Coaching de Bem-Estar

Carta à amiga que vai mal

Mãos brancas segurando uma carta azul.
bee32 / Getty Images / Canva Pro
Escrito por Nina Veiga

Depois de escrever uma carta à amiga que vai mal, a colunista Nina Veiga decidiu compartilhar o conteúdo acolhedor e carinhoso com mais pessoas. Dessa maneira, todos nós podemos nos motivar a ajudar quem precisa ou a sentir mais conforto perante os desafios da vida. Sendo assim, leia o artigo a seguir para cultivar as boas intenções dentro de si.

Recebi uma carta triste que dizia: “Estou muito mal de grana, muito infeliz com o fato de não estar trabalhando com o que me faz contente, ou não ter tido retorno dos lugares que mandei currículo, perdi meu seguro saúde, torci meus dois pés, quebrei meus óculos, minha máquina de costura queimou, mas estou aqui… olha só, chorando para você, não entristeça, tá?! É só desabafo. Bem não estou, mas vou indo… vai ver que tem que ser assim, ué…”

Que fazer quando as coisas vão muito mal? Como viver afirmativamente diante no infirmável? Como manter a coragem e a fé quando parece que o cotidiano foi transformado em uma tragédia? Quando nossas iniciativas não dão resultado e, dia após dia, vamos enfraquecendo e perdendo ainda mais a força e a coragem? Não sei responder, mas receber o carinho dos amigos é sempre um conforto. No entanto, para receber carinho, é preciso perder o orgulho e abrir-se.

Minha queridíssima, respondo como possível…

Tem dia que preferiria não. Que nó! Um verdadeiro tsunami. Efetivamente, tem alguma coisa que posso fazer – no concreto – para você? Como podemos começar a afrouxar essas linhas embaraçadas? Certeza temos uma: passa! Já vivemos momentos bem piores, o que não elimina o terrível momento presente. Dá vontade de dormir e esperar passar. Já passei muito perrengue assim: desemprego, doença, desamor, todos os “des” em simultâneo. Ficava, inclusive, muito doente fisicamente.

Foto de uma mulher doente, deitada na cama com uma xícara de chá ao lado.
Pavel Danilyuk / Pexels / Canva Pro

Já passei muito perrengue assim: desemprego, doença, desamor, todos os “des” em simultâneo. Ficava, inclusive, muito doente fisicamente. Aí, eu fazia um projeto superminimalista. Me restringia ao meu bairro: gasto zero. Eliminava todo o “batalhar” e ficava. Fazia tricô – muito, madrugadas de TV e tricô. Enquanto isso, dá-lhe orações, rezava de hora em hora, reclamando com a turma cerúlea de não estarem fazendo a parte deles. Dava queixa do céu. “Ô céu”, dizia eu, “só faz isso e tá fazendo mal? Cadê meu quinhão de alegria. Devolve já”. E insistia, insistia.

Ficava lá de bobeira, mergulhadona no nada, no não ter aonde ir, no não dá nada certo. Que dor. Ufa! Dói só de lembrar o acontecido. Até que – não sei como, nem quando, nem porque – passava. Passava!!! Passava tão surpreendentemente que, pensando depois, nem registrava como tinha passado. Incrível, né?

Oxalá, passe para você também. Passe tão rápido e de uma forma tão espetacular que você nem perceba como – de repente – a vida melhorou. Afinal, os problemas passarão e você passarinho… Enquanto isso, chá de nada com limão e oração-reclamação.

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Essa semana, escrevi esta carta a uma amiga que estava se sentindo muito mal. Além de se sentir, as coisas iam muito mal com ela também: trabalho, saúde, dinheiro, satisfação pessoal zero. Quando li seu desabafo, lembrei das tantas vezes em que tinha passado por momentos assim. No entanto, sempre orgulhosa, nunca recebi o conforto dos amigos, pois não me abria e quem se importava comigo não tinha chance de me ajudar.

Sobre o autor

Nina Veiga

A artemanualista e ativista delicada Nina Veiga é doutora em educação, escritora, conferencista. Sua pesquisa habita o território da casa e suas artes, na perspectiva da antroposofia da imanência. É idealizadora e coordenadora do coletivo Ativismo Delicado e das pós-graduações: Artes-Manuais para Educação, Artes-Manuais para Terapias e Artes-Manuais para o Brincar. Desenvolve trabalhos de formação de artífices e escritores. Suas oficinas associam o saber teórico-conceitual às artes-manuais como modo de existir e à escrita como produção de si e do mundo.

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