Capítulo 99 – CRIANÇAS SÓ QUEREM SER TRATADAS COMO CRIANÇAS!
E se você respeitar essa condição básica fará uma ALEGRE diferença na vida delas, já tão cheia de medos, ameaças, fantasmas e monstros de cara feia escondidos debaixo da cama e dentro dos armários, além das terríveis injeções e da obrigação de ter que gostar de jiló e quiabo, ir para escolas de musiquinhas bobocas e paredes pintadas com seres estranhos… e gente berrando NÃO!
Crianças sabiamente se agarram aos dias da melhor fase das suas vidas e querem apenas brincar e se divertir e não têm a menor compreensão do mundo adulto porque, felizmente para elas, até suspeito que não enxerguem o cinza e apenas as cores vivas.
As crianças precisam ser tratadas como crianças e aos adultos compete aproveitar todas as oportunidades e mergulhar fundo no mundo de cada uma delas, para resgatar algumas levezas da vida e descobrir as rotas para conexão com elas e, assim intensificar a comunicação.
Faça a ALEGRE diferença na vida das crianças deixando-as em paz nos seus mundos e evitando hostiliza-las com o azedume que insistimos em chamar de “educação” e utilizando a inteligência ainda pura delas para que, aí sim, sejam educadas de forma sadia para uma vida sadia, sem ameaças, castigos físicos, gritos histéricos e expressões faciais apopléticas.
A pedagogia da amorosidade está muito além das práticas medievais de alguns modelos culturais e de teorizações impregnadas de bobagens que tentam mascarar as grades com que pretendem criar todos os tipos de prisões.
Essa pedagogia, que não requer graduação, mestrados e doutorados, pode ser aprendida com os nossos índios que ainda não foram socializados (sorte deles…): criança é ser sagrado, criança só quer brincar, criança aprende tudo que lhe for ensinado com doçuras…e crianças precisam levar uns piparotes de vez em quando para que não excedam os limites do mundo que as quer felizes.
Meus amigos Daniel e Juliana, têm dois belos filhos: o Gabriel, o “inventor do salto enético” (uma sacada que ele teve jogando videogame) e a Maitê, um serzinho que certamente através dela falam os mais iluminados espíritos.
Fofíssima, a Maitê em seus quatro anos diz que cuida do Caco (um cachorro imenso) e que conta histórias para suas bonecas de cabelos desgrenhados, e segue iluminando o mundo com sua boniteza e comentários desconcertantes.
Um desses comentários foi disparado para sua avó Diná, que insistia em dizer que ela deveria se comportar, calçar o tênis, arrumar o quarto, para que crescesse e ficasse “uma mocinha e depois um moçona, bonita como a mãe Jú e a tia Cris (gêmeas univitelinas)”. A resposta da Maitê: “E quem disse que eu quero crescer? Adoro ser criança!”
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