Saúde Integral

Cegueira Infantil: Foto tirada pelo celular pode preveni-la

Escrito por Eu Sem Fronteiras
A cada 5 segundos, uma pessoa se torna cega no mundo. Sim, você não leu errado. Esse é um dado da Vision 2020, que nada mais é do que uma iniciativa global criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de eliminar a cegueira evitável até 2020.

Isso porque, segundo a própria OMS, 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados se houvessem mais ações de prevenção e tratamento. Ou seja, se desde o começo da vida nascesse também a preocupação e o cuidado com a visão, muitas pessoas que hoje convivem com a doença poderiam ter uma história completamente diferente.

E é aí que entra em cena a cegueira infantil.

Cegueira infantil

Menino com um dos olhos tampado e óculos laranja

No mundo, a estimativa é de que existam 1,4 milhão de crianças cegas e que a cada ano surjam quinhentos mil novos casos. Essa pesquisa foi divulgada pelo Lions Club International Foundation e acaba servindo de norte para o Projeto de Erradicação da Cegueira Infantil da instituição, que possui parceria com a Organização Mundial da Saúde.

Além desse dado, o estudo afirma que dos novos casos que surgem, 50% das crianças acabam morrendo. Muitas dessas doenças que causam a cegueira infantil poderiam ser prevenidas, curadas e até mesmo erradicadas.

Cegueira infantil no Brasil e suas causas

De acordo com uma estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o Brasil tem mais de 33 mil crianças cegas e 83 mil com baixa visão, sendo que desse total, eles afirmam que metade dos casos foram causados por doenças evitáveis.

Entre as preveníveis nos deparamos com a rubéola, deficiência de vitamina A e toxoplasmose. Entre as tratáveis, a retinopatia da prematuridade, catarata e glaucoma.

Cuidados feitos no pré-natal, uma constante observação e exames ainda na infância podem eliminar essas causas.

Teste do olhinho

A primeira forma de triagem para saber se existem doenças oftalmológicas nas crianças é o “teste do olhinho”. O teste é feito com um instrumento chamado oftalmoscópio, que possui uma luz que atravessa córnea, pupila, cristalino e o corpo vítreo do olho. Ele reflete-se na retina sem causar qualquer problema ou dano aos olhos do bebê.

Apesar de ser um teste de baixo custo, ele só é obrigatório no Distrito Federal e em mais 16 dos 26 estados brasileiros. E é aí que está um dos grandes obstáculos para os médicos.

Usando o procedimento do “teste do olhinho” é possível checar a presença de glaucoma, catarata, tumor no olho (retinoblastoma) ou a retinopatia da prematuridade, doenças congênitas que correspondem a 70% dos casos de perda de visão ainda na infância.

Mas, como ajudar pessoas que moram nos estados em que o teste não é obrigatório ou aquelas que não têm plano de saúde? Como fazer com que mais famílias tenham acesso às informações? Tirando uma foto pelo celular!

“Uma foto pelo celular?”, Você pode estar se perguntando. Sim, nós reforçamos e te explicamos.

Acontece que agora, os pais podem fotografar os olhinhos de seus bebês com o celular e encaminhar para um especialista do serviço oftalmológico mais próximo credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Para realizar isso, basta a mãe, o pai ou responsável segurar a cabeça do bebê e abrir as pálpebras de um olho. Depois, fazer o mesmo procedimento com o outro. A foto deve ser tirada com flash em um quarto mais escuro, posicionando o celular a uma distância de 30 centímetros do olho do bebê.

Se o reflexo da foto for esbranquiçado ou acabar apresentando algum desvio, a criança tem que ser levada para uma consulta oftalmológica. O ideal é que o reflexo seja vermelho e contínuo, o que indica que as estruturas oculares estão boas.

Essa é uma maneira nova de realizar um procedimento que deveria ser obrigatório em todos os estados brasileiros. Mas, como não acontece dessa forma, os oftalmologistas tentam ao máximo conscientizar e oferecer ferramentas que possam fortalecer os esforços que eles fazem constantemente, em especial durante o período de Abril Marrom.

Abril Marrom

Menina loira fazendo exame de vista

Abril Marrom é o mês da Prevenção e Combate às Diversas Espécies de Cegueira. Criada em 2016, a campanha mobiliza toda a comunidade oftalmológica e tem como objetivo conscientizar a população a respeito da prevenção, do diagnóstico, do tratamento precoce e da reabilitação da cegueira.

O projeto normalmente oferece palestras ministradas por especialistas e testes de acuidade, sempre focando em levar informação para o máximo de pessoas possíveis.

Uma curiosidade é que a cor marrom foi escolhida por ser a cor da íris da maior parte dos brasileiros.

Doenças oculares na infância

Catarata

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a catarata é a maior causa de perda da visão ainda na infância. O ideal é a criança ser operada ainda nos primeiros meses de vida, mas em muitos casos elas só são diagnosticadas mais tarde.

Apesar de congênita, nem sempre a catarata vai afetar os dois olhos. A doença normalmente está relacionada a outras doenças infecciosas como rubéola, toxoplasmose e outras contraídas pela mãe na gestação.

É importante reforçar que se diagnosticados, os bebês com catarata devem ser avaliados sempre por um médico especializado tanto na avaliação quanto no tratamento de todos os tipos de distúrbios. (oftalmologista).

Criança fazendo exame de vista

Glaucoma infantil

Você já deve ter escutado falar em glaucoma, certo?! Mas e em glaucoma infantil? O glaucoma nessa época primária da vida possui características semelhantes ao do glaucoma da fase adulta: aumento da pressão interna dos olhos e lesões no nervo óptico.

Uma diferença que há entre os dois é que no glaucoma infantil os olhos afetados podem aumentar de tamanho, porque a esclera e a córnea distendem por conta do aumento da pressão intraocular. Além disso, a córnea às vezes fica turva e o bebê pode sofrer lacrimejamento e dores.

É preciso ficar atento e tratar o mais rápido possível caso seja identificado. Do contrário, a turvação da córnea pode progredir e o nervo óptico danificar, ocorrendo a cegueira.

Retinopatia da prematuridade

A retinopatia da prematuridade é uma doença em ascensão na infância.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz, a doença atinge 30% dos bebês prematuros e tem como característica o crescimento de vasos na retina que podem provocar seu deslocamento. A retinopatia é prevalente entre os nascidos com menos de 1.500 gramas ou antes da 32ª semana.

A melhor forma de tratamento é a aplicação de laser de argônio ou diodo que coagula os vasos sob anestesia local.


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