É incrível quando descobrimos o botão de desliga. Quando angariamos fundos o suficiente para dizer não, para negar o retorno de experiências conhecidas e para trazer à luz sentimentos que por tanto custo foram superados. A grande verdade é que a superação consiste tão unicamente em um longo processo que resulta na maturação psicológica e afetiva. É quando sabemos que sentir é inevitável, mas que sofrer é uma opção.
A maturidade emocional surge quando colocamos prazos racionais para certas memórias, tendo a consciência de que elas estarão sempre ali, mas que o acesso pode ser educado.
Para quem teve TOC como eu, controlar a ansiedade e a intensidade dos pensamentos não se trata de uma opção, mas de uma questão de sobrevivência da sanidade. A falha é circunstancial e inexorável, só que a solidez das estruturas vai se tornando proporcionalmente mais rígida e duradoura.
O botão de desliga existe quando percebemos que viagens curam, erros ensinam e choros limpam. É quando nos damos conta de que nenhuma existência é tão insubstituível assim e que viver sozinho, apenas rodeado de amigos, talvez seja a melhor opção.
Encontrei o meu botão de desliga quando passei a cuidar mais do meu corpo e a fazer exatamente o que eu quero com ele. Minhas tatuagens, minha careca, minha voz, meu semblante sério.
Perceber as próprias contradições que montam o mais imperfeito ser, mas que é plenamente habitado por si mesmo.
O botão de desliga está alocado no instante em que nos damos conta de que não podemos ser moradas de ninguém. De que a vida é, de fato, uma só e ninguém vale o desgaste de tanta energia assim.
Você também pode gostar
Desligo os meus pesares emocionais e o meu vitimismo quando lembro que minha “arianice” quer tudo para ontem e que só de pensar em viver sem ainda ter vivido já é uma perda de tempo que não se recupera mais. Por isso, agora, ao invés de lembrar o botão de desliga, estou desligando por hora. Talvez volte. Talvez, por engano, eu tenha achado estar sem nunca ter chegado. Seguimos.