Em 1919, o cientista Albert Einstein desenvolveu uma teoria sobre a força da gravidade. Segundo ele, essa força seria capaz de criar distorções no espaço-tempo, sendo possível que um corpo de densidade muito alta estivesse escondido no Universo, por meio de um horizonte de eventos. Esse corpo é o que conhecemos como buraco negro. Naquela época, Einstein desenvolveu uma equação que descreveria a aparência desse corpo. Até o dia 10 de abril de 2019, um século depois, essa era a única teoria sobre a aparência do buraco negro.
A cientista Katherine Bouman, pesquisadora de pós-doutorado no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, estudava sobre o buraco negro há seis anos, quando ainda integrava uma turma da pós-graduação no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Ela desenvolveu um algoritmo a partir do qual seria possível fotografar esse corpo especial, mas compartilhou essa informação somente com cientistas que, junto a ela, compõem a equipe do EHT, Event Horizon Telescope (Telescópio Horizonte de Eventos).
Em abril de 2017, os dados capazes de gerar a imagem do buraco negro foram coletados pelo EHT, ainda em uma resolução menor do que a que o fenômeno exigiria.
A fotografia em questão, por causa dessa dificuldade técnica, tem uma aparência desfocada. O brilho amarelado, que circula um espaço preto e vazio, representa o que está em volta do buraco negro, já que esse corpo em si não pode ser visto. Dessa forma, a luz é o resultado do aquecimento a milhões de graus de gases espaciais que são atraídos por essa parte do espaço. Como previsto por Einstein, o buraco negro está em rotação (por isso o formato assimétrico do anel amarelado). Percebendo que a luz é mais intensa na região inferior, conforme se aproxima do(a) observador(a), e que na região superior a luz é menos intensa, cientistas determinaram que o buraco negro gira em sentido horário, como um relógio.
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Somente por essa fotografia não é possível confirmar a teoria do buraco de minhoca, desenvolvida por alguns cientistas e amplamente explorada pela ficção científica. Segundo essa teoria, o buraco negro seria um espaço por onde seria possível acessar outros universos, com realidades paralelas, como abordam séries da Netflix, como Stranger Things, The OA e Russian Doll. Nessas séries, as viagens interdimensionais permitem que os personagens vejam a si mesmos em outras dimensões tendo vidas diferentes, conhecendo outras pessoas ou acreditando em outras coisas. Como toda ficção, alguns elementos sombrios como alienígenas e versões menos simpáticas dos personagens compõem algumas das tramas.
Ainda que existam estudos sobre essa teoria, seria mais provável que ela se aplicasse ao buraco negro do sistema solar, que não é o da fotografia. O buraco negro que foi divulgado está a 55 milhões de anos-luz do planeta Terra (500 quinquilhões de quilômetros de distância), no centro da galáxia conhecida como M87. O tamanho desse corpo supera o tamanho de todo o sistema solar, tendo 40 bilhões de quilômetros de diâmetro e sendo 3 milhões de vezes maior do que a Terra.
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Imagens que serão capturadas futuramente poderão auxiliar ainda mais os estudos sobre essa parte do Universo e, quem sabe, trazer uma conclusão sobre os buracos de minhoca e, quem sabe, a comprovação da existência de multiversos.