Capítulo 88 – O SILÊNCIO CÚMPLICE PODE SER O MELHOR NOS MOMENTOS DOLOROSOS!
É preciso muita sabedoria, a par de imensa amorosidade por uma pessoa, para que se opte pelo silêncio cúmplice, por isso íntimo e engajado, quando ela passa por momentos dolorosos, sejam de que gênero forem. Nesses momentos, o que menos uma pessoa suporta é a censura ou os comentários até bem intencionados, que apenas contribuem para intensificar as dores e os sofrimentos que vêm juntos. A censura, nesses casos, dilacera e os comentários são como lixas de grãos duros que maltratam os sentimentos.
Você pode fazer uma ABENÇOADA diferença para a pessoa se apenas se mantiver calado(a), deixando que dos seus olhos e atitudes vaze o reiterar de uma grande amizade, que prefere, da sua parte, sofrer muito com o esforço do silêncio a ter que pesar com a impropriedade do que seria dito. Esse silêncio cúmplice pode ser o último refúgio para uma pessoa e sua decorrência natural é que encontre a paz de que precisa para pelo menos recuperar a lucidez e, assim, entender o que precisa ser feito.
Faça essa diferença na vida das pessoas em trânsito por momentos diferentes: fique quieto(a), em silêncio respeitoso, deixe-as em paz e que se verguem sob o peso da dor própria e não com o acrescimento de dores acrescentadas pela inadequação das críticas e comentários impertinentes.
Certa vez, após mais de seis horas de proximidade, sentados no mesmo banco de uma delegacia de polícia, eu e uma pessoa a quem não conhecia, trocamos algumas frases protocolares, em torno do que nos era comum naquele momento: ambos éramos amigos de um terceiro, naquele momento detido sob a acusação de posse de drogas pesadas. Nós estávamos lá desde o começo da madrugada, porque sabíamos, segundo apuramos na conversa numa padaria próxima, que o amigo detido estava mesmo em maus lençóis.
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Além de consumir drogas de todos os tipos, ele as revendia pelos bares da zona boêmia de São Paulo, o que era sabido por nós e muitas vezes objeto de conversas duras, nas quais tentávamos ajudar o então detido a sair desse mundo cruel. Infelizmente, nossos esforços resultaram em vão e o amigo comum aos dois mais e mais seguiu ladeira abaixo no tenebroso mundo das drogas. Ao término das palavras protocolares de início e da conversa junto ao balcão da padaria, nós percebemos que tínhamos o propósito de, assim que ele fosse liberado da delegacia e quando retornasse à sua casa, estarmos próximos dele, mas não o suficiente para falar qualquer coisa, porém ao alcance de um pedido de socorro ou para tentar ajudá-lo a se levantar em seguida às quedas que fatalmente viriam a acontecer.
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