CAPÍTULO 52 – DÊ ÀS PESSOAS A SENSAÇÃO DE GANHO!
Para que ganhar tanto e sempre sobre tudo e sobre todos? Qual a graça em ser imbatível? No começo das disputas, ganhar e ganhar é muito bom, mas sempre chega a hora do tédio do ganhar sempre, agravado pelo fato de que surge a falta de adversários e, sem eles, com quem disputar e de quem ganhar?
Não seja o(a) chato(a) que sempre tem razão e impõe seus pontos de vista aos demais! Chega uma hora que ninguém aguenta mais e a rejeição é tiro e queda! Pense bem: você precisa ganhar todas as discussões? TODAS? Então, por que não ceder um pouco aqui e outro tantinho ali e deixar as pessoas felizes porque obtiveram algum tipo de ganho?
Não se trata de algum comportamento manipulativo ou demagogia barata, ordinária! É um comportamento dos longos protocolos da sobrevivência nas sociedades complexas, em que pipocam os egos e dançam, alucinadas e sem medidas, as vaidades de todos os tamanhos. Transitar por esses cenários que mais parecem teatro do absurdo, misturado com as convulsões do nonsense, é uma situação que requer perícia e intensa compreensão das zonas sem cor e das zonas cinzentas da alma humana.
Faça a diferença na vida das pessoas (algumas, pelo menos) cedendo apenas o necessário para que elas possam experimentar o doce sabor do ganhar e, quem sabe, para elas seja a redenção de que precisem para realmente ganhar em outras curvas e caminhos da vida!
O Armando “Manivela” era o dono e o técnico do time de futebol do Baependi Futebol Clube da minha infância no bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro. A bola também era dele, assim como os meiões, os calções e as camisas do time. Tudo era dele, menos as traves do gol no campinho exclusivo no Aterro do Flamengo e as chuteiras dos craques. Também era dele a sabedoria que empregava nos seus estratagemas para vencer os arquirrivais da rua Ipiranga e da Praça São Salvador, para quem nem no mais distraído pensamento era aceitável perder!
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De vez em quando, ele orientava o time para facilitar um pouco a vitória no primeiro tempo do jogo de um ou outro adversário, sempre dizendo: “Vamo deixá os cara pensá que estão com a bola cheia! Aí, eles ficam contentes e não endurecem pra cima de nóis quando o bicho pega e a gente precisa ir prás cabeças! Ni nóis ninguém amunta! Vamo dá o mio pros pinto e na hora agá vamo ganhá do galo e assar as penosas!” Eu sempre ria desse discurso e hoje entendo o ardil daquela estratégica cabeça, o grande Armando Manivela!
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