O objetivo deste texto é ajudar você a despertar para a ideia da imensa força coletiva que existe ativamente num campo morfogenético. Acho importante considerar esse fenômeno que influencia o coletivo, considerando que vivemos num mundo dominado predominante pelo ego, o individualismo e a competição, em detrimento da cooperação.
Especificamente, campo morfogenético é uma teoria formulada pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake para explicar que padrões de atitudes individuais que se tornam hábitos pela repetição, que vão envolvendo várias pessoas e terminam se consolidando como um comportamento coletivo e, portanto uma força maior.
Assim, quanto mais gente é envolvida, mais fácil e mais rápida fica a mudança de comportamento. A palavra morfo vem da palavra grega morphe, que significa forma. Campos morfogenéticos podem ser entendidos como ordens e estruturas que dão forma a padrões de comportamentos.
Em outras palavras, é como se existisse um padrão invisível que funciona para dar ordem a um sistema de organismos vivos. Considerando que o universo é caótico na sua essência, essa função de campo promove o equilíbrio o tempo todo para unir e fortalecer sistemas.
Sheldrake exemplifica com a “organização dos cupins”. Mesmo desmanchando um cupinzeiro, alterando sua forma, os cupins, mesmo cegos, reconstroem a forma original. Sabe por que? Porque existe um campo que vai insistir em dar forma novamente.
Então, somos influenciados, sabendo ou não, por campos como sua família, seu local de trabalho, o lugar onde mora, o grupo de amigos, a escola etc.
Um campo se forma pela repetição de hábitos de seus participantes. Em termos de hábitos, uma história que eu gosto muito e que serve lustrar bem o que estou falando, é aquela experiência chamada o “centésimo macaco”.
Conta-se que, na costa do Japão, numa ilha, os cientistas estavam observando os hábitos de um bando de macacos. Depois de alguns meses de observação, aconteceu um fato incomum. Um dos macacos apanhou um coco, quebrou, tomou o líquido e comeu a polpa. Algo bastante simples para nós, mas completamente novo para o primeiro macaco.
O que ocorreu em seguida foi que, aos poucos, os demais macacos, um a um, começaram a fazer o mesmo. Mas o mais interessante ainda foi que, ao chegar ao número de cem macacos, o hábito estava adotado por todo o bando de macacos.
Por fim, o mais fascinante ainda foi o que os cientistas perceberam em outras ilhas distantes, mesmo sem qualquer comunicação: que, a partir de atingir 100 macacos na tribo pesquisada, todas as demais tribos de outras ilhas também começaram a fazer a mesma coisa. Fantástico!
Uma particularidade interessante a saber é que os campos morfogênicos não carregam energia e sim INFORMAÇÃO. Por exemplo, em experiência feita com a comunicação entre cães e seus donos, mesmo isolando a possibilidade de qualquer ligação por pensamento, telepatia ou efeito eletromagnético, veja o que aconteceu. Nessa experiência, foi utilizado um cão, que ficou sendo monitorado em vídeo em um apartamento, e seu dono, que viajava em outro país sem saber o dia de retorno.
Então, algo impressionante aconteceu, quando seu dono foi avisado pela equipe de pesquisa que o retorno ia acontecer imediatamente. Naquele mesmo instante, o cão filmado se dirigiu à porta do apartamento e ficou esperando até a chegada do dono.
Para entender de forma mais fácil o que é o campo morfogenético de Rupert Sheldrake é melhor observarmos certos exemplos da natureza, como neste vídeo do YouTube, onde um bando de aves se movimenta seguindo uma rota perfeita em sincronia como se tivesse uma orientação de ordem invisível.
O mesmo exemplo ocorre com um cardume.Há tempos, eu mesmo fiz esta experiência brincando com minha filha com um pequeno cardume. Você toca em qualquer ponto próximo deles e todos os peixes se movimentam em perfeita ordem.
Os campos, depois de formados, funcionam como uma mente maior e, assim, a força dos campos se torna maior do que a dos indivíduos. Então para mudar essa estrutura é preciso mudar o sistema como um todo.
Por exemplo, o campo morfogenético de uma laranjeira tem a mesma estrutura que os campos morfogenéticos de laranjeiras anteriores do mesmo tipo. Ou seja, os campos morfogenéticos de todos os sistemas passados se fazem presentes para sistemas semelhantes e influenciam neles de forma acumulativa através do espaço e o tempo.
Conclusão
Resumindo, por que é importante conhecer a ideia de campo morfogenético ou mórfico? Resposta: Por que a teoria dos campos está presente de várias formas (trabalho, famílias, grupos sociais etc.) e isso afeta sua vida com certeza. Então, imagine se vários grupos começassem a praticar hábitos DO BEM, quanta transformação coletiva poderíamos criar.
Por fim, sabendo disto, você pode tornar-se mais capacitado para fazer mudanças quando necessário, valorizando tanto os aspectos individuais como do seu grupo. Numa família ou numa empresa, existe um sistema maior que o sistema organizacional percebido. É o que aponta a constelação familiar ou constelação sistêmica organizacional. Isto quer dizer que, lá, já existe uma ordem invisível. E saber encaixar as peças no lugar certo é a única forma de o sistema fluir.
Você, por exemplo, pode ser um excelente profissional num cargo de uma empresa, mas se você for colocado num sistema onde pertença a uma pessoa da família não se dará bem. É como sentar duas pessoas na mesma cadeira e, neste caso, é você que precisará sair. Você terá dificuldade para ficar neste cargo. É só mais um exemplo.
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Finalizando, também, como profissional coach, posso afirmar que um processo de coaching tem maior sucesso quando é formado um consistente campo relacional entre coach e coachee. Se não formar um campo sintonizado, as demais técnicas não serão tão eficazes.