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Brainrot: quando a mente é consumida por conteúdos vazios

Imagem de um boneco de madeira deitado sobre um mouse, de barriga para cima em uma mesa de computador, trazendo o conceito de pausa das redes digitais.
Sturti / Getty Images Signature / Canva
Escrito por Giselli Duarte

Nos dias de hoje, muitas vezes nos vemos presos em ciclos de consumo superficial, onde o prazer momentâneo dos vídeos e conteúdos rápidos parece compensar a falta de significado. Contudo, essa constante busca por gratificação imediata pode nos afastar da verdadeira conexão com o que realmente importa, afetando nossa paz interior.

Sabe aquela sensação de passar horas rolando o feed e, de repente, perceber que não absorveu nada útil? Ou aquele momento em que você se pega assistindo ao quinto vídeo seguido de um influenciador falando sobre algo irrelevante, mas simplesmente não consegue parar? Se isso soa familiar, talvez você esteja experimentando algo que a internet chama de brainrot.

O brainrot não é apenas uma obsessão por algo interessante – como um bom livro ou uma série envolvente. Pelo contrário, ele surge da exposição excessiva a conteúdos rasos, muitas vezes sem valor real, mas que prendem a atenção de forma quase hipnótica.

Entenda o que é brainrot

A palavra brainrot significa, literalmente, “apodrecimento do cérebro”. Na internet, ela é usada para descrever aquele estado mental em que a pessoa se sente incapaz de pensar em algo produtivo, pois sua mente está saturada por um excesso de estímulos vazios.

Diferente de uma obsessão saudável (como um hobby ou um tema de interesse genuíno), o brainrot acontece quando a mente fica presa em um ciclo viciante de consumir coisas sem propósito real. Isso pode incluir:

  • Vídeos curtos e repetitivos, sem informação útil.
  • Fofoquinhas sobre influenciadores e celebridades, que não agregam nada à vida da pessoa.
  • Reels ou TikToks com trends virais, que só servem para prender a atenção momentaneamente.
  • Cliques automáticos em vídeos de recomendação, assistindo sem nem perceber o tempo passando.
  • Discussões inúteis e brigas online, que não levam a lugar nenhum.

O resultado? Um cérebro hiper estimulado, mas incapaz de reter algo significativo.

Como o brainrot afeta a mente?

O consumo excessivo de conteúdos superficiais pode ter um impacto real na saúde mental. Entre os principais efeitos negativos estão:

  1. Redução da capacidade de concentração

Você já tentou ler um livro ou focar em uma tarefa importante e percebeu que sua atenção fugia o tempo todo? Isso pode ser um sintoma de brainrot.

A exposição constante a vídeos curtos, cortes rápidos e conteúdos rasos treina o cérebro para esperar gratificações instantâneas, dificultando a capacidade de foco profundo. Com o tempo, tarefas mais complexas (como estudar ou trabalhar) começam a parecer insuportáveis.

  1. Sensação de exaustão mental

Mesmo que assistir a vídeos pareça relaxante, a verdade é que um consumo exagerado pode deixar a mente cansada e sobrecarregada. Isso acontece porque o cérebro precisa processar um enorme volume de informações rápidas, sem ter tempo para pausas e reflexões.

Já reparou como, após passar muito tempo rolando o feed, você pode se sentir mentalmente esgotado, mas sem lembrar direito do que assistiu? Esse é um dos sinais do brainrot digital.

  1. Ansiedade e comparação constante

O mundo dos influenciadores digitais cria uma ilusão de que todos estão vivendo vidas incríveis, enquanto você está apenas “existindo”. Assistir constantemente a conteúdos que mostram um estilo de vida perfeito pode gerar sentimentos de inferioridade, frustração e ansiedade.

Imagem de um homem jovem ansioso lendo uma mensagem de texto em seu celular.
Carlos Pascual de Imagens de Carlos Pascual / Canva

Muitas pessoas entram em um ciclo de comparação onde sentem que precisam consumir mais e mais para se sentir parte do que está acontecendo, o que só agrava o problema.

  1. Perda de tempo e procrastinação

Quantas vezes você abriu o celular “só para ver um vídeo” e, quando percebeu, já se passaram duas horas? O brainrot nos faz perder a noção do tempo e pode roubar momentos preciosos que poderiam ser usados para atividades realmente prazerosas e produtivas.

Por que os conteúdos vazios são tão viciantes?

Se sabemos que esses conteúdos não nos fazem bem, por que continuamos assistindo? A resposta está na forma como as redes sociais são projetadas para capturar nossa atenção.

  1. Algoritmos viciantes

Plataformas como TikTok, Instagram e YouTube utilizam algoritmos sofisticados que analisam seus hábitos e oferecem conteúdos que aumentam suas chances de continuar rolando a tela.

Cada vídeo é escolhido para manter você engajado, aproveitando seus interesses, suas emoções e até seus momentos de tédio.

  1. Dopamina e gratificação instantânea

A cada novo vídeo assistido, seu cérebro recebe uma pequena dose de dopamina, o neurotransmissor ligado ao prazer e à recompensa. O problema é que, como esses conteúdos são curtos, a dopamina vem de forma rápida e superficial, o que faz com que você sempre queira “só mais um”.

O resultado? Horas consumindo conteúdos sem propósito, sem nunca se sentir realmente satisfeito.

  1. O medo de “ficar por fora” (FOMO – Fear of Missing Out)

Muitas pessoas continuam assistindo a vídeos irrelevantes simplesmente porque têm medo de perder alguma tendência viral ou “não saber do que estão falando”. Esse medo de ficar por fora faz com que se sintam pressionadas a consumir cada vez mais, mesmo que o conteúdo não tenha valor real.

Como evitar o brainrot e recuperar o controle?

Se você sente que está preso nesse ciclo, existem algumas formas de reduzir o impacto do brainrot e recuperar sua clareza mental:

  1. Estabeleça limites de tempo

Defina um tempo máximo para assistir a vídeos curtos ou rolar o feed. Aplicativos como o Digital Wellbeing (Android) ou o Screen Time (iPhone) ajudam a controlar o uso excessivo.

  1. Faça pausas digitais

Experimente ficar algumas horas do dia longe das redes sociais e veja como se sente. Pequenos períodos de “desintoxicação digital” podem ajudar a recuperar a capacidade de foco.

Imagem de uma mulher jovem consumindo conteúdo mais profundo da Internet.
Maca e Naca / Getty Images Signature / Canva
  1. Consuma conteúdos mais profundos

Se você gosta de assistir a vídeos, tente alternar entre conteúdos superficiais e materiais mais ricos – como documentários, entrevistas aprofundadas ou até mesmo podcasts. Seu cérebro agradecerá.

  1. Pratique atenção plena

O mindfulness pode ser uma ferramenta poderosa contra o brainrot. Tente perceber quando está consumindo algo de forma automática e pergunte-se: “Isso realmente está me acrescentando algo?”. Se a resposta for não, talvez seja hora de mudar de atividade.

  1. Priorize atividades que exigem foco real

Ler um livro, escrever, tocar um instrumento ou até praticar exercícios físicos são formas eficazes de treinar o cérebro para buscar prazeres mais duradouros, em vez de depender apenas de gratificações instantâneas.

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O brainrot digital é um reflexo de como as redes sociais moldaram nossos hábitos de consumo de informação. Quando nos deixamos levar por conteúdos vazios e repetitivos, acabamos prejudicando nossa atenção, nosso bem-estar e até nossa felicidade. Mas, é possível sair desse ciclo.

Quando criamos hábitos mais saudáveis e somos mais conscientes sobre como consumimos conteúdo, podemos recuperar o controle sobre nossa mente e evitar que ela seja sugada pelo excesso de estímulos inúteis.

Então, antes de assistir ao próximo vídeo sem pensar, faça uma pausa e pergunte-se: “Isso realmente vale o meu tempo?”

Sobre o autor

Giselli Duarte

Nunca fui alguém que se contenta em observar a vida passar. A inquietação sempre pulsou em mim, guiando-me a atravessar caminhos diversos, por vezes improváveis, mas sempre significativos. Não se tratava de buscar respostas rápidas, mas de me deixar ser moldada pelas perguntas.

Meu primeiro contato com o trabalho foi aos 14 anos. Não era apenas sobre ganhar meu próprio dinheiro, mas sobre entender como o mundo se movia, como as relações de troca iam além de cifras. Com o tempo, percebi que meu lugar não seria apenas cumprir horários, mas criar algo próprio. Assim, aos 21, nasceu meu primeiro negócio, registrado formalmente. Desde então, empreender tornou-se tanto profissão quanto paixão.

Mas, por trás dessa trajetória profissional, sempre existiu uma busca interior que muitas vezes precisei calar para priorizar o mundo exterior. Foi somente quando o cansaço me alcançou na forma de burnout que entendi que não podia mais ignorar a necessidade de olhar para dentro. Yoga e meditação não foram apenas escapes, mas verdadeiras reconexões com uma parte de mim que havia sido negligenciada.

Foi nesse espaço de silêncio que descobri o quanto a curiosidade que sempre me guiou podia ser dirigida também para dentro. Formei-me em Hatha Yoga, dentre outras terapias integrativas, e comecei a dividir o que aprendi com outras pessoas, conduzindo práticas e compartilhando reflexões em plataformas como Insight Timer e Aura Health. Ensinar, percebi, é uma das formas mais puras de aprender.

A escrita foi um desdobramento natural desse processo. Sempre acreditei que as palavras possuem a capacidade de transformar não só quem as lê, mas também quem as escreve. Meus livros, No Caminho do Autoconhecimento e Lado B, são registros de uma caminhada que não se encerra, mas que encontra sentido na partilha. Participar de antologias poéticas também me mostrou a força do coletivo, de somar vozes em algo maior.

Cada curso que fiz, cada desafio que enfrentei, trouxe peças para um mosaico em constante formação. Marketing, design, gestão estratégica – cada aprendizado me preparou para algo que, na época, eu ainda não conseguia nomear. Hoje, entendo que tudo se conecta.

Minha missão não é ensinar verdades absolutas, mas oferecer ferramentas para que cada pessoa possa encontrar suas próprias respostas. Seja através da meditação, da escrita ou de uma simples conversa, acredito que o autoconhecimento é um processo contínuo, sem fim, mas cheio de significado.

E você, o que tem feito para ouvir as perguntas que habitam em você? Talvez nelas esteja o próximo passo para um novo horizonte.

Curso
Meditação para quem não sabe meditar

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