Tome muito cuidado ao notar mudanças no peso das pessoas, seja para mais, seja para menos. Além de péssimo gosto, uma grosseria das mais baixas, referir-se ao peso da outra pessoa sem ter a menor ideia dos porquês, pode ser cortante como insulto vindo de boca amada!
Ao encontrar alguém que tenha acrescentado ou perdido peso corporal, cuidado para o que venha a dizer. Na medida em que, a despeito da sua mais natural decisão de agradar ou ser minimamente gentil, pode ser que o tiro saia pela culatra e aí a porca torce o rabo, como diziam os antigos.
Contenha os seus impulsos e comportamento construídos no seu inconsciente pelo marketing das barbies e dos guerreiros de Esparta, uns com corpos de famélicos zumbis dos filmes classe C e outros com músculos que mais lembram os peitorais dos centuriões romanos, desenhados em couro e deslumbrantes aos olhos de donzelas e suspirantes senhoras entediadas com seus eunucos. Contenha os impulsos que levam aos comentários “Nossa! Como você está gordo(a)!” ou “Como você afinou, foi regime?”
As regras de boas maneiras e respeito ao próximo determinam claramente que é preciso evitar os arames farpados da expressão verbal, quais sejam aquelas palavras que cortam e magoam demais as pessoas. É preciso que se saiba, antes, as razões pelas quais a pessoa à nossa frente chegou a acrescentar ou a perder um volume expressivo de peso.
Sempre sabendo que, no transcorrer da conversa, as pessoas deixem “escapar” as razões do sucedido com seus corpos e aí é que entra o comentário pautado pela educação e pelo respeito. Faça a diferença na vida das pessoas não se alinhando ao imenso exército dos desavisados, desatentos e impulsivos comentários, que, em comum, têm apenas duas coisas: a sua rascante grosseria e a capacidade de magoar.
Minha distante amiga Glória, que sempre me dava uma providencial “cola” nas provas de matemática, nos anos do Colégio Estadual Amaro Cavalcanti, no estreito Largo do Machado, zona sul do Rio de Janeiro, andava sempre com um laudo do endocrinologista em sua bolsa, para exibir àqueles e àquelas que lhe sugeriam regimes, diante da sua obesidade, sendo que o referido laudo descrevia um devastador desequilíbrio hormonal, regido por uma cruel glândula tireoide.
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Era a sua defesa contra os ataques que sofria das pessoas e suas línguas peçonhentas. Nunca mais vi a Glorinha, mas espero que tenha sobrevivido às hordas de bárbaros que teria que enfrentar todos os dias em sua vida.
Já o Biafra, amigo da mesma época, magro que nem “salário do meu pai”, segundo suas próprias palavras, derivadas de um nível de bom humor dos mais iluminados, realmente era magro! Seu apelido representava bem o seu perfil físico, mas ele gostava mesmo era de dizer que, na chuva não se molhava, porque ia desviando dos seus pingos aqui e ali e todos nós riamos muito. Na verdade, ríamos mais ainda quando o Biafra, diante de um dos mal-educados, dizia que sua magreza se devia a uma doença infectocontagiosa, que se transmitia pelo contato físico… e apertava as duas mãos do sujeito!