Capítulo 33 – NÃO REPLIQUE …SEMPRE!
Diz-se que “é melhor dar um dedo para não entrar numa discussão e a mão inteira para não sair dela!”, o que é uma bobagem sem tamanho! Pensam e agem assim as pessoas que defendem a tese de “não levar desaforos para casa” ou “não engolir sapos”, o que é um direito, o da escolha, mas que não podem ser citadas como luminares da sabedoria e da perícia da convivência.
Replicar pelo ato em si e não pelo imperativo da necessidade advinda da discussão é mais um hábito que uma atitude inteligente, o que sempre faz ocorrer o agravamento das tensões e da discordância, indo progressivamente para a troca de agressões de todo tipo.
Réplica e tréplica são práticas sadias de uma espécie de maiêutica simplificada, visto que podem colaborar para se chegar ao senso comum e, quanto mais não seja, ao aprendizado que se deve atentar para a opinião do interlocutor.
Replicar por impulso é um horror, porque a opinião vem encharcada de hormônios da reatividade, dentre eles a poderosa adrenalina, e não pela têmpera suave e forte do raciocínio. E a réplica impulsiva só faz diferença…para pior!
É muito saudável que se opte pelo silêncio para pensar, em lugar da réplica para atingir o outro. Há uma diferença para a pessoa com quem conversamos e para nós também, a chamada diferença entre água fresquinha do riacho da montanha e a água fervente: a temperatura pode serenar ou machucar as pessoas.
O hábito de jogar xadrez salvou a relação de um casal de bons amigos, ambos com seus títulos de doutorado e debatedores eméritos, desde os tempos da militância política dos ardores dos tempos universitários.
As discussões de ambos pareciam mesmo um teste da qualidade dos tímpanos e de todo o mecanismo do ouvido interno, pela velocidade e pelo volume da enxurrada de argumentos!
Evidente que, ao término dessas discussões, restava apenas um clima de fim de noite em baile de muito álcool e pouca dança, quando não era de gelar até ardores de adolescentes…depois do baile!
Então, inteligentes, resolveram que um falaria e o outro ouviria sem interromper enquanto durasse o tempo de um cronômetro de marcação aleatória até 10 minutos: uma vez acionado, ele ou ela soltava os seus demônios e o outro ouviria, sem saber se o falador teria três, cinco, nove minutos; então o cronômetro apitava e começava a vez do outro… Aprenderam com o marcador de tempo dos jogos de xadrez, ocasião em que apenas pensavam e jogavam e não discutiam asperezas sem sentido. Com o repetir da experiência, aprenderam o real significado deste ditado popular: “Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha!” Você se lembra? Não se lembra? Nossa…
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