Capítulo 97 – ENTRE EM SINTONIA COM OS ADOLESCENTES DIVIRTA-SE!
Adolescentes nos dão duas opções: vontade de enforcá-los em cerimônia pública ou amá-los incondicionalmente no espaço restrito de nossas casas! São seres que bem merecem ser estudados e compreendidos, muito antes de pensarmos naquelas torturas dos porões dos castelos medievais, e para conquistá-los, é imperativo que sejamos entendidos por eles como uma diferença SINISTRA (na linguagem deles, que pode ser também “maneira”).
Como ser a tal diferença sinistra na turminha adolescente? O assunto é delicado e já motivou toneladas de papel impresso a respeito e sobre ele não há unanimidade, mas ainda cabe uma sugestão singela: “entre na deles” e evite ser mais um dos algozes em sua existência mal saída da infância e assustada com as ameaças e incertezas da vida adulta. Converse muito, troque umas ideias, por mais estapafúrdias que algumas delas sejam, ouça os pontos de vista dos adolescentes sob o prisma deles e não pelos impacientes filtros da razão adulta. Ensine o que precisa que eles saibam por via de metáforas, histórias, reflexões sobre passagens da vida adulta em todos os cenários possíveis e, se der, por meio de descobertas que eles mesmos farão e o convívio será menos tenso, e porque não dizer, até mesmo divertido.
A diferença está em ser referência e não ameaça, amigo(a) e não algoz, motivador(a) e não juiz(a) de maus bofes e raiva de tudo que não cheire à naftalina. A diferença com os adolescentes está também em ser capaz de retornar à fase adolescente que todos tivemos e, dela, trazer de volta a finita (que pena!) capacidade de achar a vida adulta muito sem sentido…
Ouvi de um menor transgressor, numa entidade ligada à socialização dos adolescentes que cometem ilícitos, depois de cerca de um ano de convívio, no qual aconteceram muitas conversas, uma frase dita com serenidade e maturidade (inesperadas, ambas!): “Olha tiozinho, nunca me deixaram dizer onde doía dentro de mim e só me bateram porque eu berrava de dor e entendiam que minha cara feia era uma ameaça para eles! E se dizem educadores! Nunca entenderam que minha dor maior era ter deixado minha mãe máus (sic), porque eu só queria uma grana para zoar (sic) com as mina (sic) nos fins de semana e aí fui fazer umas entregas de doce (sic)!”
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Foram longas conversas, também com vários profissionais da saúde emocional, durante as quais ele foi ouvido e nunca ouviu uma ameaça ou censura, até que o adolescente passou a rir muito com as piadas que ele mesmo fazia de tudo e se libertou das dores do passado. Hoje, aos 20 anos, é redator “freelance” de artistas da linha “stand-up show” e nós, os “tiozinhos”e as “tiazinhas” dessa fase nos sentimos gratificados por ele nos ter ensinado que, com os de coração puro e lavado, o peso é suave e não há julgo.