrientes e substâncias dentro e fora do nosso corpo.

Quando estes canais estão sadios, livres de ama, a energia circula livremente facilitando a passagem de ojas para todo o corpo alimentando o mesmo. Quando por algum desequilíbrio acumulamos toxinas nestes canais, pode ocorrer a obstrução da energia que circula pelo organismo, gerando assim o processo patológico.

No total existem 13 srotas abrangendo os seguintes sistemas: trato respiratório e digestivo, sistema circulatório, sistema dos tecidos e sistema de excreção. É importante lembrar que as mulheres possuem dois canais adicionais referentes ao fluxo menstrual e ao leite materno.

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A interação entre este elementos são decisivos para o aparecimento ou não da doença. Conhecendo o processo da doença a busca do equilíbrio poderá ser identificada e tratada mais facilmente.

Os seis estágios da doença

Para o Ayurveda 4, só conseguimos visualizar  a manifestação do processo patológico no corpo físico quando esta já está em estágio avançado, pois já atingiram as três primeiras fases  da doença atravessando os níveis da consciência. As fases são:

1 – Acúmulo: é o início do desequilíbrio onde o organismo começa a acumular ama;

2 – Agravamento: quando o desequilíbrio não é contido, as toxinas se espalham ainda mais pelo organismo havendo comprometimento das funções mais sutis relacionadas ao ser humano, ou seja, mais energéticas;

3 – Disseminação: ocorre o aparecimento dos primeiros sintomas inespecíficos, onde o indivíduo não consegue identificar o local do desequilíbrio, neste estágio pode ocorrer um desconforto como cansaço e desconforto constante;

4 – Localização: já se consegue determinar com precisão o local da área afetada;

5 – Manifestação: se o desequilíbrio não for controlado no estágio anterior, ocorre o aparecimento do processo patológico propriamente dito;

6 – Erupção/ Rompimento: é a manifestação completa da doença.

O Ayurveda propõe  o reencontro com nós mesmos, onde restaurando nossa memória com imagens positivas, pensamentos e atitudes verdadeiras nos aproximamos do caminho da cura. Elevando agni e ojas , desobstruindo srotas e diminuindo ama atingimos este objetivo.

REFERÊNCIAS

¹ CARNEIRO, Danilo M. Ayurveda – Saúde e Longevidade na Tradição Milenar da Índia. Editora Pensamento, 2009.

² LUCA, Márcia & BARROS, Lúcia. Ayurveda – Cultura de Bem Viver. Editora Cultura, 2007.

³ LAD, Dr. Vasant. Ayurveda – A Ciência da Autocura: Um guia Prático. Editora Ground, 2007.

MARINO, Maria I. & DAMBRY, Walkyria A. G. Ayurveda – O Caminho da Saúde. Editora Gaia, 2009.

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