Autoconhecimento Psicanálise

Carnaval de rua: o que sobrou?

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Escrito por Ana Cerqueira

Olá, amigos do Eu Sem Fronteiras!

É um prazer estar aqui novamente nesse nosso cantinho do autoconhecimento e amor-próprio. Hoje, vou falar sobre o carnaval e vou contar o que aconteceu comigo nesse pré-carnaval no Largo da Batata em Pinheiros.

Estava eu passeando pela Teodoro Sampaio (não imaginava que o pré-carnaval chegasse perto do que eu vi) e tentando chegar ao Sesc Pinheiros. De repente, distraída, me vi no meio da multidão. E que multidão!

O calor estava tão forte que não havia quase ar para respirar. E eu não conseguia sair. Com muito sufoco fui levada (meio que a força) até o metrô Faria Lima, e adivinhem? Estava fechado por conta da quantidade de gente (não esperada) para o evento. Sufoco de novo. Enfim, respirei fundo e entrei novamente na multidão.

Cheguei ao Sesc exausta, consegui encontrar o meu marido e ficamos avaliando opções para ir embora para casa. Na fila da lanchonete, uma moça se recuperava do choro, também estava tentando sair dali e em desespero ligava para a mãe dizendo que não sabia como faria isso. Ela me disse: “Vi coisas aqui que nunca imaginei ver na minha vida, nem quero falar tudo, vi até gente bêbada jogada em cima de caco de vidro sangrando”.

E o que eu vi? Para que vocês entendam qual é o meu ponto aqui, quero lembrar como Freud separou a nossa mente. Ele a divide em consciente, pré-consciente e inconsciente.

O consciente é o local onde habita nosso ego, nosso eu. O pré-consciente seria (bem resumidamente) o campo de arquivo de informações. E o inconsciente é onde fica nosso verdadeiro eu, nossas tendências, nossos medos, desejos, culpas e também as nossas virtudes.

E se não fosse o ego, não viveríamos em sociedade. O ID é pura emoção, o Ego é a razão.

O inconsciente é como se fosse um oceano tentando entrar no consciente, que Freud definia do tamanho de casquinha de noz. Deu para imaginar o que o nosso ego sofre tendo que receber todos os dias as forças internas do inconsciente e as externas do mundo e das pessoas. Enfim, dentro do nosso inconsciente vive o ID, que é como se fosse a nossa criança interna. Essa criança é inconsequente, só quer prazer, não mede consequências e ela nunca evolui. Porque assim ela nos impulsiona a resolver e crescer.

Por exemplo, se alguém te agride, o ID se desequilibra e manda uma força para você agredir de volta. Ele traz de dentro de você a sua agressividade, e cabe ao ego aprender a elaborar e transformar essa agressividade para o bem, para por exemplo, usar no trabalho. Então, o ego está no campo da razão e ele controla todos os nossos IDs internos! E se não fosse o ego, não viveríamos em sociedade. O ID é pura emoção, o Ego é a razão.

E o que isso tem a ver com o carnaval? Percebi que o carnaval de rua hoje em dia é a liberação do ID e a fuga do ego. Vi pessoas totalmente entregues ao prazer sem pensar no amanhã. Não havia razão. Não havia o outro. Só havia emoção. E cabe a nós julgar? Claro que não. Será que faríamos diferente se estivéssemos lá? Será que estamos prontos para olhar o nosso ID com amor, receber tudo o que temos de sombras, transformar em luz e evoluir?

Qual é a parte dos pais na entrega dessa juventude ao ID? Qual a parte da sociedade? Qual a nossa parte? O que estamos valorizando na nossa vida? Será que estamos realmente focados em ser pessoas melhores, em autoconhecimento, em amor a si e ao próximo?

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Acho que tem muita coisa neste carnaval para se avaliar e pensar. É claro que tudo tem o lado bom, é claro que teve muita alegria, muita diversão, mas precisamos avaliar qual é o limite. Precisamos começar a olhar para dentro e abraçar a nossa criança interna, para que ela sirva de motivação para nós crescermos e não para deixar que ela nos domine e assim voltarmos para a era das cavernas.

Um grande abraço e até a próxima!

Sobre o autor

Ana Cerqueira

Sou Psicanalista Clínico, com especialização em Métodos de Acesso Direto ao Inconsciente. Tenho graduação em Publicidade e pós-graduação em Comunicação Digital. Sou Autora do Blog “Amor pela Psicanálise”.

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