CAPÍTULO 67 – DOME SEU EGO!
Não sei se é excesso de piração minha, além do que se admite como compreensíveis surtos da cabeça de um escritor, mas às vezes penso que o Universo é grande da forma que é, com seus quintilhões de estrelas espalhadas em bilhões de galáxias e muito espaço vazio entre elas, tudo isso é tamanho apenas para caber o ego dos habitantes de um insignificante pontinho azul! Sério mesmo!
Cada pessoa guarda em si um ego que ultrapassa qualquer limite ditado pelo razoável e cada pessoa ainda quer mais dos seus “big bangs”… e acaba se tornando um buraco negro engolindo o ego das demais!
É espantoso o pipocar de egos numa arena imaginária que se forma assim que duas ou mais pessoas começam a conversar (ou algo parecido com…)! Não demora, eis que uma dá tudo de si para se mostrar mais importante e central que moça pelada no topo do mastro do principal carro alegórico de uma escola de samba!
Dizem, à boca pequena e cruel, que ninguém se acha menos que o melhor amante, o melhor motorista e menos que dono da maior verdade, e isso parece ser verdade quando uma pessoa solta o seu maior demônio interno:
um ego que espera brilhar mais que a primeira luz da criação do Universo! A outra, a interlocutora, não hesita um “quasenadésimo” de segundo para acender a pira da sua vaidade e nela fazer bailar um ego que não admite a existência de outro, quanto mais um ego mais brilhante.
Faça uma diferença na vida das pessoas, sobretudo das inteligentes e sensíveis, evitando ceder ao impulso de querer mostrar ser mais tudo que os demais.
Deixe que o brilho da sua presença natural e atraente seja o cálido abraço protetor que todos esperam.
Mantenha sua vaidade sob o controle feroz da inteligência e fuja das trombadas de ego, das quais todos saem feridos.
Rapidinho, porque o espaço é como ego domado, portanto pequenino mas intenso em termos de conteúdos e aí vão uns bons sinalizadores de que o ego está desabrochando como quadris de passista assim que a percussão enche os ares!
O mais comum é quando a pessoa decide entrar na roda de que “o meu é maior que o seu” ou na roda do “faço melhor que os virtuoses fazem”.
Logo depois vem a esgrima de “o meu é melhor que o seu”, irmão siamês do jogo estúpido do “posso mais que todos podem”, com alguns mergulhos na autovalorização do poder sem limites como “sempre compro mais barato e vendo mais caro” e – previsível… é só uma questão de tempo e idade – “eu fiz e aconteci mais que todo mundo” e, já bem no final da vida, vem aquele ego já perdido e assustado com a parte que cabe a todos no latifúndio: “a minha dor é a mais forte do mundo” e a “minha operação de unha encravada motivou espantos no coração de todos os cirurgiões do planeta”.
Vinícius de Moraes e Baden Powell, geniais e definitivos na música popular brasileira da mais alta qualidade, descreveram muito bem esses egos encardidos logo nos primeiros versos de “Canto de Ossanha”:
“O homem que diz “dou” não dá… Porque quem dá mesmo não diz… O homem que diz “vou” não vai… Porque quando foi já não quis… O homem que diz “sou” não é… Porque quem é mesmo é “não sou”… O homem que diz “estou” não está… Porque ninguém está quando quer…
Você também pode gostar
Continue acompanhando a série: