Constelação Familiar

Bert Hellinger — Conheça o pai da Constelação Familiar

Retrato ampliado do rosto de Bert Hellinger
Recorte da capa da autobiografia "Bert Hellinger. Minha obra, minha vida", editora Cultrix
Escrito por Eu Sem Fronteiras

Você já ouviu falar de Constelação Familiar? O criador desse método terapêutico é Bert Hellinger, terapeuta alemão conhecido internacionalmente, autor de vários best-sellers sobre relacionamentos e pessoas. Em 2005, ele recebeu o prêmio Nobel Alternativo de Medicina Integrativa e foi condecorado, em 2008, como Doutor Honoris Causis em Medicina Integrativa. No mesmo ano, ele foi premiado em Nova Iorque pelas suas contribuições terapêuticas com o modelo de Constelação Familiar. Saiba mais sobre ele e sobre seu método construído ao longo de muitas décadas.

Um pouco da história de Bert Hellinger

Em 16 de dezembro de 1925, em Leimen, na Alemanha, nasceu Anton “Suitbert” Hellinger, o segundo de três filhos de Albert Hellinger e Anna Hellinger; faleceu aos 93 anos, no dia 19 de setembro de 2019, na Alemanha.

Hellinger se formou em filosofia, teologia e pedagogia. Aos 10 anos de idade, foi para um internato católico; estudou Filosofia e Teologia na Universidade de Würzburg; foi ordenado sacerdote e se tornou professor.

Retrato do autor Bert Hellinger visto de frente, sorrindo.
Imagem de CeStu no Wikkimedia Commons. Adaptada por Eu Sem Fronteiras / Canva.

No início de 1950, já na África do Sul, como missionário entre os Zulus, ele continuou os estudos na Universidade de Pietermaritzburg e na Universidade da África do Sul recebendo o título de Bacharel de Artes (Área de Humanas) e um diploma universitário que lhe dava o direito de ensinar nas escolas públicas.

Permaneceu na África do Sul por 16 anos, período em que foi pároco, professor e diretor numa grande escola para estudantes africanos. Tornou-se fluente no idioma Zulu, participava dos rituais deles e observou com curiosidade e reflexão a forma como eles se relacionavam e educavam os filhos.

Depois de alguns anos de vida religiosa, e tendo participado de uma série de treinamentos ecumênicos de dinâmicas de grupos inter-raciais liderados por clérigos anglicanos sul-africanos, ele optou por deixar o sacerdócio. A abordagem fenomenológica dos treinamentos que considerava toda a diversidade dos grupos a partir do que surgia, sem preconceitos ou indução, trouxe para Hellinger uma curiosidade profunda pelos métodos capazes de reconciliação por meio do respeito mútuo.

Ele deixou a África do Sul e retornou para a Alemanha, na década de 1960, onde decidiu estudar Gestalt-terapia.

Com o objetivo de estudar psicanálise, ele se mudou para Viena. Conheceu a psicoterapeuta Herta, com quem se casou. Passou vários anos da década de 1970, na Associação Vienense de Psicologia Profunda, fazendo um curso clássico de psicanálise. Completou a sua formação no Instituto Psicanalítico de Formação de Munique, na Alemanha, onde passou a ser membro praticante.

Em 1973, Hellinger viajou para os Estados Unidos, com o objetivo de estudar durante nove meses Terapia Primal com Arthur Janov, por quem foi bastante influenciado, principalmente quanto à Análise Transacional de Eric Berne. Constatou que cada pessoa vive de acordo com determinado padrão vindo de várias fontes, tais como os contos de fadas, os romances, os filmes etc.

Em 1979, Hellinger estudou Hipnoterapia com Milton Erickson, Terapia Centrada no Tema de Ruth Cohn, Programação Neurolinguística e Análise Bioenergética.

Enquanto estava nos Estados Unidos, ele conheceu Maria Sophie, com quem se casou em 2003, tendo se divorciado de Herta.

Foi em 1990, que Hellinger conheceu Thea Louise Schönfelder e a abordagem da Constelação Familiar.

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Hellinger pesquisou e aprofundou seus estudos em Constelação Familiar e iniciou alguns grupos. Porém, em 1992, mais de 300 pessoas mostraram interesse nessa abordagem e, a partir desse momento, ele passou a utilizá-la em grupos maiores.

Entretanto, já com quase 70 anos, Hellinger ainda não havia registrado as suas descobertas e não tinha seguidores treinados que pudessem dar continuidade aos métodos que havia proposto. Foi assim que ele concordou com Gunthard Weber, psiquiatra alemão, em apoiá-lo para documentar os seus trabalhos que, inclusive, publicou alguns deles, como Felicidade Dual e A Simetria do Amor, no qual Hellinger formulou as Três Leis da Vida.

Hellinger realizou palestras, workshops e cursos de formação em toda a Europa, Estados Unidos, América Central e do Sul, Rússia, China e Japão.

Nos últimos anos, o trabalho de Hellinger evoluiu para o que ele chamou de Movimentos do Espírito-Mente. O seu método de Constelações Sistêmicas é um dos mais utilizados em terapias no mundo todo.

Bert Hellinger escreveu e publicou mais de 80 livros traduzidos para 38 idiomas. Em 2018, lançou sua autobiografia, na Alemanha, o último livro.

O que é Constelação Familiar?

A Constelação Familiar é uma prática terapêutica não científica que tem por objetivo buscar soluções para conflitos familiares que atravessam gerações. Nela, é possível identificar que alguns de nossos problemas, doenças, sentimentos ruins, incompreensões e sensações podem estar ligados a familiares que passaram pelas mesmas situações, mesmo que não os tenhamos conhecido.

Ela se parece com o psicodrama porque envolve a dramatização de situações com a psicoterapia breve devido à rapidez do processo. É voltada ao estudo clínico dos padrões comportamentais em que são aplicadas técnicas que auxiliam a pessoa a perceber e atuar nas questões relacionadas aos conteúdos familiares que a influenciam. O processo pode ser feito em grupo ou individualmente.

Ilustração de uma constelação de estrelas vista no céu noturno.
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Muitos especialistas não consideram a Constelação Familiar uma terapia, pois ela é uma técnica subjetiva e faltam dados e estudos científicos que comprovem a sua eficácia.

Os profissionais formados em Psicologia Familiar Sistêmica estudam teorias e metodologias que embasam a Constelação Familiar, como o Psicodrama de Levy Moreno, na qual técnicas teatrais são utilizadas, e as Esculturas Familiares da psicóloga, norte-americana, Virginia Satir que afirmam a necessidade de um processo de terapia posterior à sessão em si da Constelação, pois entende que os conteúdos que emergem posteriormente não são tratados.

Como funciona a Constelação Familiar?

As sessões podem durar cerca de 40 minutos. Durante a sessão são recriadas cenas que envolvem os sentimentos e as sensações que o constelado, como é chamada a pessoa-alvo da terapia, tem em relação à sua família.

Nas sessões em grupo, voluntários e participantes vivem as cenas a serem tratadas pelo constelado. Quando as sessões são individuais, podem ser utilizadas esculturas, bonecos, pedras, setas, adesivos ou outros recursos que simbolizam os membros da família.

Três mulheres sentadas em um sofá, lado a lado, conversando com expressões sérias.
Foto de PICHA Stock no Pexels

Os terapeutas que aplicam a Constelação Familiar afirmam que uma única sessão é suficiente para se obter resultados significativos. E para se realizar uma nova sessão, com outro tema, um intervalo mínimo de um mês é recomendado.

Uma vez concluída a sessão, o processo se encerra para o tema abordado.

Como Bert Hellinger explica a Constelação Familiar?

A concepção de Bert Hellinger sobre a Constelação Familiar é que o método (empírico, como ele mesmo define) explica a repetição de comportamentos, mesmo de forma inconsciente, nas gerações familiares. Para ele, há uma consciência de clã em todos nós, norteada por “ordens arcaicas” ou “ordens do amor”, e se refere a três leis que, se respeitadas, geram relações harmoniosas e felizes entre os familiares e evoluem para outras relações da vida. Da mesma forma, se não respeitadas, geram conflitos e sofrimentos. Veja as três leis:

Grupo de quatro mulheres sentadas em em uma sala de estar, rindo e conversando.
Foto de PICHA Stock no Pexels

Lei do Pertencimento — a necessidade de pertencer ao grupo ou clã. Todos os membros têm o direito de pertencer ao sistema familiar, mesmo os que foram abortados, presos, nasceram mortos, são dependentes químicos ou de alguma forma foram rejeitados.

Lei da Ordem ou Hierarquia — a necessidade de dar e receber sentimentos nos relacionamentos. Significa, ainda, a necessidade de entender o lugar de um membro da família no lugar que lhe é devido, reconhecendo a ordem de precedência dentro do sistema familiar; por exemplo, mesmo que um pai esteja ausente, ele tem o seu lugar, deu ou recebeu sentimentos.

Lei do Equilíbrio — a necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã. Em qualquer sistema de relacionamento, os membros pertencentes devem se sentir em equilíbrio para que a relação flua em harmonia. Se um membro se sente mais importante do que outro, a relação sofre consequências e surgem os emaranhados, que são passíveis de serem solucionados no processo terapêutico.

Essas três leis atuam em nossos relacionamentos e nos dão a sensação de pertencimento ao grupo e nos permitem a sensação de paz e de acolhimento.

Segundo Hellinger, “é importante reconhecer que o amor atua por trás de todos os comportamentos, por mais estranhos que nos pareçam, e também de todos os sintomas de uma pessoa. Por esse motivo, é fundamental na terapia que encontremos o ponto onde se concentra o amor. Então chegamos à raiz, onde se encontra também o caminho para a solução que sempre passa também pelo amor”. É, por isso, que as três leis também são conhecidas como Leis do Amor.

Foto de uma família reunida em um parque com árvores, com todos os membros lado a lado, sorrindo e se abraçando.
Foto de Craig Adderley no Pexels

A Constelação Familiar não é indicada para pessoas em momento de depressão e comprometidas cognitivamente. Assim como também é contraindicada para pessoas com psicopatologias, em crise pré ou psiquiátrica, sob efeito de drogas e álcool, vítimas de traumas profundos e crianças menores de oito anos. Quanto às gestantes, não se recomenda quando em situação de risco e no primeiro ou terceiro trimestre de gestação.

Os temas mais comuns trabalhados na Constelação Familiar são ligados às relações entre pais e filhos, principalmente adolescentes, e como lidar com o dinheiro e as finanças.

O Conselho Federal de Psicologia não proíbe e nem contraindica a Constelação Familiar, entretanto, recomenda que ela funcione como uma prática complementar à psicoterapia tradicional. O Sistema Único de Saúde autorizou o método como terapia concomitante às demais terapias.

O modelo é sucesso no mundo todo, servindo como base, inclusive, para outros modelos de terapia. Os estudos e as observações ao longo da vida de Hellinger contribuem para a notoriedade de seu trabalho, construído numa linha diferente da científica.

Se você deseja saber mais sobre Constelação Familiar e tudo o que Bert Hellinger desenvolveu, aproveite essas dicas de leitura dos livros que ele escreveu e que já estão traduzidos para o português:

  • A Fonte Não Precisa Perguntar pelo Caminho — Editora Atman
  • A Simetria Oculta do Amor — Editora Cultrix
  • A Paz Começa na Alma — Editora Atman
  • Amor à Segunda Vista — Editora Atman
  • Conflito e paz: uma resposta — Editora Cultrix
  • Desatando os laços do destino — Editora Cultrix
  • Liberados Somos Concluídos — Editora Atman
  • No centro sentimos leveza — Editora Cultrix
  • O Essencial É Simples — Editora Atman
  • Ordens da Ajuda — Editora Atman
  • Ordens do amor — Editora Cultrix
  • Para que o Amor de Certo — Editora Cultrix
  • Pensamentos a Caminho — Editora Atman
  • Religião, Psicoterapia e Aconselhamento Espiritual — Editora Cultrix
  • Um Lugar para os Excluídos — Editora Atma

Sobre o autor

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