A sexualidade é um espectro muito vasto, complexo e fluido. Não cabe colocar essa característica de nossa natureza em caixinhas predefinidas, rotulando o que somos, quem amamos e como nos relacionamos.
Um exemplo dessa fluidez é a bissexualidade – a atração sexual, romântica ou afetiva por pessoas de mais de um gênero. Talvez essa seja a orientação mais estigmatizada e discriminada, já que as pessoas bissexuais são vistas como indecisas e até mesmo safadas.
Essa estereotipagem é fruto de intolerância e ignorância, além de uma visão limitada sobre diversidade sexual e uma refutação da liberdade individual de alguém. Isso leva, muitas vezes, ao silenciamento daqueles que se entendem como bissexuais, que acabam não só se sentindo desconfortáveis em compartilhar sua orientação, como também se consideram inadequados socialmente.
Por isso, precisamos tanto falar sobre a bissexualidade. Primeiro porque quebramos estigmas e mostramos que essas pessoas são reais – têm sentimentos e também várias dúvidas. Depois porque pode nos ajudar a entender melhor sobre as nuances dessa orientação.
E uma dessas nuances é a bissexualidade heteroafetiva, tema principal de nosso artigo. Nosso intuito é explicar melhor essa orientação e tentar contribuir para uma sociedade mais empática e inclusiva. Acompanhe a gente nessa missão!
Direto ao ponto
Bissexualidade heteroafetiva
A bissexualidade heteroafetiva se refere a pessoas que se identificam como bissexuais, mas que, afetivamente, preferem se relacionar com indivíduos do sexo oposto.
Por exemplo, uma mulher bissexual heteroafetiva sente atração por outras mulheres e indivíduos de diferentes gêneros, mas prefere estar em um relacionamento afetivo com um homem.
Isso não quer dizer que ela negue ou omita sua bissexualidade. Ela apenas está exercendo sua liberdade de escolha ao determinar sua preferência emocional. E também não significa que seja assim para sempre – ela pode mudar suas escolhas afetivas sem que isso invalide sua orientação.
Isso só mostra o quanto somos plurais, fluidos e complexos quando o assunto é atração e sentimento. E cada pessoa é única, assim como suas experiências afetivas e sexuais. Não há regras nem rótulos. Somos livres para sermos quem somos. E isso DEVE ser respeitado!
A boa notícia é que cada vez mais estamos falando sobre isso, e muitas pessoas estão se assumindo, como um ato de coragem e de liberdade. É o exemplo de alguns famosos que se declararam bissexuais heteroafetivos. Veja, a seguir.
Exemplos de artistas bissexuais heteroafetivos
Como sabemos, ao longo dos últimos anos, muitos famosos têm se declarado homossexuais ou mesmo bissexuais. E isso ajuda a trazer esclarecimento e visibilidade.
A atriz Bruna Griphao, que participou do BBB23, se declarou bissexual heteroafetiva. Outros participantes também se declararam bissexuais: a psicóloga Sarah Aline; o ator Gabriel Santana, que se declarou bissexual birromântico; e a cantora Aline Wirley, que vive um casamento aberto com Igor Rickli (também bissexual).
A atriz Deborah Secco, apesar de não se declarar abertamente heteroafetiva, já afirmou ser bissexual dentro do relacionamento com seu marido, Hugo Moura.
Diferenças entre bissexuais heteroafetivos e heterossexuais
Bom, se uma pessoa bissexual heteroafetiva tem preferência por se relacionar afetivamente com pessoas do sexo oposto, o que a difere de uma pessoa heterossexual? E, se uma pessoa hétero tiver tido uma única experiência com alguém do mesmo sexo, será que isso a torna bissexual?
Bem, essas são questões delicadíssimas, porque envolvem identificação, algo muito pessoal e íntimo. Então não nos cabe rotular uma pessoa por meio das suas próprias experiências.
Naturalmente, uma pessoa autodeclarada bissexual não deixará de ser só porque engatou um relacionamento hétero. Não existe uma “obrigação” em ficar alternando gêneros. Da mesma forma, não podemos dizer que uma pessoa heterossexual passa a ser bi só porque teve uma única experiência homossexual, muito embora a sociedade, no geral, não enxergue assim.
Tudo sobre Bissexualidade:
Só que fazer essas definições é colocar as pessoas naquelas infames caixinhas que mencionamos lá no início. Então, só a título de curiosidade, traremos algumas diferenças, não para rotular, mas para informar e trazer luz sobre a nossa fluidez no sexo e nos afetos. Então, vamos trabalhar em cima de alguns parâmetros básicos.
- Atração sexual: o bissexual heteroafetivo se sente atraído sexualmente por ambos os sexos e mais de um gênero. Já o heterossexual, apenas pelo sexo oposto.
- Orientação afetiva: pessoas bissexuais heteroafetivas podem se conectar emocionalmente com ambos os sexos, mas preferem se relacionar afetivamente com o sexo oposto. As heterossexuais se conectam emocionalmente e se relacionam apenas com o sexo oposto.
- Identidade: bissexuais heteroafetivos se identificam como bissexuais, porém inclinados a se envolver romanticamente com o sexo oposto. Já os heterossexuais se identificam como tais, sendo exclusivamente atraídos romanticamente pelo sexo oposto.
Exemplificando: um homem bissexual heteroafetivo sente desejo sexual por outros homens ou pessoas de diferentes gêneros (cis, trans, não binário, entre outros), mas tende a se relacionar afetivamente com mulheres. Uma mulher hétero só sente atração física e emocional por homens cis (aqueles que se identificam com seu sexo biológico).
Outros tipos de identificação bissexual
Como você pôde ver, identificação sexual – ou mesmo de gênero (tema que merece um artigo à parte) – é algo muito complexo e particular. O que tentamos fazer quando elaboramos conteúdos como este não é categorizar as pessoas, mas sim trazer essas definições para criar um espaço de discussão, com o intuito de promover um entendimento mais amplo e, consequentemente, respeito e empatia com as pessoas.
E, mais acima, mencionamos o termo “birromântico”. Pois vamos falar dele e de outro tipo de identificação bissexual neste tópico. Mais dois termos para você aprender e ampliar seu horizonte acerca da bissexualidade. Confira:
- Birromântico: refere-se ao indivíduo bissexual que sente atração romântica por mais de um gênero – não sendo necessariamente atração sexual, mas sim a possibilidade de se apaixonar por ambos os sexos.
- Bicurioso: como o próprio nome diz, é alguém que tem curiosidade em experimentar relações sexuais ou afetivas com mais de um gênero. Ainda que se trate de uma identificação bissexual, não significa que seja uma orientação apenas de pessoas bissexuais. Uma pessoa pode se identificar como heterossexual, mas ter uma atração por alguém do mesmo sexo, não tanto pronunciada quanto sua orientação declarada.
Enfim, pode parecer complexo, mas na verdade é algo múltiplo, porque somos únicos e sentimos de formas diferentes. E é disso que se trata a diversidade. Portanto não existe a maneira certa de sentir amor ou desejo. Isso vai do coração de cada um. A única regra aqui é o RESPEITO à individualidade.
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Falar sobre sexualidade é uma questão de autoconhecimento e também de empatia. À medida que vamos aprendendo mais sobre temas como bissexualidade e suas diferentes manifestações, vamos nos tornando mais compreensivos, abertos e menos preconceituosos. Afinal de contas, somos todos seres humanos em busca de afeto, acolhimento e amor. E toda forma de amar é válida. Compartilhe este conteúdo com seus amigos ou nas suas redes sociais e espalhe mais respeito e amor por aí. O mundo carece muito desses dois sentimentos!
