O cloridrato de bupropiona, também conhecido como bupropiom, é o nome de um fármaco indicado principalmente para o tratamento de estados depressivos, como o transtorno depressivo maior.
É comercializada sob o nome Wellbutrin (marca que detém a patente do princípio ativo), seus similares – Zetron, Zyban, Noradop, Bup, Bupogran, entre outros – e a opção genérica. Apresenta duas versões de doses – 150 mg e 300 mg –, receitadas conforme a necessidade ou o objetivo de tratamento.
Neste artigo, você vai obter informações sobre a bupropiona, seus usos e suas indicações, bem como seus efeitos colaterais e suas contraindicações. Mas lembre-se: automedicação é algo extremamente perigoso e esse medicamento só pode ser usado por indicação do seu médico. Se você tem algum problema de saúde, busque ajuda profissional antes de mais nada.
Direto ao ponto
Para que serve a bupropiona?
Lançada comercialmente em 1985, a bupropiona pertence à classe dos antidepressivos atípicos e tem como indicação primária o tratamento da depressão e da dependência à nicotina.
Segundo estudos científicos, a bupropiona é um fármaco de primeira geração que está entre os antidepressivos tricíclicos considerados bastante eficazes no tratamento do transtorno depressivo. Salvo em casos nos quais há contraindicações (sobre as quais falaremos mais adiante), os benefícios podem superar alguns riscos.
Num desses estudos, publicado em 2018 na Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, concluiu-se que a bupropiona, apesar dos efeitos colaterais diversos, provou-se bastante eficaz no tratamento da depressão. O estudo ainda reforça a utilidade do fármaco para o tratamento da dependência nicotínica, além do seu uso off-label – ou seja, fora da bula – para tratar transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Outros usos off-label da bupropiona incluem: disfunção sexual induzida por antidepressivos, transtorno bipolar, hipersônia e tratamento da obesidade. Mas é preciso salientar que esses usos são consagrados pela medicina e só podem ser indicados por médicos.
Afinal, bupropiona emagrece mesmo?
Com falamos mais acima, a bupropiona tem vários usos fora da bula, e um deles tem sido para o tratamento da obesidade. Em associação à naltrexona, droga originariamente usada para atenuar ou bloquear os efeitos de opioides, a bupropiona tem sido indicada em casos de compulsão alimentar.
Um estudo publicado em 2010 na conceituada revista médico-científica britânica The Lancet mostrou como resultados: a perda de 6,1 kg entre os pacientes que fizeram uso de naltrexona 32 mg + bupropiona, e de 5 kg entre aqueles que fizeram uso de naltrexona 16 mg + bupropiona. Com isso, concluiu-se que o uso dessa associação pode ser considerado uma opção terapêutica eficiente para o tratamento da obesidade.
No Brasil, essa combinação medicamentosa foi aprovada em 2021, sob o nome comercial Contrave® – sete anos depois da sua aprovação nos EUA e na Europa –, com lançamento comercial no segundo semestre de 2022. Em conjunto, o cloridrato de bupropiona e o cloridrato de naltrexona conseguem promover a perda de peso por atuarem no cérebro, diminuindo o apetite e aumentando a sensação de saciedade, fazendo com que o desejo intenso por comida seja minimizado.
Bupropiona serve para tratar ansiedade?
Como vimos, com a indicação clássica e os usos off-label, a bupropiona se mostra um medicamento versátil, útil e largamente indicado sobretudo em casos depressivos e outros transtornos psíquicos.
Dada a sua multifuncionalidade, pode ocorrer aquela dúvida: será que também serve para tratar ansiedade? Afinal de contas, esse tem sido um mal cada vez mais recorrente na sociedade e a busca por opções-coringa é tão frequente que podemos achar que um medicamento que trate depressão também seja útil no transtorno de ansiedade generalizada.
A resposta é: não, a bupropiona não é indicada para tratar a ansiedade, apesar de tratar transtornos que envolvem esse problema. Aliás, a ansiedade é, curiosamente, um dos efeitos colaterais desse medicamento, como listamos a seguir.
Quais são os efeitos colaterais da bupropiona?
Como todo medicamento, o cloridrato de bupropiona tem diversos efeitos colaterais. Obviamente que é um medicamento de uso seguro e seus benefícios, em muitos casos, superam os possíveis riscos. Mas vale ressaltar as principais:
- Reações muito comuns: insônia, cefaleia, xerostomia (boca seca), náuseas e vômitos.
- Reações comuns: hipersensibilidade (como urticária, por exemplo), anorexia, agitação, ansiedade, depressão, vertigem, distúrbios de paladar, transtornos de visão, dor abdominal, constipação, rash (exantema, ou manchas avermelhadas por todo o corpo), prurido, sudorese, febre e astenia (sensação de fraqueza e falta de energia generalizada).
- Reações incomuns: confusão mental, taquicardia, aumento da pressão sanguínea (em caos graves), calor e rubor, dor no peito, leucopenia (redução da quantidade de leucócitos no sangue) e trombocitopenia (quantidade reduzida de plaquetas no sangue).
- Reação rara: convulsão.
- Reações muito raras: angioedema (inchaço da derme profunda e tecidos subcutâneos), dispneia (falta de ar) e broncoespasmo (contração das vias áreas pequenas), choque anafilático, atralgia (dor nas articulações), mialgia (dor muscular), irritabilidade, alucinações, sonhos estranhos, despersonalização, delírio, distonia (contração involuntária dos músculos), ataxia (prejuízo no equilíbrio ou na coordenação motora), parestesia (sensação de formigamento, geralmente nos braços e mãos, pernas e pés), palpitações, icterícia e hepatite, aumento na frequência das micções ou retenção urinária e incontinência urinária.
Há vários outros efeitos e reações – incluindo os identificados após a comercialização do medicamento. Para informações mais detalhadas, você pode buscar a bula online, disponível em sites médicos ou na página do laboratório.
E não custa ser repetitivo: somente o médico pode prescrever a bupropiona, que é vendida mediante apresentação de receita.
Contraindicações: quem não pode tomar bupropiona?
O uso da bupropiona não é indicado para pessoas enquadradas em uma (ou mais) das situações abaixo:
- Hipersensibilidade conhecida à bupropiona ou a qualquer outro componente da fórmula.
- Diagnóstico de epilepsia ou outros transtornos convulsivos.
- Diagnóstico de bulimia ou anorexia nervosa.
- Suspensão abrupta de álcool ou sedativos, incluindo benzodiazepínicos, antiepilépticos e barbitúricos.
- Uso de qualquer outro medicamento à base de bupropiona (já que a incidência de convulsões é dose-dependente).
- Uso de algum inibidor da monoaminoxidase (IMAO – as primeiras substâncias a serem usadas como antidepressivos) ou no período de 14 dias após a interrupção do tratamento com IMAO.
- Gravidez e lactação.
- Idade abaixo de 18 anos.
- Caso seu médico tenha receitado bupropiona, busque conversar detalhadamente com ele para se orientar sobre o uso desse medicamento. E se você tem algum problema prévio, notifique a ele, para saber se será possível dar continuidade – ou mesmo início – ao tratamento.
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Agora você conhece mais um medicamento que pode ajudar em diversos transtornos, especialmente com depressão, vício em nicotina e obesidade. É uma ajuda a mais para quem busca uma solução eficiente para problemas crônicos. Cabe reiterar que fazer uso de medicamentos sem o conhecimento do seu médico é perigoso para a sua vida.
Mas não se esqueça: adotar hábitos de vida saudáveis – alimentando-se bem, praticando exercícios e cuidando da mente e das emoções – é o melhor caminho para evitar uma série de doenças, complicações de saúde e, quase sempre, a necessidade de medicação a longo prazo.
