Capitulo 17 – RESPEITE O “TIMING” DA OUTRA PESSOA!
Meu amigo Batatinha, cujo alegre mas frágil coração fez a indesculpável molecagem de levá-lo dessa dimensão, sempre dizia: “Cada um com seu cada um e cada dois no tempo de cada um!” Nunca entendi direito o que ele queria dizer, uma vez que a frase me parecia mais uma do seu imenso repertório de chistes e “tiradas” bem-humoradas. Entendi muito tempo depois, porém no exato instante em que esse aprendizado se fazia necessário. E aí, comecei a complicar menos as minhas relações com as pessoas e, enfim, livrá-las da minha pressa e da minha ansiedade.
Cada pessoa tem sua noção de tempo/espaço e não dá a mínima para tempos padrões, hora certa para isso e para aquilo, e que a Vida não espera que anda devagar, sem pressa. Cada pessoa deve ser deixada na sua velocidade de cruzeiro, já que cada pessoa gosta de apreciar a paisagem através das janelas que escolhe abrir e manter abertas. Cada pessoa tem sua noção de velocidade, para umas, superior à da luz, contrariando as leis da Física e, para outras, irritando as mesmas leis, tamanha é a falta de velocidade. E devem ser assim deixadas por quem as queira bem, que as ame em todas as suas infinitas formas!
Examine com muita atenção o ritmo e a velocidade impressas no andamento das vidas dos seus mais próximos, e entenderá que há encanto e magia na forma pela qual cada um regula a sua caixa de marchas e segue pelos caminhos e descaminhos da vida, tanto quanto o fazem aqueles que são muito diferentes: deixadas em paz, todas as pessoas serão felizes!
Seja uma enorme e doce diferença na vida dos seus considerados, principalmente daqueles com quem divida a mesa, teto, leito e feijão, deixando-as em paz.
Um casal de amigos tinha algumas diferenças entre lençóis: um deles, muito apressado, parecia adolescente temendo a chegada da mãe antes da hora habitual, quando das primeiras incursões pelo mundo das fervuras hormonais, e o outro lento que nem o tempo que se passa do lado de fora da porta do banheiro, quando se está numa emergência: só dava encrenca. Então resolveram trocar, seguindo os conselhos de um terapeuta, e aí que foi um horror!
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O lento não conseguia manter a velocidade desejada pelo outro e o apressadinho queimava os freios muito antes da primeira tomada de curva! E de descompasso em descompasso, frenagens na hora de pisar fundo, e pisadas de acelerador quando era mesmo necessária uma redução de marcha e puxar o freio de mão até que as leis da inércia desistissem, e fossem buscar outros planetas para atormentar, a coisa quase que acabou em separação. Até que um amigo daqueles que chega sempre na hora certa, ali pelas alturas dos 44 minutos do segundo tempo, lhes chama a atenção: o melhor, o mais sensato e banhado pelas purezas e sabores das emoções, regendo soberanas todas as leis do universo, é cada no seu tempo, buscando outra dimensão temporal, na qual ora é a vez de um, ora é a vez do outro e uma hora é a vez dos dois, questão de tempo e cavalgadas nas dobras do espaço criado.
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