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Casa PanaPaná – A união da pedagogia Montessori e Waldorf

Escrito por Eu Sem Fronteiras

“Ajude-me a crescer, mas deixe-me ser quem eu sou” (Maria Montessori).

Essa frase é impactante quando se fala da infância. O que queremos para os nossos filhos? Que mundo deixar? O que lhes passar?

Quando se fala da infância, ao mesmo tempo em que os pais e familiares querem passar seus ensinamentos e aprendizagens para os filhos, podem também interferir na escolha deles. Por isso, é importante frequentar espaços que ajudem no desenvolvimento da criança, sem deixar de inibir sua criatividade e imaginação. Foi assim que em 2015 surgiu a Casa PanaPaná, um local para as crianças mergulharem na intensidade que é a infância.

O espaço foi criado pelas duas sócias Narjara e Andressa. Elas nos contaram um pouco sobre a proposta do local. E para quem é da região da Cidade de Santa Cruz do Sul (RS), fica o convite de conhecer este lugar. Confira a entrevista:

Eu sem Fronteiras – Me fale um pouco de vocês, onde nasceram, cresceram, formação e onde moram.
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Narjara Telöken Kipper – Sou natural de Santa Cruz do Sul (RS), onde cresci e morei com minha família até o final do ensino médio, quando fui para Florianópolis estudar. Lá cursei Naturologia Aplicada na UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina) e tive contato com diferentes filosofias e sistemas de cura, como a Antroposofia e as Medicinas Vibracionais. Após a graduação, retornei a Santa Cruz onde constitui minha família e comecei a trajetória profissional.

Para tentar entender melhor o ser humano e ajudá-lo no seu crescimento, também me dediquei à Pedagogia e encontrei na filosofia e método pedagógico Montessoriano uma proposta de vida e trabalho coerente com meus valores pessoais. Na infância, morava em uma casa com um pátio bem grande e junto com minha irmã mais velha brincávamos muito na rua, ao ar livre e em convivência com os vizinhos, primos e amigos. Também tive o privilégio de ser cuidada e amparada por minha madrinha e família, que foram muito presentes na minha infância, de forma amorosa e carinhosa.

Na casa da “dinda”, vivi muitas alegrias e as recordo como momentos significativos da infância, como a casa na árvore, as brincadeiras com bonecas, os cuidados com as plantas e jardim. Com certeza, essas experiências de vida refletiram no desejo de proporcionar à minha filha e a outras crianças vivências de infância em espaços de convívio, brincadeiras e aprendizagem, pautados em relações de respeito, amor e auxílio mútuo.

Andressa Dalla Costa Berger – Sou natural de Santo Ângelo (RS), onde cresci e vivi com meus pais e minha irmã mais velha até completar o ensino médio, em que me formei professora habilitada para séries iniciais, no antigo magistério. A minha infância foi marcada pela convivência com crianças de diferentes idades. Com meus primos, passava os finais de semana na casa dos nossos avós e as brincadeiras aconteciam em meio às galinhas, pintinhos, gatos e vacas. Corríamos no campo, subíamos em árvores e comíamos frutas do pé. No condomínio onde eu morava, as brincadeiras eram com os vizinhos. Jogávamos vôlei, caçador, pulávamos corda e brincávamos de casinha. Saí de Santo Ângelo para estudar em Santa Maria. Cursei Desenho Industrial – Habilitação em Programação Visual na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e depois de 10 anos na cidade, tive a oportunidade de vir morar em Santa Cruz. Aqui eu tive a experiência mais transformadora da minha vida, que foi a maternidade. Depois do nascimento da minha filha, voltei a me interessar pela educação infantil e me deparei com a metodologia de Maria Montessori. Encontrei no sistema de educação Montessori não só um método de ensino, mas uma filosofia de vida. Foi por esse interesse em comum, o amor e a educação das nossas filhas, que nos encontramos no Curso de Formação de Professores Montessorianos, em Florianópolis.

Eu sem Fronteiras – Vocês unem a pedagogia Montessori e a Waldorf. Por que essa união?
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Casa PanaPaná – Ao conhecermos a filosofia Montessori e, especialmente, acompanharmos a vivência prática do método, surgiu em nós um forte desejo de poder oferecer essa experiência a outras crianças, como as da nossa cidade e região.

Eu sem Fronteiras – Qual o foco do trabalho de vocês?

Casa PanaPaná – Nosso foco de trabalho é oferecer à comunidade um espaço de convívio e aprendizagens que se dão no encontro e na interação entre as pessoas, delas consigo mesmas e com o mundo. Entendemos o ser humano como um ser complexo e integral, que está sempre aprendendo e ensinando e isso ocorre, principalmente, nas relações. Através de inúmeras linguagens e formas de expressão, como a brincadeira, a arte, o movimento e a experimentação, as crianças vão construindo seus caminhos de aprendizagem e conhecimentos, capacitando-se para pensar, sentir e agir de forma mais autônoma e consciente.

É importante ressaltar que aprendemos por diferentes vias sensoriais, ao ler um livro, ouvir uma história, jogar no computador ou videogame, mas, no caso das crianças, a manipulação e experimentação são fundamentais. Maria Montessori já dizia que a inteligência passa pelas mãos, por isso, há grande necessidade das crianças manipularem materiais, criarem, inventarem, enfim, brincarem. Esses recursos podem ser variados e quanto mais próximos da natureza, melhor: peças de madeira, folhas de árvores, bonecas de algodão, argila, água. A partir desses elementos ou de jogos/brinquedos feitos com eles, a criança pode criar, testar, desafiar-se. Um exemplo disso são as Bonecas Waldorf e os materiais de desenvolvimento humano montessorianos. Quando os brinquedos ou jogos já vêm totalmente prontos, não há muito espaço para a criação e logo a criança perde o interesse e se entedia.

Essa visão do ser integral, ou seja, que somos seres biopsicossociais e espirituais, encontra sustentação em abordagens filosóficas que inspiram nosso trabalho como a Antroposofia, que guia a Pedagogia Waldorf e a Filosofia Montessoriana, que se aplica no método pedagógico montessoriano ou também denominado Pedagogia Científica. Ambas as pedagogias ampliam o olhar sobre o ser humano, ou seja, não somos apenas uma cabeça que aprende cognitivamente, somos um corpo e espírito que sente, se movimenta, se relaciona e está conectado com todo o universo numa relação de interdependência. A promoção da autoeducação, do aprender a aprender, a fazer e conviver estão presentes nessas duas propostas pedagógicas, que também ressaltam o contato da criança com a natureza e seus elementos.

Os princípios filosóficos, especialmente da Filosofia Montessoriana, guiaram a construção da nossa proposta pedagógica, bem como o planejamento e estruturação do espaço físico da Casa PanaPaná. Procuramos oferecer um ambiente preparado, sensível, aconchegante e centrado nas necessidades das crianças, onde elas se sintam livres e seguras para vivenciar e expressar todo o seu potencial inato e criativo, desenvolvendo suas capacidades e autonomia. Estar e vivenciar a Casa implica envolvimento, cuidado e participação, pois somos todos corresponsáveis pelo ambiente físico e emocional.

Eu sem Fronteiras – Quais os projetos desenvolvidos na Casa PanaPaná?
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Casa PanaPaná: Existem diferentes formas de participar da Casa PanaPaná:

Agrupada (contraturno de 6 a 9 anos): a proposta para essa turminha é a do convívio e aprendizagem, num espaço aconchegante, tranquilo e amoroso. Todos os ambientes da Casa são preparados para estimular a autonomia das crianças e o desenvolvimento de suas habilidades e potenciais criativos. A rotina inclui as atividades de vida prática e momentos de yoga e meditação, educação alimentar e educação ambiental. Também estão presentes as brincadeiras, exercícios físicos e os momentos de descanso, bem como as atividades pedagógicas mais direcionadas, como a realização do tema, pesquisas e experiências multidisciplinares. A sala Montessoriana, onde a turma desenvolverá suas atividades, conta com uma série de materiais de desenvolvimento, que são instrumentos que auxiliam a criança a construir o conhecimento, concretizando ideias abstratas.

Espaço de brincar (para crianças de 3 a 6 anos): a proposta para esse espaço é a do convívio e aprendizagem, num local inspirador e criativo, preparado para estimular a autonomia e independência das crianças. Nos encontros, os pequenos têm a oportunidade de trabalhar com artes, musicalização, dança, movimento e brincadeiras livres, além do contato com materiais montessorianos.

Nido (para crianças de 0 a 3 anos): num ambiente preparado, calmo e tranquilo, de respeito e acolhimento, os pequenos têm liberdade para explorar, experimentar e fazer pequenas escolhas. Em cada encontro, as mães/pais e seus bebês podem vivenciar a dança, a arte, a música e diversas experiências sensoriais, além de conviver com outras mães/pais e proporcionar a interação de seus bebês com outras crianças.

Oficinas e cursos livres (para toda a família): as oficinas são espaços de construção, desconstrução, transformação e renovação. Encontros e desencontros conseguem melhorar a convivência com o outro, buscando a conexão entre o pensar-sentir-agir. São atividades processuais e relacionais para o desenvolvimento do potencial criativo e da integralidade do ser. As oficinas são preparadas para diversas faixas etárias, desde crianças até adultos.

Espaço multidisciplinar: estão inseridos no nosso espaço profissionais de diversas áreas, como pedagoga, psicóloga, terapeuta holística, nutricionista, psicopedagoga e naturóloga. Esses profissionais participam de momentos da rotina da Casa e estão dispostos a orientar e atender as crianças e famílias quando necessário.

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Eu sem Fronteiras – Como os pais podem inscrever as crianças?

Casa PanaPaná – As oficinas, cursos livres e encontros de discussão também podem ser planejados para grupos de crianças, colaboradores, pais e educadores de empresas e escolas. As atividades podem acontecer nos espaços da Casa ou na sua instituição. Cada projeto é elaborado de acordo com seus objetivos e necessidades.

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As inscrições podem ser feitas pelo site www.casapanapana.com.br, por telefone (51) 2109-6000 ou diretamente na Casa PanaPaná, na Rua Rio de Janeiro, 245, Higienópolis, Santa Cruz do Sul.

É um convite aberto a todos, crianças e adultos, de experimentarem novas formas de se relacionar, conviver e aprender, no caminho da paz e do bem.


Entrevista realizada por Angelica Weise da Equipe Eu Sem Fronteiras.

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